30 junho 2008

Recomendo...


... a leitura disto (via Fiel Inimigo) e também disto.

25 junho 2008

Ainda a propósito dos Mistérios Esotéricos da Educação...


... a opinião de José Júdice no jornal Metro de hoje:
Aproveitando uma Conferência Internacional sobre Violência nas Escolas que está a decorrer em Lisboa, a ministra da Educação tentou sossegar os portugueses garantindo que, embora a indisciplina seja generalizada, os “fenómenosde violência estão circunscritos”. O país, disse a ministra, tem de ter a noção de que existe uma distinção entre violência escolar e indisciplina. E qual é essa distinção, perguntam ansiosos os pais e os professores, esperando da boca ministerial o conceito rigoroso que permita ao país, naturalmente confuso, distinguir entre falar ao telemóvel na sala de aula e dar uns sopapos na professora? A resposta, como era de esperar, é nenhuma. “Precisamos de um conhecimento mais aprofundado dessa distinção”, disse a ministra. Para perceber a diferença entre fazer barulho ou andar à pancada, a ministra precisa “de um conhecimento aprofundado dessa distinção”.
A maneira mais simples, e barata, de aprofundar esse conhecimento e contribuir para um melhor esclarecimento das políticas educativas seria enviar um secretário de Estado que se voluntariasse para o sacrifício de dar uma aula numa escola escolhida ao acaso (a Carolina Michaëlis do Porto salta imediatamente à mente, mas pode ser qualquer outra). Se o secretário de Estado fosse interrompido por risadinhas, conversas entre os alunos, ataques com aviões de papel ou toques de telemóvel, perceberia imediatamente o que é indisciplina. Caso os raides com aviões de papel evoluíssem numa escalada de violência para ataques com mísseis mais sólidos, como bolos de arroz, garrafas vazias de Coca-Cola ou ofensivas de infantaria ao sopapo e pontapé, o governante poderia tranquilamente concluir que estava a ser alvo de violência escolar e fugiria da escola mais rico e sabedor. Eventualmente com escoriações e nódoas negras, sim, mas enriquecido interiormente pelo “conhecimento mais aprofundado da distinção” entre indisciplina e violência.
Em vez deste saber de experiência feito, o que faz o ministério? Não faz nada, ou seja, anuncia“um conjunto muito vasto de medidas”: a criação de coordenadores de segurança nas escolas, a criação de uma Equipa de Missão para a Segurança Escolar, o reforço do programa Escola Segura, a colocação de centenas de professores em “comissões”, a criação de “cartões de estudante”, a vigilância electrónica e um exército de pedagogos e psicólogos fechados em gabinetes, provavelmente por receio de que levem pancada dos alunos. Reforçar a autoridade do professor na sala de aulas não lhes passa pela cabeça.

22 junho 2008

É uma pedra!...


