28 abril 2011

O país descansa, finalmente!


Agora que José Sócrates divulgou o seu programa eleitoral, já sabemos o que ele fará se for eleito: exactamente o contrário.

A solidariedade é um valor eterno!


Com ele é que a minha desceu só, assim, um bocadinho...

26 abril 2011

"Síria para idiotas"


Um problema de saúde de um familiar próximo tem-se reflectido na minha disponibilidade para vir até aqui. Espero retomar o ritmo dentro desta semana. Mas, até lá, deixo um novo texto que me foi enviado por Luís Dolhnikoff:

SÍRIA PARA IDIOTAS

1.

Mário Vargas Llosa, se não me engano, criou outrora, se não me engano novamente, a expressão “perfeito idiota latino-americano” para se referir, bem, a um perfeito idiota latino-americano. Existem sujeitos perfeitamente idiotas em outras paragens, obviamente. Mas o perfeito idiota alheio não é perfeitamente igual ao perfeito idiota local. Este tem algumas particularidades, por exemplo, ser “de esquerda”, o que por aqui significa, como regra, se posicionar de maneira perfeitamente idiota, a partir de argumentos idealmente idiotas, sobre tudo aquilo sobre o qual se posiciona. Se idiotas não pensam bem, idiotas perfeitos pensam muito mal. Já o perfeito idiota latino-americano pensa perfeitamente mal.

Faço essa pequena digressão inicial para retomar a discussão sobre as atuais revoltas árabes, depois das manifestações perfeitamente idiotas de muitos luminares da esquerda latino-americana sobre a ajuda militar da OTAN aos rebeldes líbios, e antes de discutir a possível ajuda aos rebeldes sírios.

O líder supremo dos idiotas latino-americanos, Fidel Castro, assim que começaram os protestos na Líbia, ou seja, antes de a ONU votar a ajuda aos rebeldes, prenunciou e anunciou que não havia revolta na Líbia, mas uma manobra de propaganda das potências ocidentais a fim de preparar a invasão do país pela OTAN. E não é que, pouco depois, forças da OTAN começaram a bombardear a Líbia? Logo, Fidel estava certo... Ao menos segundo outros perfeitos idiotas latino-americanos, como Hugo Cháves.

A realidade, obviamente, é diferente, apesar das aparências. Todo mundo, incluindo os países da Liga Árabe e da União Africana, pediu alguma ação militar para proteger os civis líbios das forças de Kadafi, a começar de uma zona de exclusão aérea.

Quando essa hipótese se tornou uma resolução da ONU, os fatos e as discussões haviam avançado no sentido de constatar que Kadafi não fazia uso apenas de aviões para bombardear os civis, mas também de artilharia de terra. Logo, a exclusão aérea, impedindo a aviação militar de Kadafi de decolar, não impediria os massacres, pois não impediria a artilharia de terra de atirar. E como a zona de exclusão aérea implicaria na utilização de aviação militar, fazia mais sentido aprovar uma resolução mais abrangente, que incluísse o bombardeio das forças de terra de Kadafi. Isso foi feito. Foi também quando recomeçou a gritaria dos perfeitos idiotas latino-americanos, incluindo muitos representantes do governo brasileiro, de que se queria promover a “troca de governo” etc., para não falar de argumentos ainda mais perfeitamente idiotas. Por exemplo: no Bahrein havia igualmente repressão, mas não havia bombardeio da OTAN. Corolário: já que o governo do Bahrein “podia” matar barenitas, o governo líbio também deveria poder matar líbios...

Eis que emerge o caso sírio. Os perfeitos idiotas latino-americanos estão no momento cheios de dúvidas perfeitamente idiotas, pois é difícil negar que o governo sírio esteja massacrando sua população. As cobranças por uma ação à maneira Líbia já começam a aparecer na imprensa mundial. Se se intervém para tentar proteger os rebeldes líbios, por que não os sírios? Um homem (e mesmo uma mulher) “de esquerda” deveria apoiar uma possível intervenção, ou deve considerá-la uma ação neocolonialista? Neste caso, os mortos sírios são todos falsos, artefatos da propaganda ocidental, como clama o governo sírio, ou pró-ocidentais que devem mesmo ser coibidos pelo governo sírio, glorioso inimigo de Israel e não menos glorioso aliado do “resistente” Irã, para não falar dos gloriosos grupos da “resistência” palestina, como o Hamas?

É tudo complicado demais até para mentes imperfeitamente idiotas.

Mas ouso tentar ajudar. Não porque eu não seja idiota, mas porque não consigo ser perfeito em nada, o que inclui minha possível ou provável idiotia.

2.

A Síria é governada por um partido-irmão do falecido partido do falecido líder iraquiano, Saddam Hussein. Trata-se do velho Baath. O Baath não tem quaisquer credenciais democráticas, mas isso não tiraria o sono de ninguém que seja espertamente “de esquerda”. Portanto, pretendo discutir aqui outro aspecto da ditadura síria.

Pois ela tem um caráter duplo. De um lado, se baseia numa estrutura de partido único terceiro-mundista, ou seja, numa oligarquia corrupta apoiada num imenso aparato de segurança e na opressão política. Mas por outro lado, ela sobrepõe a isso o fato de ser também sectária. Pois o aparato do partido único, assim como o de segurança, para não falar dos principais mecanismos econômicos, no caso sírio estão concentrados nas mãos de uma minoria religiosa, os alauítas, que não passam de uma seita xiita. Em suma, a Síria é um grande e poderoso país árabe sunita governado despoticamente pela minoria xiita.

A queda do governo de Bashar Assad, portanto, implicaria na queda da minoria alauíta-xiita, e na subida ao poder da maioria sunita. As consequências podem ser resumidas em duas palavras: guerra civil.

Mas não uma guerra civil “qualquer”, como a atual que empata a Líbia. Pois a Síria não é a Líbia.

A Síria, ao lado da Arábia Saudita, é o principal país árabe e sunita, em termos históricos, o país onde fica uma das mais importantes cidades sunitas e árabes depois da própria Meca e de Bagdá, Damasco. Por isso, a Síria sempre esteve no centro das preocupações dos fundamentalistas islâmicos. Como escrevi há pouco, em fevereiro de 1982, o exército sírio cercou com tanques a pequena cidade de Hama, selando-a, enquanto a aviação pulverizava tudo e todos que ali se encontravam, de casas a cães e bebês, passando por homens, mulheres e crianças. Foi o (anti)clímax de uma revolta islâmica liderada pela Irmandade Muçulmana síria, iniciada em 1976. Os números de mortos variam entre 10 mil e 30 mil, com algumas estimativas chegando a falar em 80 mil. O que não se discute é ter sido o evento de Hama o maior massacre pontual praticado por um governo árabe contra seu próprio povo na história recente.

Afinando porém a última afirmação, tratou-se de um massacre sunita praticado por um governo xiita. Isso apenas exemplifica o que aconteceria com a minoria xiita caso perdesse agora o poder: ser alvo dos mesmos métodos que usou nas últimas décadas contra a maioria sunita, com o tempero adicional de ser objeto de sua vingança.

