28 outubro 2009

Da sagrada revolução


No Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, em vista e louvor do povo da Cidade de Deus, mata-se... o povo. É um favor que os guerrilheiros de Allah fazem aos eleitos, enviando-Lhe, desde já, os inocentes e, pelo meio, um ou outro renegado, com quem Ele se irá entretendo, dando-lhe, certamente, o devido tratamento.
Para sofrerem, estão cá os Seus humildes servos, servindo a Deus liquidando os Seus inimigos...
Escusa Ele de ter uma trabalheira a julgá-los no final dos tempos e, quem sabe, até!, correr o risco de se esquecer de algum.
Aproveite-se, além disso, enquanto Saramago olha para a pandilha de Roma...

26 outubro 2009

A cerimónia


Assisto, neste momento, ao discurso de Cavaco Silva na posse do novo governo. Classificá-lo-ia como de ameaçadora solidariedade. Não retira nem uma nuvem de sobre a cabeça do primeiro-ministro.
Neste momento, discursa já José Sócrates. Sob o olhar atento do presidente, sugere, subtilmente por palavras e expressões que entremeia no conjunto, que não deixará de culpar quem lhe entravar a vontade.
O presidente e o primeiro-ministro de Portugal.

24 outubro 2009

Antes de ter, em breve uma conversa com quem me lê...

Paul Gauguin, Cristo no Jardim das Oliveiras


... faço minhas as palavras deste senhor, no Fiel Inimigo.

20 outubro 2009

Referência gostosa


Ao dar uma voltinha pelo Fiel Inimigo, encontrei aqui uma chamada para este post (já agora, vejam também este).
Pelo que, a partir de hoje, o Imprensa Falsa, ficará incluído nos links de referência deste blog.
A bem de todos os portugueses.

19 outubro 2009

Mário Crespo dixit


Diferenças

Assistir ao duríssimo questionamento da comissão de inquérito senatorial nos Estados Unidos para a nomeação da juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal é ver um magnífico exercício de cidadania avançada. Não temos em Portugal nada que se lhe compare. Se os nossos parlamentares tivessem a independência dos congressistas americanos, Cavaco Silva nunca teria sido presidente, Sócrates primeiro-ministro, Dias Loureiro Conselheiro de Estado, Lopes da Mota representante de Portugal ou Alberto Costa ministro da Justiça. O impiedoso exame de comportamentos, curricula e carácter teria posto um fim às respectivas carreiras públicas antes delas poderem causar danos.
Se a Assembleia da República tivesse a força política do Senado, os negócios do cidadão Aníbal Cavaco Silva e família, com as acções do grupo do BPN, por legais que fossem, levantariam questões éticas que impediriam o exercício de um cargo público. Se o Parlamento em Portugal tivesse a vitalidade democrática da Câmara dos Representantes, o acidentado percurso universitário de José Sócrates teria feito abortar a carreira política. Não por insuficiência de qualificação académica, que essa é irrelevante, mas pelo facilitismo de actuação, esse sim, definidor de carácter.
Do mesmo modo, uma Comissão de Negócios Estrangeiros no Senado nunca aprovaria Lopes da Mota para um cargo em que representasse todo o país num órgão estrangeiro, por causa das reservas que se levantaram com o seu comportamento em Felgueiras, que denotou a falta de entendimento do procurador do que é político e do que é justiça. Também por isto, numa audição da Comissão Judicial do Senado, Alberto Costa, com os seus antecedentes em Macau no caso Emaudio, nunca teria conseguido ser ministro da Justiça, por pura e simplesmente não inspirar confiança ao Estado.
Assim, se houvesse um Congresso como nos Estados Unidos, com o seu papel fiscalizador da vida pública, por muito forte que fosse a cumplicidade dos afectos entre Dias Loureiro e Cavaco Silva, o executivo da Sociedade Lusa de Negócios nunca teria sido conselheiro presidencial, porque o presidente teria tido medo das cargas que uma tal nomeação inevitavelmente acarretaria num sistema político mais transparente. Mas nem Cavaco teve medo, nem Sócrates se inibiu de ir buscar diplomas a uma universidade que, se não tivesse sido fechada, provavelmente já lhe teria dado um doutoramento, nem Dias Loureiro contou tudo o que sabia aos parlamentares, nem Lopes da Mota achou mal tentar forçar o sistema judicial a proteger o camarada primeiro-ministro, nem Alberto Costa se sentiu impedido de ser o administrador da justiça nacional em nome do Estado lá porque tinha sido considerado culpado de pressionar um juiz em Macau num caso de promiscuidade política e financeira. Nenhum destes actores do nosso quotidiano tinha passado nas audições para o casting de papéis relevantes na vida pública nos Estados Unidos. Aqui nem se franziram sobrolhos nem houve interrogações. Não houve ninguém para fazer perguntas a tempo e, pior ainda, não houve sequer medo ou pudor que elas pudessem ser feitas. É que essa cidadania avançada que regula a democracia americana ainda não chegou cá.

Do obscurantismo ambientalista


Excerto de um entrevista de Vítor Hugo Cardinali, proprietário do circo com o mesmo nome, ao jornal I, a propósito da proibição de utilizar animais nos espectáculos circenses, bem como a respectiva reprodução em cativeiro. Para ler a totalidade da entrevista, cliquem aqui.