... o texto deste e-mail que acabei de receber. Os meus parabéns ao autor, seja lá ele quem for, embora deixe muuuito por dizer quanto à relação entre avaliação, formação académica e investigação.
Jorge Pedreira admitiu hoje o óbvio: a Avaliação do Desempenho não tem por objectivo cimeiro aumentar a qualidade da oferta educativa das escolas e, muito menos, promover o desenvolvimento profissional dos docentes. Nas palavras do Secretário de Estado (que é Jorge mas que de educação nada percebe) apenas visa contribuir para a redução do défice público. — Eureka!
O enigma da má-fé ministerial fica finalmente revelado.
No fórum da 'TSF' da manhã de hoje, Pedreira justificou os motivos pelos quais o ME discorda da proposta de António Vitorino em adiar a avaliação e testar-se o modelo preconizado pelo M.E. em escolas piloto durante um ou dois anos.
Pedreira (o Jorge, que até é secretário da ministra Lurdes), confessou o politicamente inconfessável: *Terá de haver avaliação para que os professores possam progredir na carreira e assim possam vir beneficiar de acréscimos salariais* (sic).
Ou seja, aquilo que hoje se discute no mundo ocidental (democrático e desenvolvido, como rotula, mas desconhece a 'primeira ministra'), gira em torno da dicotomia de se saber se a avaliação do desempenho docente serve propósitos de requalificação educativa (se para isso directamente contribui) ou se visa simplesmente constituir-se em mais um instrumento de redução do défice público.
Nesta matéria, Pedreira (o tal que é Jorge e ao mesmo tempo teima em ser secretário da ministra que também parece oriunda de uma pedreira), foi claro: *Importa conter a despesa do Estado com a massa salarial dos docentes *; o resto (a qualidade das escolas e do desempenho dos professores) é tanga(!!!).
Percebe-se, assim, por que motivo este modelo de avaliação plagia aquele que singra na Roménia, no Chile ou na Colômbia. Países aos quais a OCDE, o FMI, o *New Public Management* americano, impôs: *a desqualificação da escola pública em nome da contenção da despesa pública*; percebe-se, assim, por que razão a ministra Maria de Lurdes (que tem um secretário que, como ela, também é pedreira) invoque a Finlândia para revelar dados estatísticos de sucesso escolar e a ignore em matéria de avaliação do desempenho docente.
Percebo a ministra pedreira: não se pode referenciar aquilo que não existe. A Finlândia, com efeito, não tem em vigor qualquer sistema ou modelo formal e oficial de avaliação do desempenho dos professores!
Agradeço à pedreira intelectual que grassa no governo de Sócrates (que por acaso não é pedreiro — até é engenheiro faxciendo), finalmente nos ter brindado com tão eloquente esclarecimento. Cito-os:
*A avaliação dos Docentes é mais um adicional instrumento legislativo para
combater o défice público*(!).
Obrigado, Srs. Pedreiras, pela clarificação do óbvio.

Depois...

... de terem eleito o Puto Xarila Mais Jeitoso Cá do Bairro, os portugueses...

... em pânico, viram-se já para a Grande Mãe.

20 junho 2008

Não há cu...


... para as paneleirices deste gajo! (via Range-o-Dente no Fiel Inimigo)

Matrapim...


... é quilholimbo!

17 junho 2008

16 junho 2008

A notícia esperada


O Ministro da Cultura convidou sua Excelência, o senhor Presidente da República, para presidir às comemorações dos cem anos do realizador de cinema Manuel de Oliveira.
A notícia não espantou os portugueses. Seria de esperar. O senhor Presidente deve conhecer, de olhos fechados, a obra do mestre...

14 junho 2008

Fernandinho e o gato



Gato que brincas na rua
como se fosse na cama,
invejo a sorte que é tua
porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
que regem pedras e gentes,
que tens instintos gerais
e sentes só o que sentes,

és feliz porque és assim.
Todo o nada que és é teu.
Eu sinto-me e estou sem mim.
Conheço-me e não sou eu.

11 junho 2008

Ainda sem saber o que sairá...


... da reunião dos camionistas, na Batalha:
Há pouco, no jornal da SICNotícias, Ângelo Correia e Ruben Carvalho estiveram de acordo nas suas análises ao problema da paralisação e na solução que lhe dariam. E, quanto a mim, muito bem em ambos os aspectos.
Haverá finalmente esperança de que o bom-senso, neste país, venha a sobrepor-se ao sectarismo e aos interesses partidários?

10 junho 2008

Eles existem...

... os camionistas inteligentes!
No noticiário da TVI apareceram dois, na raia algarvia (salvo erro) ! Um, dizendo que os motoristas estavam a ser utilizados pelos patrões. O outro, alertando os seus colegas de Espanha e França de que isto se trata de uma luta entre das empresas com os governos e que, portanto, deveriam ter cuidado e não se deixarem arrastar para ela.

Raça do homem!