Mas uma leitura atenta desse episódio também aponta para a força do fundamentalismo religioso na população e na política sírias. Pois essa grande revolta liderada pela Irmandade Muçulmana síria foi anterior mesmo à retrovolução iraniana contra o xá, em 1979, que para todos os efeitos inaugurou o renascimento contemporâneo do islã político.

Portanto, no caso sírio, o fundamentalismo islâmico não é um mero fantasma empunhado pelo governo tirânico com apoio ocidental para se manter no poder. Em primeiro lugar, o governo não tem nenhum apoio ocidental. E jamais teve. Em segundo lugar, esses fantasmas fundamentalistas sírios estão bem vivos. Apesar de todos os esforços do governo para espantá-los.

Para complicar um pouco mais, a Síria está em estado de guerra oficial com Israel desde 1967, por causa do contencioso fronteiriço das colinas de Golã.

Para complicar ainda mais, a Síria é o grande patrocinador, ao lado do Irã, do Hezbollah libanês. E como o aumento da instabilidade política na Síria redundará fatalmente no aumento (!) da instabilidade política no Líbano, encurtar-se-ia o caminho para o partido-milícia-grupo-terrorista xiita Hezbollah tomar o poder. Entre outros inúmeros motivos, para tentar ajudar os irmãos xiitas sírios na guerra civil que então se desenrolaria ali ao lado.

Pergunto então ao perfeitos idiotas latino-americanos de plantão o que se deve fazer: acusar o Ocidente de omissão, por permitir o massacre da oposição síria, ou acusar o Ocidente de pretender derrubar o governo antiocidental e anti-israelense sírio com a desculpa de proteger a oposição síria?

De qualquer forma, enquanto a oposição síria não for contida pela opressão do governo sírio, ela não deve recuar. Neste caso, a instabilidade síria irá aumentar de qualquer maneira. E, no limite, isso significará a queda do governo sírio.

Porém a queda do governo sírio significará a queda dos xiitas sírios e a ascensão dos sunitas. Sunitas que, no caso sírio, são historicamente mais fundamentalistas do que os xiitas...

Respondo então a parte das dúvidas dos perfeitos idiotas latino-americanos: podem ficar tranquilos, o Ocidente não intervirá na Síria. Nem o Ocidente nem ninguém. Pois se a situação síria é cada vez mais menos sustentável, nenhum cenário resultante é aceitável. A Síria é o próprio pesadelo da história de que falava Joyce: um do qual não se desperta, e que se vive à luz do dia. Um dia que ainda pode escurecer bastante, apesar de estação “primaveril” atualmente em curso no mundo árabe.

22 abril 2011

Quarto e último post de hoje

Juliano Mer-Khamis
(Nazaré, 29 de maio de 1958 - Jenin, 4 de abril de 2011)


Luís Dolhnikoff enviou-me, anteontem, este outro óptimo texto, entretanto já publicado na revista on-line Sibila:


JUDEU, CRISTÃO, ISRAELENSE, PALESTINO – E MORTO

1.

Escrevo este artigo em homenagem a um homem incomumente corajoso, a ponto de ter pago com a própria vida por sê-lo. Apesar de avisado. Mas escrevo-o, também, em nome de certos fatos que afloram de suas últimas declarações, em um lugar e sobre um tema em que prevalecem os mitos, as mentiras, os preconceitos e as ideologias. Seu nome era Juliano Mer-Khamis, morto com vários tiros dados por covardes mascarados há uma semana em Jenin, na Cisjordânia. O tema e o lugar são, obviamente, a Cisjordânia e o conflito com Israel.

Mas o óbvio pára aí. Pois Juliano Mer-Khamis (ator, cineasta, ativista e diretor de teatro no campo de refugiados de Jenin) tinha uma particularidade biográfica que o torna um ser quase impossível, uma quimera. De fato, impossível e quimérico, o que não é uma redundância. Pois quimera, além de haver adquirido o sentido de uma impossibilidade, também significa um animal híbrido. E Juliano Mer-Khamis era judeu e cristão, israelense e palestino, filho de uma judia israelense e de um palestino cristão.

Sua morte na principal cidade da Cisjordânia, por outro lado, nada tem de surpreendente, pois houve, como dito, ameaças e avisos. Ele tampouco ignorava os motivos, explicitados em declarações recentes. Além disso, Mer-Khamis também deixa claro por quem seria morto: militantes palestinos. A questão que resta é: militantes do quê?

Sua identidade dupla lhe ajuda a entender melhor os dois lados?

Minha mãe era judia, meu pai palestino cristão. Pela tradição judaica, sou judeu. Pela tradição cristã, sou cristão. Na prática é o contrário: para os palestinos, sou judeu. Para os israelenses, sou árabe. Ao mesmo tempo, não me sinto parte de nenhum dos lados, e acho isso maravilhoso. Quem quer pertencer a essas duas nações? Prefiro ser o outro. Não estou em Jenin porque morro de amores pelos palestinos. Estou aqui para lutar contra a injustiça. Não sou bem-vindo em Jenin. As pessoas não gostam muito de mim aqui. Primeiro, porque me veem como um judeu. Mas o que mais incomoda é que eu critico a vida que eles levam.


O seu teatro não é uma forma de resistência contra a ocupação israelense?

O teatro não pode resistir a Israel. Isso é uma romantização. O teatro não tem como resistir a um Exército. O que o teatro pode fazer é resistir à opressão, à discriminação, ao racismo, à opressão sexual. Eu vim a Jenin para lutar contra a ocupação, mas logo percebi que isso é besteira. O teatro luta por valores humanos. A ironia amarga é que meu trabalho serve para libertar mulheres que são oprimidas por homens oprimidos por Israel. É por isso que muita gente aqui gostaria de se ver livre de mim.


Por quê?

A Palestina hoje não é um lugar nada amigável. É religioso, conservador, arruinado, corrupto, chauvinista e extremamente racista. Há 15 anos eu achava que havia um espírito de resistência entre os palestinos, um senso de liberdade, de justiça. Hoje isso acabou (Marcelo Ninio, "Muita gente aqui quer se livrar de mim", Folha de S. Paulo, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1904201110.htm).

Antes de responder à pergunta que importa, três observações.

1) Apesar da clareza de Mer-Khamis, o repórter, comprometendo a análise de suas próprias informações em nome de qualquer falso equilíbrio, insinua na introdução da entrevista que ele pode ter sido morto por Israel: “Sua morte foi obra de mascarados não identificados, supostamente insatisfeitos com suas críticas duras e frequentes às lideranças dos dois lados”. O que é afinal ridículo: ninguém morre por críticas aos “dois lados”. Mer-Khamis foi morto por um motivo, por um grupo, por um lado. E ele mesmo aponta os militantes palestinos.