Que crítica faz a esta nova portaria?
Vivemos num país de touradas. Acho que estamos a ser discriminados porque somos o elo mais fraco. Depois, também há muita portaria que sai e não é aplicada. Vai-se a Jardim Zoológico de Lisboa ou ao Zoo Marine e vêem-se lá golfinhos, focas. Qual é a diferença entre eu ter um elefante e o Zoo Marine ter um golfinho ou uma foca? Estão todos em cativeiro... os golfinhos também deviam andar no mar. Os passarinhos também deviam andar soltos e estão em gaiolas. Já perguntei a um biólogo do Instituto de Conservação da Natureza e disseram-me que era a mesma coisa.
É um preconceito?
É um preconceito, mas não acho que seja só contra o circo. As associações de defesa dos direitos dos animais são contra as touradas, contra os animais domésticos. Os animais têm de ser tratados como animais: com dignidade, bem tratados, mas como animais. Deviam preocupar-se com os 25 mil idosos que este país tem em lares, com as 10 mil crianças em instituições sem que ninguém as adopte e com dois milhões de pobres no nosso pais. Os animais que eu tenho vivem melhor do que os dois milhões de pobres deste país. Têm comida a horas, são lavados e desinfectados.
Quanto custa mantê-los?
Por mês gasto 50 mil euros com alimentação. Os frangos vêm sempre de um aviário no Cadaval, que vai levar a carne onde estamos. Desde que proibiram a carne de vaca rejeitada, os animais comem a mesma que nós. Um leão come cinco frangos por dia. O feno vem de Braga - vão ao Algarve, a Trás-os-Montes, a Lisboa. Vou buscar sempre a ração à Malveira, para os animais não terem cólicas. Chego a fazer 500 quilómetros para ir buscar serradura de pinho. Tenho um camião só para o feno, um camião só para a ração, um camião frigorifico.
Mas essa não é a realidade de todos os circos...
Claro, mas não foi por isso que escreveram a nova lei. Nesse caso acabavam com os circos que não tinham condições para ter animais.

13 outubro 2009

Caros clientes habituais (se ainda os houver...)


As minhas dificuldades cíclicas em vir até aqui já são conhecidas. Ao que se tem somado, desde Junho, por motivos vários, aquilo que, cá por casa, é conhecido como a "disposição de velho urso". Aquela disposição em que o primeiro que não está disposto a aturar-me sou eu próprio. O que, a certa altura, tem como resultado sair da caverna a bufar comigo mesmo.
Estou quase lá.
Entretanto, acrescentei o link do blog Tetraplégicos à lista dos favoritos. Descobri-o há minutos. O trabalho nele desenvolvido constitui um contributo importante para todos os cidadãos deste alegado país, pelo que recomendo a sua divulgação.

11 outubro 2009

Arthur Schnitzler (1862-1931)


«Não existe pior desperdício do espírito e do coração do que procurar convencer adversários que não se preocupam absolutamente nada em estar de acordo com eles próprios».

10 outubro 2009

E vejam...


... mais isto.

Do alfabeto da arte


08 outubro 2009

Envelhecendo na frente



05 outubro 2009

5 de Outubro 1143 - 1910

(1830-1910)


03 outubro 2009

Afinal...

Fotografia de Willy Ronis
Atendendo ao que dele fui tendo oportunidade de ler ao longo destes anos, sempre tive Ferreira Fernandes na conta de pessoa de razoável lucidez. Talvez porque o que li também não foi muito. Digo isto porque ontem, no Expresso da Meia-Noite, programa da SICNotícias, num animado debate entre os responsáveis pelo programa (Ricardo Costa e Nicolau Santos), Alfredo Barroso, um destacado elemento do PSD e um professor universitário, de cujos nomes não me recordo, bem como o próprio Ferreira Fernandes, este, respondendo a uma questão do irmão do actual presidente da Câmara de Lisboa, "Quais seriam os ministros deste governo que, se fosse José Sócrates, manteria no próximo?", disse: "Apenas um: Maria de Lurdes Rodrigues".
Não me lembro de o ter ouvido depois justificar o que afirmou. Mas parece-me que só poderia havê-lo feito em razão de uma de duas perspectivas: ou porque considera positivo o trabalho feito pela ministra; ou porque pretende ver levado às suas últimas consequências o desgaste provocado na imagem de Sócrates pela orientação e medidas tomadas pelo Ministério da Educação. Qualquer uma destas possibilidades, porém, revela somente algo que foi objecto de vociferação minha num comentário que fiz a um post do blog Fundação Velocipédica e que o responsável do mesmo decidiu transformar num outro post: revela que Ferreira Fernandes (mais um!) não tem o menor conhecimento do que fala, permitindo-se, no entanto, com enorme desonestidade profissional e cívica, emitir opiniões sobre o assunto. É que ninguém, repito: ninguém, que tenha consciência do que é a escola ou o ensino, bem como as condições a que eles estão sujeitos em Portugal, pode desejar a continuidade das actuais políticas e equipa do ME. Nem mesmo para apear Sócrates de vez, sob pena de acrescentar e reforçar por mais décadas os prejuízos causados ao país pela acção demente de Maria de Lurdes Rodrigues e dos seus secretários.
Afinal, Ferreira Fernandes merece o jornal onde escreve: o Diário de Notícias.

Dos híbridos e eléctricos...


... e do desenvolvimento sustentável - aqui.