02 julho 2011

Encerrado



Terminada a etiquetagem, encerro hoje este blogue. Mas não sem que, antes, deixe ainda um "mimo" enviado, no mesmo sentido, pelo colaborador inestimável que foi, desde há mais de um ano, Nicolau Saião. Melhor dizendo, "meio mimo", uma vez que as minhas insuficiências no que respeita à informática me impedem de o colocar aqui por inteiro. Deste modo, resta-me prometer que, em jeito de continuidade, será o restante dele que abrirá o novo blogue, em meados de Setembro.

Para todos, boas férias!




ALENTEJO REVISITADO


a meu avô Francisco



I



Do rosto que olha o Alentejo é o corpo


mas não somente o corpo a árvore


figueira junto ao mar um pássaro


perto do coração



Trigo que escutamos e que vemos


antes de ser o pão



A mão que desvenda


o sítio exacto da alma


vegetal animal e mineral


em todos os caminhos



Para sempre


um país sob a luz menino imemorial



II



Durante tanto tempo foste


o companheiro das coisas vivas



Terás de encher agora os teus bosques ardentes


de neblina e silencio e animais sem condição



E deverás olhar as coisas mortas


como se todas as manhãs elas partissem



Tudo o que tens e que tiveste outrora


a paz que em vão buscaste tantos anos


nesse lugar fecundo ficará



Quanto oceano quanta sede quanta voz


na escuridão das searas que amanhecem



Alentejo um pão cortado


na sombra dos candeeiros dentro das casas desertas.




in Os Olhares Perdidos