2) Mer-Khamis foi, durante boa parte de sua vida, radicalmente pró-palestino. Mas não apenas a favor do movimento palestino e contra a ocupação de Israel dos territórios de Gaza e Cisjordânia. Provavelmente, a maior parte das pessoas sensatas, e cada vez mais boa parte das insensatas, é contra a ocupação dos territórios palestinos. Mer-Khamis, porém, fez parte de um grupo ainda minoritário, mas crescente, que além de defender a “resistência” palestina, demoniza radicalmente Israel. Considerando, entre outras coisas, que a demonização radical, nos sentidos conotativo e também denotativo, de ir à raiz, do estado de Israel de alguma forma serve àqueles, hoje liderados pelo Irã, que sonham com sua destruição, não o acompanho nesse passo. No limite, se fosse possível demonstrar que a direita israelense está certa, e que a ocupação é necessária, não para a mera segurança, mas para a sobrevivência de Israel, eu afirmaria sem pudor que a opressão de alguns é um preço defensável para a não supressão de outros. Mas, em primeiro lugar, é impossível demonstrar essa hipótese. Em segundo lugar, não acredito nela, por vários motivos, entre os quais a evidência empírica de que a ocupação cobra um preço político no longo prazo insustentável para o próprio estado de Israel. Em suma, não creio no que diz a direita israelense, que a ocupação é necessária à segurança de Israel, assim como não creio no que diz a esquerda internacional, incluindo Mer-Khamis durante muitos anos, que Israel e o movimento nacionalista judaico que lhe deu origem como ideia no final do século XIX (conhecido como sionismo) sejam demonizáveis.

3) Escrevi “resistência” palestina entre aspas porque a resistência palestina não é meramente, ou seja, integralmente, um movimento de resistência. Na verdade, ela só se tornou resistência porque fracassou em ser agressão. Fechando o círculo, isso nos leva de volta à questão: os militantes palestinos, entre os quais os que mataram Mer-Khamis, militam pelo quê?

A resposta óbvia é a causa palestina. Óbvia, porém falsa. Mer-Khamis: “Estou aqui [na Cisjordânia] para lutar contra a injustiça”. E no entanto, para ele próprio a causa palestina havia morrido: “Há 15 anos eu achava que havia um espírito de resistência entre os palestinos, um senso de liberdade, de justiça. Hoje isso acabou”. Mas por que acabou? E o mais importante: por que nunca venceu?

O motivo de o movimento palestino haver morrido é debitado na conta de Israel, e mais particularmente, da ocupação dos territórios. Mas fazê-lo apenas reitera o verdadeiro motivo de esse movimento haver fracassado. Qual é, afinal, a causa palestina?

2.

Não há uma resposta. E não porque não haja qualquer resposta, mas porque há várias. Isso significa, em primeiro lugar, que a resposta não é dada, não é óbvia. Ou seja, a causa palestina não é a criação de um Estado palestino baseado na “autodeterminação” dos povos e no direito internacional. Fosse isso, o Estado palestino teria sido criado entre 1948 e 1967.

Porque Israel invadiu a Cisjordânia e Gaza em 1967, e apenas em 1967. Logo, Israel não invadiu Gaza e a Cisjordânia antes de 1967. Ao mesmo tempo (literalmente), nesse período Israel foi fundado e efetivamente criado, a ponto de ser uma potência militar em 1967. Por que, então, nesse mesmo período não foi criado, nos territórios palestinos, o Estado palestino?

A resposta é tão simples quanto verdadeira: porque os palestinos não quiseram. E não quiseram porque seu objetivo político primeiro e principal não era criar um Estado palestino, mas destruir o estado de Israel. E apenas depois criar seu Estado, em toda a antiga Palestina Britânica.

Nada disso é uma opinião, mas são fatos. Pois os fatos existem, apesar de tudo. Por exemplo: a OLP, Organização para a Libertação da Palestina, foi criada em 1964. Porém em 1964 Gaza e Cisjordânia não estavam ocupadas por Israel. Na verdade, não havia ali nenhum cidadão ou soldado israelense. Mas se a Cisjordânia e Gaza não estavam ocupadas em 1964, ou a OLP foi criada baseada no uso de alguma bola de cristal, prevendo uma invasão israelense que só aconteceria três anos no futuro, ou não foi criada para libertar a Cisjordânia e Gaza. Obviamente, a OLP não foi criada para libertar Gaza ou a Cisjordânia. Mas foi criada, então, para libertar o quê? Israel.

Além das datas, tais fatos podem ser confirmados por sua explicitação nos estatutos originais da OLP. Cujo nome, portanto, é propaganda enganosa. Não se tratava de uma organização para “libertar” a Palestina, mas sim para destruir Israel. Em vez de OLP, ODI (Organização para a Destruição de Israel).

Em 1948, a ONU votou a divisão da ex-colônia britânica da Palestina em dois novos Estados, “um judeu e um árabe”. As lideranças da comunidade judaica da Palestina Britânica aceitaram a divisão, as lideranças árabes a recusaram. Tinham todo o direito de fazê-lo, de um ponto de vista político. Mas ao optar por esse cainho, tinham também a obrigação, igualmente política, de ao menos prevenir seu povo sobre a decisão de arriscar seu futuro geopolítico – e prepará-lo para o pior. Pois se a aceitação da partilha teria implicado na criação de um Estado palestino imediatamente, no mesmo ano de 1948, a recusa implicava em tentar impor essa decisão à comunidade judaica da Palestina Britânica – ou seja, lutar contra ela e vencê-la. Foi, de fato, o que os árabes fizeram.

Portanto, em vez de declarar a criação de seu Estado no mesmo dia da declaração da fundação de Israel, e ao lado dele, declararam guerra a Israel e tentaram invadir as partes do território destinadas pela ONU ao Estado judeu (a ação militar foi obra da Legião Árabe, que contava com o apoio de todos os países árabes, tanto em homens quanto em armas). Seria sua primeira derrota militar. A partir daí, o movimento palestino consolidou um objetivo estratégico: reverter a derrota de 1948, destruir Israel e construir a Grande Palestina.

Eis o motivo de a OLP ter sido criada em 1964. Pois além de ter sido criada nessa data, foi criada no Cairo (e não em Gaza ou na Cisjordânia, então, repita-se, não ocupadas por Israel). Porque a razão imediata de sua criação foi acoplar o movimento palestino à política do ditador egípcio, Gamal Nasser, patrocinador da criação da OLP.

Nasser estava então dedicado à montagem de um grande exército, armado e treinado pela URSS, com o objetivo específico de invadir e destruir Israel, o que o tornaria (além de um novo genocida do povo judeu) um novo Saladino (o vencedor dos cruzados), o grande herói do pan-arabismo. Os preparativos militares de Nasser seriam concluídos no início de 1967, levando-o a um movimento tão arriscado quanto estúpido, porque ameaçador mas não decisivo: ele remilitarizou o deserto do Sinai, expulsando os observadores da ONU ali postados desde 1956, e levou suas tropas até a fronteira com Israel; além disso, bloqueou o porto de Eilat, cidade no extremo sul de Israel e sua saída para o Mar Vermelho. Acontece que o bloqueio militar de um porto é um ato de guerra. A reação de Israel ficaria conhecida como a Guerra dos Seis Dias, tempo necessário para o Egito e em seguida a Jordânia e a Síria (que atacaram Israel pelo oeste e pelo norte seguindo um apelo egípcio) serem derrotados.

A derrota árabe na guerra de 1967 foi também a derrota histórica da OLP em seu nascedouro. E que derrota: pois em vez de “libertar” a “Palestina”, três anos depois de fundada, viu Gaza e a Cisjordânia serem ocupadas por Israel.

3.

