26 fevereiro 2008

Ainda na sequência do post anterior...

Goya, O sonho da Razão
... não me lembro de quem disse, a propósito de um assassínio político de terríveis consequências posteriores, que "pior do que um crime, foi um erro". O mesmo se poderia dizer desta equipa ministerial: é que pior do que politicamente reprovável, é imbecil.
E do representante da Associação de Papás, que é de uma imbecilidade tenebrosa.

Rato escondido com o rabo de fora


Tive que trabalhar até agora e, entretanto, fui ouvindo o Prós e Contras. No fim, chamou-me a atenção a antepenúltima frase da intervenção com que a senhora Ministra da Educação fechou o debate. Foi quase textualmente isto: "Os professores estariam todos satisfeitos comigo se eu não fizesse nada".
Dê-se-lhe os parabéns! É de facto difícil ultrapassá-la na arte do insulto reles e da política de vão-de-escada!

16 fevereiro 2008

Pensamento do dia


A bove ante, ab asino retro, a stulto undique caveto.
Guarda-te do boi pela frente, do burro por detrás, e do tolo por todos os lados.

15 fevereiro 2008

Passei por aqui...

Escher

... só para dizer que estou sem tempo nenhum, perdido e atulhado em burocracias apresentadas como organizadoras da vida da nação nos novos caminhos que ela inicia em direcção a. Mas que, no meu caso específico, só revela a mais completa ausência de bússola e sequer de saber técnico.
Pior que deplorável, é grotesco.
Logo que possa, regresso.

11 fevereiro 2008

Relembrando


A propósito de uma troca de pontos de vista que tive ontem com a Abobrinha, deixo aqui um excerto d' A Terceira Vaga, de Alvin Toffler, que se aplica não apenas ao que ele visa directamente, os diferentes cultos religiosos que pululam nos EUA, mas, de facto, a tudo o mais.
Na realidade, o conteúdo exacto da mensagem do culto é quase secundário. O seu poder encontra-se em fornecer síntese, em oferecer uma alternativa para a fragmentada cultura blip que nos cerca. Uma vez essa estrutura aceite pelo recruta do culto, ajuda-o a organizar muita da informação caótica que o (ou a) bombardeia do exterior: quer essa estrutura de ideias corresponda, quer não, à realidade exterior, fornece um conjunto certo de nichos onde o membro pode armazenar os dados que recebe, aliviando assim a tensão da sobrecarga e da confusão. Não fornece verdade como tal, mas sim ordem e, consequentemente, significado.
Ao dar ao membro o sentimento de que a realidade tem significado - e que ele ou ela devem levar esse significado a pessoas do exterior -, o culto oferece objectivo e coerência num mundo aparentemente incoerente.

08 fevereiro 2008

Depois de o ter ouvido dizer ontem, na entrevista à RTP, que ser artista é hoje outra profissão





Recebido por e-mail


Avaliação do desempenho dos docentes
De acordo com ponto 2 do Artigo 9.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, (itens de referência para os objectivos individuais), passo a apresentar os meus objectivos e respectivas estratégias.
a) A melhoria dos resultados escolares dos alunos; Pretendo baixar o insucesso dos meus alunos, a matemática, de 25% para 20% . No ano anterior a turma tinha 20 alunos dos quais 5 tiveram insucesso (25 %); como este ano a turma aumentou para 25 alunos, se os mesmos 5 não obtiverem sucesso terei uma percentagem de insucesso de 20%. Estou de parabéns. (P.S: Não esquecer de pedir para voltarem a aumentar a turma para o próximo ano). Estratégia II: não me aumentando a turma, e como o Ministério diz que não precisam de ter aproveitamento a matemática (podem transitar com nível 2 a duas ou três disciplinas), vou oferecer 2€ sempre que um aluno tenha positiva num teste. (P.S: se 2 € não resultar terei de pensar em 5€ e já não vou de férias para a praia ).
b) A redução do abandono escolar; Pretendo obter 4% de abandono escolar, que corresponde a 1 aluno cuja família é constituída por pais toxicodependentes; Se durante o ano lectivo a avó materna que cuida de um dos alunos, por este ter sido abandonado pelos pais, vier a falecer (já tem 80 anos) ou ficar incapacitada de cuidar dele, comprometo-me a adoptá-lo para cumprir os objectivos da minha avaliação; Quanto aos que mudarem de residência sem efectuarem transferência, encarregar-me-ei de descobrir a nova morada e contactá-los pessoalmente para que assinem os papéis da transferência (P.S: espero que nenhum dos ucranianos regressem ao seu país pois a 5€ por positiva, não vou poder ir à terra deles tratar dos papéis);
c) A prestação de apoio à aprendizagem dos alunos incluindo aqueles com dificuldades de aprendizagem; Comprometo-me a prestar apoio a todos explicando individualmente a matéria que tinham que estudar e resolvendo os exercícios que tinham para TPC, mas que não fizeram pois como me disseram "tenho mais que fazer que ir para casa fazer TPC's"; (P.S: 90 min de aula a dividir por 25 alunos dá 3,6 min a cada um; será que aquela programação de matemática que previa 8 aulas para uma unidade contou com este tempo?)
d) A participação nas estruturas de orientação educativa e dos órgãos de gestão do agrupamento ou escola não agrupada; Como não sou titular só poderei ser director de turma, o que farei se me atribuírem o cargo (que remédio); (P.S: se não me derem o cargo de DT será que ficarei em falta? Se calhar é melhor pedir para, por favor!, por favor!, me darem o cargo);
e) A relação com a comunidade Proponho-me a estabelecer boas relações com a comunidade, não reagindo se for insultado ou agredido por alunos ou EE. Não sei se é com a escolar se é com a local por isso pelo sim pelo não estou a pensar organizar uma recepção, com buffet claro, a todos os alunos e EE e convidar também os elementos da Junta de Freguesia (P.S: se não me deixarem fazer a recepção na escola tenho de alugar um espaço; NOTA: se alugar o espaço à Junta até estou a contribuir para as boas relações, pois uma rendazita é sempre bem vinda para a autarquia)
Agora não posso pensar em mais itens; A minha mulher está a chamar-me para atender um aluno que tem os pais desempregados e veio cá a casa buscar umas merceariazitas, enquanto não chega o subsídio de desemprego. É que a mãe já me disse que na situação em que se encontram, não tem dinheiro para mandar o miúdo à escola, mas eu não posso aumentar a taxa de abandono...