Acossado pelo jornalista que lhe pedia uma declaração sobre a paralisação dos camionistas (a do “Comboio dos Duros”, como, sempre imaginativa e irreverente, a comunicação social a designa), o senhor Presidente da República, especialista na postura “não me comprometo”, arvorou o costumado sorriso manholas de recorte bacoco e respondeu que a ocasião não era propícia, que hoje era o Dia de Portugal. E, perante a insistência do determinado profissional, no meio da atrapalhação em que se sentia não acrescentou, como Guterres, que “é só fazer as contas”. Antes, como alguém da sua idade, azucrinado durante muitos anos pela cartilha de Santa Comba e a quem a memória selecciona já automática e primeiramente o que nela há de mais antigo, acrescentou que se tratava do “dia da raça”, despachando o importuno o mais rapidamente que podia e pôs-se ao fresco, estugando o passo. Coitado, nem deu pela gaffe!
A esquerda é que não perdeu tempo. Iria lá perdê-lo!
A esquerda correcta, podre de chic e da cultura de novas universidades, não poderia, obviamente, calar-se perante tamanho sintoma do regresso de retrógrados obscurantismos. Falou, com hálito a rosas, de mitos e mistificações científicas, de negregados períodos da história do nosso país, de propaganda… A esquerda de sempre, do sempre-povo, lembrou, por seu turno, o que lembra sempre sobre o que sempre há que lembrar.
Porque ele há gente que é mesmo de má-raça! Como há fadistas de raça ou atletas com raça...! E a esquerda de e com raça não se esquece que tem que acabar com a raça dessa raça de gentinha!

08 junho 2008

Uma conspiração de estúpidos


"O país de José Sócrates é um país de ficção, construído laboriosamente por uma eficaz agenda de propaganda. Só que a propaganda já não chega para esconder a realidade."

Luís Marques, no Expresso (via PÚBLICO de hoje)

"Prosseguem as greves e manifestações. Funcionários públicos, professores, enfermeiros, pescadores, automobilistas, camionistas... O mal-estar social é evidente. A grande manifestação de Lisboa atingiu uma dimensão surpreendente. Mas o governo despreza manifestações e números. Diz o primeiro-ministro que só os argumentos lhe interessam, não os números. Coitado! Não sabe que as manifestações e os números são argumentos."

António Barreto, no PÚBLICO de hoje

Eu acrescentaria que Sócrates manda no país no sentido precisamente contrário, isto é, tendo em atenção os números e as manifestações do que e de quem considera importante, e jamais qualquer argumentação que não seja a dos seus próprios horizontes. Eis ao que chama "determinação".
Ora é precisamente isto, o nunca se pôr em causa a si mesmo , o que constitui a raiz e a medida da estupidez.

07 junho 2008

O trabalho não me deixa...