No último meio século, desde o fim dos impérios europeus após a Segunda Guerra, praticamente todas as causas nacionais foram vitoriosas, das maiores às menores. A maior foi, sem dúvida, a Índia, que derrotou o colonialismo inglês sob a liderança de Gandhi, e a menor o Timor Leste, que se livrou em 2000 de um quarto de século de invasão e ocupação (brutais) pela Indonésia. No meio, fica a África do Sul do apartheid, afinal derrotado sob a liderança de Nelson Mandela. Houve ainda, entre inúmeros outros, o Vietnã, a Nicarágua de Somoza, libertada pelos sandinistas de uma ditadura criada e apoiada pelos EUA, a revolução iraniana, que se livrou do xá, e a luta dos talebans, que expulsou a URSS do Afeganistão. Não faço, aqui, julgamentos de valor, pois não sou simpático nem aos sandinistas, nem à retrovolução teocrática iraniana nem aos talebans. Apenas aponto um fenômeno histórico, de vitórias em série das forças políticas internas ou nacionais, num arco histórico de mais de meio século e num arco geográfico que abarca todo o planeta, e que recentemente incluiu o Kosovo em relação à Sérvia e o sul do Sudão em relação ao norte: ou seja, movimentos políticos nacionais que conseguiram inclusive a proeza de dividir países já estabelecidos. Em tal contexto histórico, os palestinos são uma exceção: os grandes derrotados da história mundial recente. Deve haver um bom motivo.

A explicação não é simplesmente o “poder judaico”, expresso pela força do sionismo e da comunidade judaica, afirmações que mal escondem seu antissemitismo, ou sua forma mais racional, a ocupação israelense. O Vietnã derrotou os EUA, o Afeganistão expulsou a URSS. Não é a força do inimigo que explica a derrota histórica palestina, mas a sua própria fraqueza.

Mesmo aceitando o argumento maniqueísta que reduz o sionismo a um erro ou um crime, o que ele não é (pois sionismo é fundamentalmente o nome da causa nacional judaica, nascida no fim do século XIX no contexto da emergência do nacionalismo como conceito geopolítico central da época), nada pode ser pior do que o apartheid. E ainda que se aceite que a ocupação israelense é um novo apartheid, o que ela não é (porque não há semelhanças verdadeiras em dois processos históricos e políticos totalmente distintos – a comparação é apenas um slogan bom demais para ser dispensado), o apartheid original foi derrotado. Por que, afinal, os palestinos são incapazes de vencer? E por que, diferentemente, os negros sul-africanos, como tantos outros, venceram?

Uma parte importante da resposta, ou ao menos uma parte grandemente reveladora, está nas diferentes qualidades das respectivas lideranças históricas. Nelson Mandela tornou-se Nelson Mandela não por sobreviver a 23 anos de prisão, mas porque aceitou ser libertado depois desse período para usar todo seu capital político acumulado a fim de mudar o discurso e os objetivos históricos do CNA, o Congresso Nacional Africano, principal grupo da resistência sul-africana. Não haveria revanche contra os brancos, expulsão dos brancos, expropriação de suas propriedades ou mesmo julgamento político. Mandela tornou-se Mandela ao transcender a política para se tornar estadista, decretando que a vitória dos negros não seria a derrota dos brancos, o que significaria a guerra civil e a destruição do país. Não há e nunca houve um Mandela palestino – pois seu lugar foi ocupado por um homem muito menor, um oportunista político e afinal um covarde, Yasser Arafat, que no final de 2000 declarou temer ser morto caso assinasse os acordos de Camp David, o mais perto que se chegou de uma solução definitiva para o conflito israelense-palestino. Acontece que os Acordos de Camp David significavam que os palestinos teriam de trocar o discurso pelos fatos, e os mitos pela história. Não haveria vitória da “justiça”, os “refugiados” (a maioria, na verdade, já nascida no exílio) não “retornariam” em massa para a “Palestina”, ou seja, para Israel, etc. Em suma, os brancos não seriam derrotados para os negros serem vitoriosos. Israel não seria destruído para a causa palestina ser vitoriosa. E se Israel não seria destruído, os “refugiados” não retornariam (o que significaria a destruição demográfica de Israel) etc. Fim do apartheid, sim, mas com o fim concomitante de qualquer possibilidade de revanche contra os brancos sul-africanos. Ou seja: fim também do “apartheid” reverso dos radicais do movimento negro, que pretendiam, no limite, expulsar todos os brancos sul-africanos, esses europeus colonialistas, exploradores racistas, não-nativos etc. Os negros sul-africanos, na prática, tiveram de “engolir” os brancos, ou seja, sua presença no país. O mesmo tem de acontecer no movimento palestino.

Os ingênuos, os mal-informados ou os mal-intencionados afirmam que isso já foi feito, pois a OLP, hoje Autoridade Palestina, reconhece desde 1993 (Acordos de Oslo) o direito de existência de Israel, e pleiteia a criação de um Estado palestino “nas fronteiras anteriores a 1967”. O que prova ser tal reconhecimento, em termos políticos reais (e não de discurso), fals

4.

Insistir nas fronteiras de 1967 é uma tentativa vã e ideológica, e vã porque ideológica, de tentar reverter ao menos parcialmente a derrota histórica do movimento palestino, girando para trás o relógio da história, senão para 1948, para o meio do caminho. Mas o mundo não parou desde 1967. Além disso, tentativas subsequentes de destruir Israel por meios militares, com apoio político palestino, como a invasão pelo Egito e pela Síria em 1973 (Guerra do Yom Kippur), adiaram ainda mais uma solução. Quando a OLP afinal mudou seu discurso histórico em 1993, trocando o objetivo de destruir Israel pelo da construção de um Estado palestino em Gaza e na Cisjordânia, o tempo e a história cobraram seu preço. Porque foi muito tarde. E porque foi muito pouco.

Muito tarde, porque a ocupação militar israelense já havia se tornado ocupação colonial, com a construção de colônias. E muito pouco, porque o movimento palestino, presa política de seu próprio discurso histórico, ainda insistiria em outras causas perdidas – além do retorno às fronteiras de 1967, a volta dos “refugiados” de 1948.

Porém as fronteiras de 1967 não ressurgirão no mapa mundi. Porque não é real ou realista que Israel, uma democracia com um exército de caráter miliciano, em que todos os cidadãos são soldados, possa ou vá lançar seu exército numa guerra civil deliberada, que é o que aconteceria caso decidisse desalojar as centenas de milhares de colonos hoje estabelecidos na Cisjordânia. A opção realista já foi dada por Israel: trocar terras (mais exatamente, do norte de Israel, na região da Galileia, pelas áreas equivalentes da Cisjordânia que ficariam com Israel). E os milhões de “refugiados” palestinos de 1948 (a maioria, na verdade, nascida nos países de exílio) jamais “retornarão” a Israel. Mas isso contraria o discurso e a crença dos “direitos sagrados” do povo palestino.

