30 abril 2009

A receita


Quando, durante a vintena de anos da ditadura brasileira, as notícias eram censuradas, alguns dos maiores jornais optavam por colocar, no seu lugar, receitas de cozinha, como forma irónica de dar conta da existência de algo cujo conhecimento público os militares pensavam ser inconveniente.
Quando, no Portugal de 2009, o socialismo iluminado me retira o tempo mínimo indispensável à existência de vida própria, sobrecarregando-me de trabalho tão imbecil quanto inútil, ao ponto de estar para escrever um pequeno texto há duas semanas sem o conseguir, aqui deixo, também eu, uma receita que me parece cada vez mais traduzir, pelo requinte, os tempos que correm neste nosso querido jardim à beira-mar (receita recolhida num site brasileiro - clicar no texto):

28 abril 2009

Podia ser este o caso...


... mas (infelizmente!) até nem é. Volto na quarta-feira, à noite.

21 abril 2009

Segunda introdução a um desabafo: poema de Pessoa...

Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...
Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.
Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho
Nem até
Café.
... a propósito disto.

15 abril 2009

A ter em atenção


Ora leiam.

13 abril 2009

Aqui fica a homenagem...

Modigliani, Nu Vermelho
...deste blog...

... às vítimas da Loja do Cidadão de Faro.


09 abril 2009

Para variar...


... as contas sairam-me furadas quanto a tempo disponível e não consegui ainda nem recomeçar uma postagem regular nem responder por email a quem disse que iria fazê-lo por estes dias. Mas deixo, para já, registadas as palavras de Henrique Neto, na SICNotícias (não consegui colocar aqui o link para o vídeo), quando referiu a existência de "empresas do regime" e disse que, para isso, bastaria haver por lá um ex-ministro.
Não pronunciou, segundo o que ouvi, a palavra "sinistro". Mas precisaria dela para que no nosso espírito surja, clara, a imagem de tentáculos que se estendem, progredindo pela beira-mar até aos nossos corações?

06 abril 2009

Elogio da Assembleia da República


A Assembleia da República acaba de mostrar a sua verdadeira face, ao estipular que os senhores deputados só precisam de justificar ausências que excedam os cinco dias. A justificação de tal decisão assenta na superior honestidade que se supõe que os mesmos possuam.
Assim, de uma penada, a digníssima instituição, rosto escrito e escarrado da lusa democracia de antanho, pôs tudo e todos no seu devido lugar. Com efeito, se já seria impossível aos portugueses suspeitar da idoneidade e elevação dos seus representantes, dado o superior nível intelectual e de fino trato demonstrado nas discussões acaloradas que entre si mantêm em prol do engrandecimento pátrio, verdadeiros espelhos da mútua admiração e consideração que anima os representantes do povo, inestimáveis e insubstituíveis instrumentos de pedagogia cívica para a formação dos portugueses do futuro, a partir de hoje não haverá mais dúvidas. A Assembleia assumiu, à sua dimensão e no seu âmbito, a tendência internacionalmente florescente do que é conhecido por “sair do armário” e assumiu-se, decidida e corajosamente, como consciência moral da nação. O “Magalhães”, golpe de asa que somente os dotados de genialidade poderiam alcançar, iluminou o caminho; a instituição política maior do país reforça agora, firme e inexoravelmente, o caminho da modernidade ética.
Frontalmente, da direita à esquerda (ninguém se opôs ou sequer se dispôs a falar sobre o assunto publicamente), os senhores deputados, sem abusarem de subtileza, disseram desta maneira aos restantes compatriotas que, se os elegeram, é porque neles é patente a superioridade dos grandes homens, que os isenta de terem que se justificar os actos que, a serem praticados por outrem, seriam motivo de suspeita ou condenação. E que os senhores deputados, em consonância com o governo, no seu louvável afã de prover à moralização e dignificação do nosso querido torrão de terra europeu, se apressam a estipular e a aprovar, para glória sempiterna dos trabalhos hercúleos da sua legislatura, as disposições que atestam esse facto e essa sua condição.
Os senhores deputados disseram, pois, a todos nós, com a delicada arte e o sublime sentido pedagógico que lhes são próprios: “Observai os nossos actos em silêncio, meditai humildemente sobre o seu significado, reverenciai a autoridade da sabedoria que nos trouxe inevitavelmente até aqui e que por vós foi confirmada, escolhendo-nos”. Os senhores deputados levaram-nos ao espelho, mostrando-nos a nossa condição de escória moral de quem há que desconfiar, a quem há que educar. Estabeleceram, num decisivo gesto, a fronteira que, aquém-fronteiras, define indubitavelmente a real virtude que permite a qualquer um achar-se português: a impunidade no decidir para si em nome do alheio. Revelaram-nos com exacta mestria o significado dos conceitos de honra e de vergonha, recortando-os em perfeito contraste. Deram-nos a medida da legitimidade da sua força, afirmando, através do senhor deputado Lello (condenado seja para sempre quem com o seu nome fizer trocadilhos!), que estas medidas poderiam ter ido ainda mais além e que a Assembleia não anda a reboque dos órgãos de comunicação.
É que os senhores deputados são, afinal, a nata do silêncio em que se fazem ouvir.
Nota final: escrito de rajada e sem revisão ou emendas, passadas ou futuras.

De como o poder é obscurantista...


... ou do papel do conhecimento em política.

03 abril 2009

Coisas...

Isaac Asimov

... com verdadeiro interesse.

02 abril 2009

Viva!


Retomarei as blogadelas durante o fim-de-semana. Uma vez mais, para todos, conhecidos e desconhecidos, que ainda persistem em passar por aqui, o meu abraço. Aos que me contactaram por e-mail, prometo uma resposta a partir da próxima segunda ou terça-feira.