Diz-me, Mandrake...


... quais terão sido os motivos que fizeram com que um programa do tipo do Diga lá, Excelência convidasse um Director de uma Polícia Judiciária?
E o que terá levado esse mesmo Director a escolher esse programa para fazer uma declaração que ele sabia ser de carácter muito mais do que melindroso e com tamanhas consequências, a começar pelas recairiam inevitavelmente sobre ele próprio?

07 fevereiro 2008

Minutos atrás...


... no telejornal das 20, ouviu-se o padre Amadeu Pinto, director do Colégio S. João de Brito, de onde saiu tanta boa (e má) gente das elites culturais e políticas deste país, fazer uma crítica duríssima ao Ministério da Educação durante uma cerimónia em que Cavaco Silva participou.
Amadeu Pinto referiu-se às consequências catastróficas para o país das medidas determinadas por esta equipa ministerial, em termos daquilo que, afinal, é comum ouvir a qualquer docente. Na peça jornalística que se seguiu, porém, o secretário de Estado, Jorge Pedreira, falava de rigorosamente nada, fingindo esclarecer tudo o que diz respeito à avaliação dos professores, num exemplar exercício de escamoteação aparolada.
A incompetência é mesmo uma coisa muito triste...! E quando se junta à demagogia manipulatória...

Matraquilho...


... é pinbolim.

03 fevereiro 2008

Traduzindo o que penso e costumo dizer...


... Vasco Pulido Valente escreve hoje, no PÚBLICO:
(...) Talvez convenha perceber duas coisas sobre a corrupção. Primeira, onde há poder, há corrupção. E onde há pobreza, há mais corrupção. Destes dois truísmos resulta necessariamente que quanto maior é o poder ou a pobreza, maior é a corrupção. Portugal junta a uma atávica miséria um Estado monstruoso e autoritário e, por consequência, tem as condições perfeitas para produzir uma enorme quantidade de corrupção. Em Portugal nada se salva da corrupção: nem a administração local, nem a administração central, nem os partidos, nem os "negócios", nem os governos, nem o futebol. A corrupção está íntima da cultura "nacional", no centro da ordem estabelecida, na maneira como os portugueses tratam de si e se tratam entre si.
Não vale a pena, por isso, declamar, perorar, rugir e chorar. O mal só tem dois remédios: o enriquecimento do país, por um lado, e, por outro, uma drástica redução do Estado e, principalmente, da autoridade do Estado. Quanto ao enriquecimento, não parece próximo. Quanto à redução de um Estado com 700.000 funcionários, ninguém até hoje o conseguiu reformar. Pelo contrário, aumentou sempre, intocável e triunfante. Quarta ou quinta-feira, o dr. Silva Lopes perguntava na televisão por que não se metiam, pelo menos, meia dúzia de corruptos na cadeia. Como em Espanha. Ou em França. Ou na América. Não se metem, porque, a meter meia dúzia, acabavam por se meter uns milhares, ou umas dezenas de milhar. E também, evidentemente, porque nenhuma sociedade se persegue a si mesma.