Ainda mais importante, esse longo período histórico, a partir de 1948, criou uma ideologia palestina anti-israelense, um verdadeira visão de mundo, popular e popularizada, que não iria e não poderia desaparecer certa manhã, depois de a OLP decidir assinar em Oslo um acordo reconhecendo o direito de Israel de existir. De repente, meio século de crença e de discurso não valiam mais. Mas não é assim que as coisas funcionam. Ou melhor, essas coisas só têm chance de funcionar se avalisadas por um gigante como Mandela, cujo gigantismo político tem força para impor tal reversão de curso e de expectativas. À falta dele, o resultado necessário é a emergência de um grupo que mantenha o antigo curso e o velho discurso. Neste caso, ele se chama Hamas.

Daí a “falsidade” do reconhecimento pela OLP, ou pela AP. Pois sendo pouco e sendo tardo, na prática (que é o que importa) implicou na emergência de um grupo baseado na manutenção do recém (e mal) abandonado discurso histórico, a destruição de Israel antes da construção do Estado palestino. E porque sendo tardo e sendo pouco, na verdade não foi um reconhecimento real, integral, “mandeliano”, mas sim presa de ambiguidades – como a insistência na volta dos “refugiados” e das fronteiras de 1967.

A Palestina hoje não é um lugar nada amigável. É religioso, conservador, arruinado, corrupto, chauvinista e extremamente racista. Há 15 anos eu achava que havia um espírito de resistência entre os palestinos, um senso de liberdade, de justiça. Hoje isso acabou.

A “Palestina”, neste caso, a Cisjordânia, e nela o movimento palestino, se encontra no estado assim descrito por Juliano Mer-Khamis – assassinado em parte por seu meio judeu, e em parte por dizer tais palavras por inteiro –, não tanto ou não apenas pelos atos de Israel, mas também pelos erros palestinos. Nenhum, entre os incontáveis movimentos de libertação que venceram ao redor do mundo contra forças superiores no último meio século, pediu licença para vencer, ou para ter um adversário mais fraco. Todos venceram os adversários que se apresentaram, não porque esses adversários fossem fracos, mas porque tais movimentos souberam se tornar fortes.

Alguns militarmente, a maioria politicamente. A “causa” palestina, com suas ambiguidades históricas, jamais foi uma causa única, clara, definida, ou seja, a construção desde sempre de um Estado nacional palestino, pois nasceu, cresceu e viveu impregnada, intoxicada, marcada e cindida por outro objetivo, na verdade o primeiro, o mais antigo e o mais historicamente duradouro, o de destruir Israel. Não se trata de um bom objetivo, ao menos para pessoas de bom senso, e por isso jamais foi forte politicamente perante a opinião pública mundial, como a luta contra o apartheid sul-africano. Ao ser abandonado de forma abrupta, inconsistente e inconvincente por uma OLP política e historicamente derrotada em 1993, tal objetivo não desapareceu num passe de mágica, mas continuou presente em muitas mentes e corações palestinos – para não falar de grupos como o Hamas.

Nunca houve uma “causa” palestina, no singular, porque ela foi, a maior parte do tempo, dupla e dúplice: de um lado, a causa defensável de construir um Estado palestino; de outro, a causa indefensável de destruir Israel. Tal duplicidade e tal ambiguidade jamais foi de fato abandonada. Nem em um recorte horizontal, pois o espectro político palestino ainda conta com grupos pró-destruição de Israel, do qual o Hamas é apenas o mais poderoso e notório, nem em um recorte vertical, pois muitos, não apenas em Gaza, mas também na Cisjordânia, onde Mer-Khanis foi morto, “aceitam” a solução de dois Estados por falta de opção, quando na verdade prefeririam, inconfessadamente, “jogar os judeus no mar”. Um deles, apesar de sê-lo apenas pela metade, acaba de ser lançado aos tubarões.

Nota do IDP sobre o pedido de assistência financeira

(imagem obtida aqui)

(Recebida por e-mail)

No dia em que o Governo demissionário decidiu dirigir à Comissão Europeia um pedido de assistência financeira para atender ao “financiamento da República”, considera o Instituto da Democracia Portuguesa (IDP) que chegou o momento para se encarar o médio prazo, para além do ruído de fundo com o curto prazo.
O resgate é um dado adquirido não apenas porque a nossa situação financeira é grave como porque estamos em risco de sermos um elemento pernicioso para a estabilidade da zona euro. Embora as atenções dos portugueses estejam focadas, essa operação de resgate terá um prazo e um objectivo: evitar um desequilíbrio grave na zona euro. O facto de, neste processo ser Portugal o país a ser ajudado é instrumental. No fim de contas, prevalecerão os interesses globais da zona euro como um todo.
Portugal experimenta há mais de trinta anos, uma perda de competitividade traduzida na lenta diminuição das suas taxas de crescimento. Apesar de todas as vultuosas transferências recebidas – fundos comunitários, remessas de emigrantes e investimento estrangeiro – a taxa de crescimento da economia portuguesa tem vindo a decair, sempre. Sucessivos governos e sucessivas políticas públicas centradas no “big is beautiful” esqueceram o apoio à produção de bens transaccionáveis com alta incorporação de mais valias e potencialidades de exportação.
A crise actual e o nosso elevado endividamento externo são o corolário de políticas da III República que nunca manifestaram interesse em atacar os problemas de frente; antes preferiram iludi-los, por motivos de ganância pessoal e interesses mal informados.
Ao cabo de mais de uma década de endividamento explosivo, temos de constatar que esgotámos um modelo de desenvolvimento económico; hoje é por demais manifesto que este modelo não tem qualquer virtualidade e a manutenção deste caminho apenas nos conduz a um desastre nacional.
Neste quadro, a operação de resgate de que o pedido de que o pedido de assistência financeira é só o primeiro passo, permite colmatar um desequilíbrio e, sobretudo, evitar um desequilíbrio mais acentuado na zona euro. No entanto, falta criar condições de crescimento económico. Como o IDP já afirmou antes, o resgate é, sobretudo, uma operação de apoio ao euro, não directamente ao membro.
Para saber o que se vai passar a seguir, temos de olhar para longe. Nos últimos 30 anos, Portugal é um dos países da Europa que mais rapidamente baixou a sua taxa de natalidade. Em 2009 era o 2º país de EU com a mais baixa taxa de fertilidade: 1.3. Em 2009 e 2010, o número de mortes superou os nascimentos. Há mais de uma década que se chama a atenção para o “Inverno” demográfico, aparentemente com escasso eco na sociedade civil e sem eco nos meios políticos. Ao contrário de outros países europeus, não existe uma política de apoio e promoção da natalidade.
Em 2010 o ratio de pessoas activas/passivas foi de 1/1.5. A continuarem as tendências, em 2020 esse ratio será de 1/2 e, em 2030, terá passado para 1/2.5. Com um modelo económico esgotado, com taxas de crescimento progressivamente mais baixas, aumento do desemprego, envelhecimento da população e baixa fertilidade, aumentam os compromissos fixos e diminuem as receitas.
Assim , vem o IDP denunciar que, mais do que a “armadilha da dívida”, onde as políticas de contenção e austeridade terão um efeito recessivo na economia, estamos confrontados com a diminuição do principal recurso nacional- a população – e não o queremos admitir.
A nossa dívida externa bruta é hoje de +/- 230% do PIB e a líquida de quase 98%. As medidas de austeridade no quadro de um resgate permitem considerar que a nossa taxa de crescimento, nos próximos 10 anos, não deverá ser superior a 1.5% ao ano; ao mesmo tempo o serviço da dívida contraída está já próximo dos 5% do PIB.
Neste cenário, as nossas capacidades de endividamento no médio e longo prazo, a 10/ 30 anos, estão seriamente limitadas quer pelo baixo potencial de crescimento da economia, quer pela limitada capacidade do seu principal activo, nós, os cidadãos. Nesse sentido, considera o IDP que a nossa capacidade para poder honrar, nos termos e nas condições que nos propusemos pagar, estará, fortemente limitada.
Temos uma elevada probabilidade, a médio prazo, dentro de 4/5 anos, de estarmos a suportar uma política que não elimina a nossa dívida, e agrava as condições de podermos optimizar os nossos activos, para honrar a dívida e assegurar a sustentabilidade da economia e do país.
No actual quadro do debate de ideias e por força da crise imediata em que nos encontramos, todas as atenções estão centradas nas formas de “quebrar” o círculo vicioso que nos conduziu a esta situação; no entanto, essa premência obscurece um elemento fundamental: como vamos pagar a “montanha de dívida “que acumulámos ao longo destes anos e como o vamos pagar sem nos arruinarmos.
Considera o IDP que é necessário encarar com realismo a reestruturação da dívida nacional. Existem soluções estudadas para os problemas enumerados; sendo necessário tempo para as implementar, temos de partir para a reestruturação da dívida.
Uma nação não é uma empresa; não pode ser desmembrada e os seus activos disponibilizados livremente; os credores da nação preferem receber uma percentagem de algo a receber a totalidade de nada e nunca “asfixiarão” o devedor ao ponto de este ficar impedido de cumprir as suas obrigações.
A reestruturação de dívida soberana é um dos elementos que caracteriza a dívida; Portugal, enquanto nação autónoma, reestruturou seis vezes a dívida e, nos séc XX fizeram-no 21 países, entre os quais o Brasil.
A reestruturação da dívida – nos próximos meses – é uma operação de responsabilidade do próximo Governo e implica a apresentação de um plano de como e quando iremos pagar as nossas obrigações. Porque é uma operação da responsabilidade de todos os portugueses, o IDP alerta que deve ser partilhada por todos. Democracia, crescimento e equidade só serão possíveis simultaneamente com um regime cujas soluções estejam à altura da nossa história e da nossa cultura.