William Blake, Hecaté

... mandar os meus bitaites. Por isso, deixo aqui dois textos que resumem parte do meu ponto de vista sobre o tema.
Até já.
As tradições reclamam um direito ao renascimento e esse direito é caro à consciência europeia, na medida em que esta reconhece o antigo como fonte de modernidade. Os povos descolonizados souberam provocar o renascimento da sua tradição voltando a encontrar o seu ponto cardeal, o seu Oriente (“orientar” significa, etimologicamente, implantar um edifício na direcção do oriente). Foi deste modo que apareceram os conceitos de negritude, arabismo, judaísmo, islamismo, etc., que, recordo, exemplificam paradoxalmente a própria filosofia das Luzes, no seu princípio do direito a governar-se a si próprio. Há, portanto, uma ambivalência neste radicalismo, uma vez que ele é simultaneamente identificação ao outro e distanciação em relação à Europa.
O despertar das tradições desnaturou-se, porque os direitos da tradição são muitas vezes utilizados, nos países descolonizados, não para fins de igualdade e liberdade, mas de submissão, de obediência e de medo. Esquecemo-nos, com demasiada frequência, de dizer que o islamismo armado fez muito mais vítimas nos próprios países muçulmanos do que nos cristãos (contam-se mais de 100.000 mortos na Argélia). Conclui-se que o pertencer a uma mesma cultura ou a uma mesma religião não é uma garantia de tolerância ou de felicidade política. Porque não é a ligação cultural que faz a ligação política, mas a ligação civil.
Outro aspecto que torna desumanos os direitos culturais é o facto de a condição cultural árabe, judaica, muçulmana, corsa, basca sérvia, ocidental, etc., os colocarem acima da condição humana. É aqui que a ilusão cultural provoca os maiores estragos: quando acreditamos que somos humanos apenas por termos uma cultura e não por natureza, sempre que encerramos a dignidade do homem na sua origem étnica, religiosa, nacional ou imperial. Deixamos então de entender a expressão “cultura” como um aperfeiçoamento livre de nós próprios, mas como uma entrega de consciência a um princípio determinista. (…)
Em terceiro lugar, os direitos da tradição pecam precisamente por julgarem combater a modernidade, juntando-se àquilo que ela tem de pior, a difusão maciça de novas idolatrias que a técnica torna prodigiosas. O fanatismo é um valor seguro para os media, de que é sabido usurparem os direitos do pensamento. Se definirmos, acompanhando Condorcet, o obscurantismo como a “tirania que a astúcia exerce sobre a ignorância”, existe um obscurantismo próprio da comunicação que se constitui em dirigente do espírito humano. A comunicação, embora sendo o primeiro utensílio de informação do mundo, é o último em termos de inteligibilidade. Explora-se a ilusão da expressão, mas não a faculdade de nos compreendermos. A comunicação aumenta o ininteligível, quando a primeira missão de uma cultura suportável é a de tornar o mundo inteligível, ou seja, para retomarmos o título de um opúsculo de Kant, tornar o homem capaz de “se orientar no pensamento”. A desorientação, funcionando na comunicação, traduz-se num reforço cultural reduzido às paixões da opinião. O objecto religioso torna-se, indiferentemente, em objecto publicitário e o objecto publicitário em objecto religioso. A intolerância é sempre mais bem servida pela arma que a deveria vencer.


Helé Beji, "A Cultura do Inumano", in J. Bindé, Para Onde Vão os Valores, 2004

Envergonhados pelo domínio durante tempo exercido sobre os povos do Terceiro Mundo, juramos não mais recomeçar e - resolução inaugural - decidimos poupar-lhes os rigores da liberdade à europeia. Com medo de exercer violência sobre os imigrados, confundimo-los com a libré que a História lhes talhou. Para lhes permitir viver como lhes agrada, recusamo-nos a protegê-los contra os delitos ou os abusos eventuais da tradição de onde emanam. Com o fim de atenuar a brutalidade do desenraizamento, voltamos a colocá-los, de pés e mãos atados, à disposição da sua comunidade e conseguimos assim limitar aos homens do Ocidente a esfera de aplicação dos direitos do homem, embora acreditando alargar esses direitos, ao ponto de introduzir a faculdade deixada a cada um de viver na sua cultura.
Nascido do combate pela emancipação dos povos, o relativismo desemboca no elogio da servidão. Quer isto dizer que é preciso voltar às velhas receitas assimilacionistas e separar novos recém-chegados da sua religião ou da sua comunidade étnica? A dissolução de qualquer consciência colectiva deve ser o preço a pagar pela integração? De forma alguma. Tratar o estrangeiro como indivíduo não é obrigá-lo a moldar todas as suas condutas às maneiras de ser em vigor para os autóctones, e podermos denunciar a desigualdade entre homens e mulheres na tradição islâmica sem, por isso, querer vestir os imigrados muçulmanos com uma libré de empréstimo ou destruir os seus laços comunitários. Apenas aqueles que raciocinam em termos de identidade (e portanto de integridade) cultural pensam que a colectividade nacional necessita, para a sua própria sobrevivência, do desaparecimento das outras comunidades. O espírito dos tempos modernos, no que lhe diz respeito, acomoda-se muito bem à existência de minorias nacionais ou religiosas, com a condição de estas serem compostas, segundo o modelo da nação, por indivíduos iguais e livres. Esta exigência implica lançar na ilegalidade todos os usos - incluindo aqueles cujas raízes mergulham no mais profundo da História - que ofendem os direitos elementares da pessoa.
É inegável que a presença na Europa de um número crescente de imigrados do Terceiro Mundo coloca problemas inéditos. Estes homens, empurrados para fora da sua terra pela miséria e traumatizados, ainda por cima, pela humilhação colonial, não podem sentir, em relação ao país que os recebe, a atracção e a gratidão que experimentavam, na sua maioria, os refugiados da Europa oriental. Invejada pelas suas riquezas, odiada pelo seu passado imperialista, a sua terra de acolhimento não é uma terra prometida. Contudo, uma coisa é certa: não é fazendo da abolição dos privilégios a prerrogativa de uma civilização, não é reservando aos Ocidentais os benefícios da soberania individual e do que Tocqueville chama a “igualdade de condições” que nos encaminharemos para a resolução destas dificuldades.

