09 julho 2010

Mais uma...


... deliciosa missiva de Nicolau Saião:

Eu até sou um tipo afável - como dizia o filósofo... - mas não percebo nada de futebol. Ou seja, nunca poderia acertar numa só previsão que fosse, em termos de bola mundial - ao contrário do polvo (creio que sabem do que se trata, o polvo das previsões num aquário de algures) que, contudo, parece que terá como destino ir acabar em apaladado arroz malandrinho.
É assim que cá (lá) se tratam as pitonisas modernas? Isto diz bem do respeito que por lá (cá) se tem pelo sagrado - e há algo mais sagrado do que um vigoroso derby?
Mas da minha pouca sabença filosófico-religiosa (há lá coisa mais religadora do que um belo golo, depois de uma jogada inesquecível!) sempre saberei, talvez, isto: que independentemente do aproveitamento que o Zapatero (o nome deste tipo, tão real politik, sempre me fez farnicoques) e sus diversos muchachos vão fazer, os nuestros manos que andam entre as quatro linhas mostraram até agora pelo menos isto: que um pouco de trabalho e de garra, caldeada por uma certa sensatez, sempre dá bom resultado. Seja na bola ou na vida societária, vulgo países, que dantes eram nações e hoje se parecem mais com involuntárias associações de consumidores. (E vá lá que inda se vai tendo para consumir alguma coisa, não é como naquela loja romena do tempo dos amanhãs que cantavam onde só havia, como mostraram as inúmeras agências noticiosas de todo o lado, ossos de suíno e de vaca para fazer/dar gostinho a sopa...). Adiante.
Ou seja: polvo por polvo prefiro, mesmo distanciado, o da bola. Clarificando melhor: o das previsões. O do arroz malandrinho, coitado dele, que merecia pela ajuda que deu a distrair as gentes, acabar de velhice num zoológico. Mas a tolice e a superstição - mesmo engraçadas - têm razões que a razão desconhece...
Dedico o envio de hoje aos espanhóis, ao povo espanhol que me habituei a estimar. E que, tal como os portugueses de bem, não alinham com polvos (dos outros, está de ver!).
O abrqs proverbial e nominal do vosso
ns

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