Lisboa, 6 de Abril de 2011
A Direcção do IDP

Depois de reencontrar o Alf...


... dei uma volta pela net e achei que valeu a pena ter lido isto, ao passar por aqui, e ouvir isto. E também isto. Tudo coisas que guardei, ainda no dia da partida. Daí para cá, não liguei a mais mundo do que aquele que tive directamente à minha volta (e-mail incluído).

Voltei e não voltei só


Um dos links que perdi quando, meses atrás, reconfigurei o blogue, foi o do blogue do Alf, o Outra Margem, a meu ver um dos mais interessantes entre os que são escritos em português. Entre o despistanço, a falta de tempo e a senilidade que me negava a memória correcta do endereço, fui protelando a pesquisa. É claro que, dias atrás, ao recuperá-lo, me arrependi de não me ter esforçado por o fazer mais cedo. Porque, só na primeira abordagem aos textos recentes, encontrei dois - este e este - cuja leitura recomendo. Como recomendo, aliás, todo o blogue, onde se alia a teorização científica (sobre a qual, pela sua "rearrumação" de dados vale a pena reflectir) a uma excelente capacidade didáctica, tornando acessível ao leitor os raciocínios de maior complexidade.
O Outra Margem passa, de novo, a partir de hoje, a estar disponível no meu Miradouro. Com um grande abraço ao Alf.

15 abril 2011

Até à próxima sexta-feira...


... estarei ausente. Até lá, aconselho-vos as seguintes visitas:

Aqui, aqui (por via daqui, referido aqui) e aqui.
Ah! E aqui!

Entretanto, a propósito do texto mais recente de Luís Dolhnikoff e para que não restem dúvidas, vejam aqui o que hoje foi revelado pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.

Até sexta!
Curtam bué!

14 abril 2011

Terror islâmico no Brasil


Nem de propósito: tinha eu acabado de ver nos telejornais da meia-noite - enquanto (finalmente!) jantava -, o vídeo que o autor do massacre do Rio de Janeiro gravou antes de o fazer, quando, ao consultar o e-mail, encontrei um texto que Luís Dolhnikoff me enviara duas horas antes, no qual adiantava considerações que eu próprio havia congeminado, face a alguns pormenores reveladores adiantados pelo assassino. Pormenores que, aliás, confirmei com maior detalhe, há pouco, no telejornal da RTP1, onde o vídeo foi passado integralmente ou, pelo menos, mais extensamente.
Aqui fica, portanto, o texto de Luís Dolhnikoff, a quem, uma vez mais, agradeço a gentileza.

TERROR ISLÂMICO ATACA ESCOLA NO BRASIL

1.

A manchete acima foi até agora negada ao público brasileiro por uma mistura tóxica de ignorância, incompetência, provincianismo e “político-corretismo”, sem os quais ela seria evidente ou necessária. O que isso diz da sociedade e do jornalismo brasileiros deixo para o leitor. Vamos aos fatos.

Num subúrbio carioca, um homem de 23 anos volta à escola onde estudou muito bem armado, com dois revólveres, cinto de munição e recarregador rápido, além de um plano tático: aproveitar as comemorações dos quarenta anos da escola para, na condição de ex-aluno, entrar numa sala de aula para uma “palestra”. A partir daí, por dez minutos, ele dará 66 tiros, matará doze pré-adolescentes, sendo onze meninas, ferirá outra dezena e depois se matará.

As explicações subsequentes logo se cristalizam num quadro narrativo segundo o qual se trata de um esquizofrênico-paranoico, filho de uma esquizofrênica clínica, que além disso sofreu bullying na mesma escola.

Não há portanto responsáveis e, muito, menos culpados: de um lado, trata-se de inatismo e de doença, pois ele sofria de esquizofrenia. Porém não é correto acusar e/ou estigmatizar os doentes mentais. A doença mental, afinal, não é responsável: pois se ele não tivesse sofrido bullying, obviamente não faria o que fez.

Conclusão: deve-se combater o bullying com educação, e ao mesmo tempo dar mais atenção aos doentes mentais (se esta expressão não for “politicamente incorreta”). Trágico, mas compreensível. Além do mais, tudo isso possui certo fatalismo moderno, pois é algo que “acontece” em muitos países, principalmente nos mais desenvolvidos. Certo, há um problema de descontrole do acesso às armas de fogo no país, mas isso não é ou foi determinante. Ao menos, não como a esquizofrenia paranoica e o bullying. Por fim, como se trata de um evento raro, imprevisível e incontrolável, nada havia nem há a ser feito, como aumentar a segurança nas escolas, tornado-as assim “policialescas” quando devem, ao contrário, ser “abertas” e “integradas” às “comunidades” das quais são parte.

Essa pós-narrativa do massacre da escola de Realengo é, bem vistas coisas, ad hoc, ou seja, feita sob medida. E ver bem ou um pouco melhor os fatos é o que pretendo aqui.

