03 junho 2011

"A sensação"

... é o título que Nicolau Saião deu a este seu texto, enviado horas atrás:

"Leio, em diversos órgãos de informação nacionais e internacionais, esta notícia que fez manchetes perfeitamente compreensíveis: nos Estados Unidos, o indivíduo que durante 20 anos teve o controle, após sequestro, de uma rapariga na altura com onze anos e de quem se serviu torpemente com a cumplicidade da mulher com quem estava casado, dando origem a duas filhas, foi condenado a 432 anos de prisão.

O indivíduo, um desses pregadores muito usuais nos EUA (um monomaníaco evidente) foi descoberto e finalmente preso - e depois julgado - porque a rapariga em certo dia conseguiu fugir e se refugiou numa esquadra, apresentando queixa nessa altura.

A sensação que me acomete, é: se fosse em Portugal...! Se fosse em Portugal, digo em resposta simbólica e fazendo apelo a uma interior frustração, indignação e desânimo -reais e apoiados em muitos casos mediáticos - posso suspeitar que o predador seria eventualmente objecto de desculpas as mais diversas.

Se, é claro, na esquadra tivessem podido ligar meia à denúncia...

E isto que digo é, na verdade, terrível, pois sinto e sei que esta desconfiança, muito justificada por inúmeros casos de desleixo e de inconformidade, é partilhada pela generalidade dos cidadãos.

É imprescindível que a Justiça em Portugal seja limpa de escórias.

É preciso, dessa forma, devolver a esperança aos cidadãos, finalmente situados num existir de Direito inegociável e cuja ausência os tem ferido irregularmente. E sobre a qual têm tripudiado mediante a força de que se apoderaram de forma capciosa.

E isso só se consegue se não deixarmos que as desculpas incomportáveis dos sectores corporativos (e dos que lhes servem de anteparo) que capturaram a sociedade de Direito, transformando-a numa herdade de que são em parte "manajeiros", continuem a tergiversar.

Num texto escrito e divulgado em diversos órgãos e países, que referia o estado calamitoso do Sistema Judicial, a dada altura digo meditadamente: "O Sistema Judicial, por razões diversas e inquietantes, é o cancro que está a destruir a Democracia tendencial em que vivemos".

Sabe-se o ponto a que se chegou.

Não podemos deixar que este estado de coisas continue!"


2 comentários:

Anónimo disse...

Em grupos alentejanos tem circulado a notícia de que puseram ilegalmente o telefone deste autor sob vigilancia e que estão a escavar no passado dele para se puderem o mandarem prender. Dizem ainda que como se sabe há cerca de um ano 3 indivíduos encapuçados e armados procuraram agredi-lo, com outros resultados, pois foram violentamente espancados. Isso resultou num processo contra o mesmo, de que foi absolvido e indemnizado. Mais atrás, por ter referido publicamente que durante mais de 20 anos funcionários autárquicos tinham andado a falsificar documentos o que deu que vários fossem responsabilizados teve a sua carreira parada durante 15 anos e só porque ameaçou, processar a autarquia se modificou o assunto e foi colocado no Centro Régio. Conheço este autor desde pequeno e sei que já por várias vezes tentaram agredi-lo e no PREC uma força política meteu empenhos junto do MFA para que o prendessem, mas nada conseguiram.

José Mafra

Anónimo disse...

Obrigado, Mafra, por tomar a minha defesa, pois um alerta é na verdade uma defesa. No entanto, consinta-me que corrija alguns pontos do seu comentário: assim, não foram 3 os indivíduos que tentaram agredir-me e sim dois, o que deu penso eu mais possibilidades de me defender...É que, mesmo tendo praticado pugislismo, contra 3 energúmenos teria as possibilidades diminuidas. E não fui processado, eu é que há um par de anos processei três difamadores e esses é que foram todos condenados. É portanto um pequeno equívoco seu, talvez porque o caso foi prontamente abafado na opinião pública e nem sequer me foi concedido o acto que seria justo, o de limpar o meu nome, que tinham ofendido, mediante texto nesse mesmo jornal onde as ofensas graves foram feitas.
Quanto ao caso dos maus funcionários que agiram da forma que aponta, foi de facto assim, há uma dúzia de anos. Tive, por isso, que purgar vexames e marginalizações como vingança e, apesar de o caso vir num jornal local - ainda que o tenham exilado para uma página interior e semi-"apagado" - a lei e quem devia velar pelas boas práticas não tugiu nem mugiu, o que na época era muito habitual fazer-se (agora não sei como é...espero que tenha melhorado...). Também não foi necessário ameaçar a autarquia com um processo - eu tentei processá-los, sem ameaças, e mais uma vez os sectores legais me entravaram o passo de forma...você entende. O presidente que entrou a seguir, indignado com o caso, colocou-me - por combinação com o sobrinho de Régio, pessoa de bem - na Casa do Poeta, pois eu era ali necessário a seu ver (recebera na altura um prémio nacional, o que me credibilizava como se infere).
Também é verdade o que refere nos tempos do PREC. Mas em Portalegre houve uma tal indignação na população (pois sempre tenho aqui merecido o seu carinho) que os sujeitos desse partido totalitário recuaram - e, caso surpreendente, tendo tido conhecimento disso pelo Dr.Feliciano Falcão, Álvaro Cunhal "deu indicação" aos sujeitos que me deviam deixar em paz (era, conjecturo, um acto tão vergonhoso que o heróico dirigente deve ter entendido que era demais...).
Finalmente, e peço desculpa pela longa resposta, mas creio que era necessária uma aclaração, tenho de facto desconfiado de coisas estranhas, digamos, que têm sucedido ultimamente no meu telefone e, muito mais, no meu portátil...
Mas isso deve ser porque eu sou do Sporting, leão intrépido, e aí devem meter-se outros quês (risos).
Seja como fôr, se os ruídos e os estraganços do meu sistema persistirem, terei de me queixar a quem de Direito, pois apesar de mitigada ainda há, acho eu e espero não estar enganado, lagarto lagarto e deus nos valha, uma Democracia Legal.
ns