Alain Finkielraut, A Derrota do Pensamento, 1987

Feitios...!


Em Espanha, os pescadores em greve acusam os seus congéneres portugueses de a furarem e distribuem gratuitamente o peixe pela população.

03 junho 2008

A última gota


Confesso que, antes de o ouvir há bocado no programa de Mário Crespo, ainda pensava em João Soares como uma alternativa sofrível a José Sócrates à frente do Partido Socialista. Mas depois lembrei-me de um grande amigo meu, conhecedor profundo dos meios da política portuguesa, que, algum tempo de morrer, muitos anos atrás, me dizia: "Encontras boa gente em todos os partidos. Menos no PS. Aí não encontras ninguém".
É claro que o jovenzinho que eu era, na altura, não lhe deu ouvidos...

01 junho 2008

Excerto de um texto de Baptista-Bastos...


... que me enviaram por e-mail:
(...) Lemos os jornais e não acreditamos. Lemos, é como quem diz – os que lêem. As televisões são a vergonha do pensamento. Os comentadores tocam pela mesma pauta e sopram a mesma música. Há longos anos que a análise dos nossos problemas está entregue a pessoas que não suscitam inquietação em quem os ouve. Uma anestesia geral parece ter sido adicionada ao corpo da nação (...)
É impossível ver qualquer membro deste Governo sem ser assaltado por uma repugnância visceral. O carácter desta gente é inexistente. Nenhum deles vai aos jornais, às Televisões e às Rádios falar verdade, contar a evidência. E a evidência é a fome, a miséria, a tristeza do nosso amargo viver; os nossos velhos a morrer nos jardins, com reformas de não chegam para comer quanto mais para adquirir remédios; os nossos jovens a tentar a sorte no estrangeiro, ou a desafiar a morte nas drogas; a iliteracia, a ignorância, o túnel negro sem fim.
Diz-se que, nas próximas eleições, este agrupamento voltará a ganhar. Diz-se que a alternativa é pior. Diz-se que estamos desgraçados. Diz um general que recebe pressões constantes para encabeçar um movimento de indignação. Diz-se que, um dia destes, rebenta uma explosão social com imprevisíveis consequências. Diz a SEDES, com alguns anos de atraso, como, aliás, é seu timbre, que a crise é muito má. Diz-se, diz-se. (…)
O facto, meramente circunstancial, de este PS ter conquistado a maioria absoluta não legitima as atrocidades governamentais, que sobem em escalada. (…)
Vivemos num país que já nada tem a ver com o País de Abril. Aliás, penso, seriamente, que pouco tem a ver com a democracia. O quero, posso e mando de José Sócrates, o estilo hirto e autoritário, moldado em Cavaco, significa que nem tudo foi extirpado do que de pior existe nos políticos portugueses. Há um ranço salazarista nesta gente. E, com a passagem dos dias, cada vez mais se me acentua a ideia de que a saída só reside na cultura da revolta.