2.

O medicalismo dos comportamentos quanto o modismo pedagógico do bullying, além do “politicamente-correto” do pobre homem nascido doente e “corrompido” pela sociedade agressiva, bem como a escola “comunitarista”, são devidamente contemplados. E o são não por tecerem a melhor explicação possível, porém a mais confortável, a mais simples, a mais indicada. A verdade, neste caso, é feita de outros ingredientes, deliberadamente ignorados ao se descrever a posteriori tal “receita”.

Em primeiro lugar, o pretenso diagnóstico de esquizofrenia paranoica, repetido por incontáveis psiquiatras, psicólogos e em seguida investigadores, não se sustenta. Sem entrar em detalhes diagnósticos (mas também sem deixar de registrar que estudei medicina, para que os profissionais de plantão não tentem desconsiderar estas observações pela saída fácil do desdém especialista), ela não se sustenta porque uma de características principais da esquizofrenia paranoica é o delírio ou a alucinação. Esta tem um componente sensitivo e cognitivo, ou sendo mais claro, implica em confundir imaginação com realidade, “vendo” e “ouvindo” o que não está no mundo, mas na mente. Em termos populares, trata-se de “ouvir vozes”. O assassino da escola do Realengo jamais demonstrou esta ou qualquer outra característica distintiva da esquizofrenia paranoica. Nenhum relato de parentes, colegas de trabalho ou vizinhos faz qualquer referência a isso, assim como não há quaisquer indícios nos documentos deixados pelo assassino: um vídeo e vários bilhetes de próprio punho.

Em compensação, ele demonstrou de vários modos e por muitos meios, incluindo o vídeo feito dois dias antes do massacre, que era um psicopata.

Há enormes e profundamente significativas diferenças. Em primeiro lugar, se um esquizofrênico não é responsável por seus atos, pois em função dos delírios não pode, por definição, distinguir o que é real do que não é, um psicopata não tem delírios, e além de distinguir perfeitamente o real do irreal, também distingue o certo e o errado, o legal e o ilegal, o moral e o imoral. Por isso os psicopatas, ao contrário dos esquizofrênicos, são legalmente imputáveis nos países sérios, como EUA, Canadá e membros da UE (nos não sérios, como o Brasil, a justiça é um teatro ruim, logo, o que faz ou deixa de fazer não segue regras compreensíveis).

Um psicopata não tem disfunções cognitivas, mas apenas emotivas. Em resumo, ele é incapaz de empatia.

Empatia (de pathos, sofrimento, acometimento, experiência) significa, na prática, sentir em si o que o outro sente: “processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro”. É a empatia que está na base da moralidade, cuja antiga “regra de ouro” diz: “Não faça aos outros o que você não quer que façam a você”. Ao serem incapazes de empatia, psicopatas são criminosos natos.

A ideia de um criminoso nato fere fundo a crença ideológica dos politicamente corretos segundo a qual só existe a possibilidade de seres humanos nascidos bons. O problema é que a existência de criminosos natos foi empiricamente demonstrada de maneira incontornável em diversos países, dos EUA à Rússia, onde pesquisadores há anos se dedicam a estudar os psicopatas em geral e os assassinos em série em particular.

A indiscutível natureza inata da radical falta da empatia que caracteriza os psicopatas (e que no Brasil sequer é verdadeiramente debatida, pois o país adotou uma interdição ideológica tácita a se discutir os criminosos inatos, ficando voluntária e burramente de fora de todo um moderno campo do conhecimento, e assim incapaz de identificar seu objeto, fechando o círculo de sua cegueira pragmático-conceitual), leva então alguns “liberais” ou “humanistas radicais”, na Europa e nos EUA, a reeditar o mito rousseauniano do “bom selvagem”. Pois se se trata de uma incapacidade inata, o indivíduo dela portadora não poderia ou não deveria ser responsabilizado criminalmente por suas consequências. Seria afinal semelhante ao esquizofrênico, que age movido por alucinações, e que não é imputado pelos crimes cometidos. O problema é que um sujeito submetido a alucinações, por definição, não sabe o que faz. E que um amoral o sabe. Na verdade, o psicopata é, neste sentido, mais semelhante ao pedófilo.

Ninguém determina sua própria orientação sexual ou suas preferências. Ter por objeto sexual crianças ou bebês é algo a que os pedófilos são submetidos pela própria natureza de seu desejo. Já a realização de tal desejo significa necessariamente um estupro, pois crianças e bebês não participam voluntária e conscientemente de um ato sexual. Pedófilos são condenáveis e condenados não por seu desejo sexual, mas por sua materialização no estupro de uma criança. Psicopatas não são condenáveis por sua amoralidade, mas pelos atos decorrentes, como assassinatos sem motivos (ou seja, para satisfazer qualquer desejo ou impulso pessoal). E têm de sê-lo, entre outras coisas porque ao contrário de esquizofrênicos em estado de alucinação (que aliás muitíssimo raramente cometem crimes), um psicopata sabe o que faz. Daí não haver psicopatas, apesar do inatismo de sua falta de empatia, cometendo crimes em praça pública e à luz do dia. Psicopatas têm falta de empatia, não de racionalidade. Eles se escondem porque sabem de seus crimes.

O vídeo gravado pelo assassino de Realengo dois dias antes do massacre demonstra três coisas:

1) Não há qualquer indício de delírio ou de alucinação;

2) há todos os indícios de falta absoluta de empatia, a começar da completa inexpressividade: o sujeito apenas mexe a boca enquanto fala, sem que nenhum dos músculos da face, fonte natural de manifestação de emoções em humanos, se mexa uma única vez;

3) ele prova o planejamento, a premeditação e o engodo, logo, a racionalidade, ao referir como, entre outras providências, visitou a escola dias antes para preparar o ataque, além de para isso ter raspado a barba, a fim de não chamar a atenção.

E aqui chegamos ao fator islâmico.

3.

A prova mais importante surgida até agora das motivações do assassino, o vídeo e algumas anotações de próprio punho achadas em sua casa, simplesmente não foram analisadas com a devida atenção, muito menos com a necessária conexão, no misto de ignorância, incompetência e provincianismo referido de início.

VÍDEO DE ATIRADOR NÃO INTEGRA INQUÉRITO, DIZ POLÍCIA (Agência Estado, http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/04/13/video-de-atirador-nao-integra-inquerito-diz-policia.jhtm).

Não bastasse a polícia, mais de um psiquiatra afirmou que as afirmações “desconexas” do vídeo, principalmente sobre o fato de o sujeito estar agora sem barba, “provam” o delírio – logo, a esquizofrenia paranoica. Na verdade, tais afirmações não são desconexas, apenas desconectadas, em uma investigação pulverizada e amadorística que, para começar, é incapaz de conectar os fatos e os dados.

O assassino, no vídeo, fala diretamente para um sujeito sobre a falta de sua barba. E esse sujeito é “irmãos”. Ele tem, portanto, também uma razão para explicar a falta da barba: a expectativa de certos “irmãos”. Ora, “irmãos” não significa “marcianos verdes”. Pois é perfeitamente compreensível:

1) a irmã do perpetrador declarou que ele ultimamente usava barba (habitual entre muçulmanos praticantes) e que fazia várias referências ao islã;

2) “irmãos” é o modo habitual dos ativistas islâmicos se referirem entre si (como “camaradas” era o modo dos comunistas, e “companheiros” é o dos petistas).

Conclusão: é perfeitamente possível que ele estivesse, não delirando, mas explicando aos seus “irmãos” muçulmanos porque aparecia no vídeo de despedida sem a barba.

O que era possível torna-se então factual quando se acrescenta à equação os bilhetes de próprio punho encontrados em sua casa. Pois ali se explicita o fato de que, até pouco tempo, ele fazia parte de um “grupo”, e que esse grupo era islâmico.

Meus pais por não seguirem a religião com devoção sempre desconfiam d mim [...]. Já errei com minha família mas aí mudei com o Alcorão. [...] Tive uma briga com o Abdul por causa do Phillip. [...] Resolvi falar sobre a menina q me convido a ir a igreja dela e antes d eu terminar ele já foi se exaltando dizendo que eu era para cortar ela logo no início ao invés de ouvi-la. Depois disso ele me ligou umas vezes e eu disse q estou saindo por respeito ao grupo. Eu também me considero errado por ouvi-la... [...] Essa minha saída do grupo me deu forças para reconhecer q agi errado em escuta aquela mulher. Eu não gostei d sair mas sei q é o certo. [...] Eu estou fora do grupo mas faço todos os dias minha oração do meio dia q é a d reconhecimento a Deus e as outras 5 q são d dedicação a Deus e umas 4 h do dia passo lendo o Alcorão. Não o livro pq ficou com o grupo mas partes que eu copiei para mim e o resto do tempo eu fico meditando no lido e algumas vezes medito no 11/09 (Daniel Milazzo “Veja trechos dos manuscritos do atirador de Realengo encontrados pela polícia do Rio”, UOL Notícias, http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/04/12/veja-trechos-dos-manuscritos-de-atirador-do-realengo-encontrados-pela-policia-do-rio.jhtm).

As inferências não são difíceis. Foi dito pelos parentes e confirmado por vizinhos que o assassino não fazia outra coisa além de usar a internet. Sabe-se que a internet é uma das ferramentas mais utilizadas pelos militantes islâmicos para fazer e manter contatos. Foi a internet, portanto, que permitiu a um Wellington do subúrbio carioca entrar em contato com indivíduos fora de seu meio social e cultural, os Abdul e Phillip de quem ganhou um exemplar do Corão depois devolvido. Mas não foi apenas um exemplar do Corão que ele recebeu. Ele também recebeu uma formação devidamente islâmica: apenas muçulmanos praticantes e estudiosos ou interessados sabem, por exemplo, que a prática do islã implica na prática de cinco rezas diárias, sendo a do meio-dia a mais importante, assim como na leitura e no estudo do Corão. O assassino de Realengo não tirou tudo isso de sua própria cabeça “delirante”, mesmo porque, tudo isso está islamicamente correto.

Além de se poder presumir que o suburbano carioca localizou algum grupo islâmico na internet (e não que o grupo o tenha localizado, pois se tratava de um anônimo), os bilhetes provam acima de qualquer dúvida razoável que o contato foi feito (ele portanto não aprendeu a ser muçulmano num “curso a distância” pela internet). Não é difícil inferir, então, que tal grupo tenha identificado no futuro assassino suas características psicopáticas mais do que evidentes, e partido para sua instrumentalização. Tais grupos, afinal, existem para isso. O vídeo, em todo caso, pela forma como aborda o ataque, demonstra que os “irmãos” esperavam pela ação, apesar do recente desligamento do grupo.

Os irmãos observaram que eu raspei a barba. Foi necessário, porque eu já estava planejando ir ao local para estudar, ver uma forma de infiltração. [...] Como eu precisava ir ao local e interagir com pessoas, para não chamar atenção, eu decidi raspar a barba (“Atirador justifica massacre em Realengo em vídeo”, UOL Notícias, http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/04/12/atirador-justifica-massacre-em-realengo-em-video-mostra-telejornal.jhtm).

A conclusão lógica, e inevitável, a partir dos dados disponíveis, ou seja, da incorporação necessária de todos os dados disponíveis, é que algum grupo de ativistas islâmicos, não importa quão pequeno ou importante, de alguma forma serviu de gatilho para que um psicopata pobre, isolado e desmotivado de um subúrbio brasileiro decidisse perpetrar um massacre.

Nesse contexto mais completo, tanto o bullying que, de fato, o assassino sofreu no passado (mas num passado já distante) quanto seus agora notórios problemas sexuais seriam ingredientes integrados à sua instrumentalização: foram elementos necessários mas não suficientes, como o prova a própria instrumentalização – cujo caráter afinal se revela terrorista pelo resultado da cadeia de eventos. Mesmo o fato de o alvo preferencial terem sido pré-adolescentes do sexo feminino permite a integração dessas variáveis, pois aos problemas sexuais do assassino se junta a brutal misoginia do islamismo radical.

Verdade ou mentira?


Recebi este e-mail, acompanhado dos correspondentes gráficos (de fonte identificada), os quais, no entanto, não consigo transcrever aqui. De qualquer modo, reproduzo o texto.

É por causa disto, que vai ver em baixo, que o FMI foi chamado!

Se está agradado com estes dados tem a obrigação de ir votar na continuidade... se não está e ainda não emigrou, deve ponderar bem no que pensa fazer.

Universidade Católica - Gráficos Arrepiantes!!!... Excepto para os dois principais de S. Bento onde os gráficos são todos lidos de patas para o ar” como se estivéssemos no Éden….

Depois de ter visto na TV os discursos dos principais responsáveis socialistas, tenho que concluir que tudo estava muito bem neste País, que apenas está com problemas desde que o PEC IV foi rejeitado, vivendo até aí na abundância, crescimento, sem desemprego, considerado e respeitado em todo o Mundo, conduzido por uma elite notável de governantes que são dados como exemplo na Europa!

OBRIGADO SOCIALISTAS!

JÁ NÃO ARRANJAM MAIS DINHEIRO PARA GASTAREM? ARRANJEM, QUE OS PAROLOS DOS PORTUGUESES PAGARÃO TUDO.

Será que aqueles milhares de parolos que vi no congresso não têm vergonha de aplaudir aquela cambada? Sinto eu vergonha por eles!

GRÁFICOS QUE ILUSTRAM A SITUAÇÃO ACTUAL DA REPÚBLICA:

1) A média do crescimento económico é a pior dos últimos 90 anos.

2) A dívida pública é a maior dos últimos 160 anos.

3) A dívida externa é, no mínimo, a maior dos últimos 120 anos (desde que o país declarou uma bancarrota parcial em 1892).

4) O desemprego é, no mínimo, o maior dos últimos 80 anos. Temos 610 mil desempregados, dos quais 300 mil são de longa duração.

5) Voltámos à divergência económica com a Europa, após décadas de convergência.

6) Vivemos, actualmente, a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos.

7) Temos a taxa de poupança mais baixa dos últimos 50 anos.

E o meu amigo(a) de que lado da história quer ficar?

Deste, que acabou de conhecer?