02 abril 2008

Sugestão


Richard Marchand, Televisão
Cerca de duas horas e meia atrás, o jornal das 13h na televisão pública anunciava a presença em Portugal de um dos melhores cem psicólogos do mundo, aquele que detectou a mentira no rosto de Clinton aquando do "caso Mónica Lewinsky" e que, sendo especialista nessa área, já formou alguns milhares de agentes destinados a detectar terroristas em aeroportos através da análise das expressões faciais dos passageiros. Tendo-lhe sido pedido para se pronunciar sobre os pais de Maddie McCann, continuava a peça, exigiu uma entrevista directa ao casal, que não foi aceite.
A sua maior especialidade, porém, é o que diz respeito aos políticos, pelo que a RTP o convidou a analisar algumas imagens dos comandantes partidários portugueses, começando pelo primeiro-ministro.
Segundo o psicólogo (não memorizei o seu nome), José Sócrates mostra-se encantador, alguém com quem se teria muito gosto em conversar descontraidamente enquanto se toma um copo. Na entrevista que dá a um jornalista, a sua expressão facial é a de um lutador que denota descontentamento consigo próprio, no sentido de um dever ainda por cumprir (ver correcção no post acima) e parece revelar algum aborrecimento por ter que voltar a responder a perguntas que já lhe foram feitas anteriormente várias vezes. Segue-se-lhe, na rua, Francisco Louçã que, se possível, é ainda mais encantador do que Sócrates! "Chaaarming", verdadeiramente inultrapassável nesse tipo de "performance" da política que é comum a todos os dirigentes. E agora vem, também na rua, Paulo Portas.
Ouve-se um riso bem disposto, um gesto largo para o monitor de quem vai dizer qualquer coisa, "este...". As palavras com que põe a claro a personalidade dos restantes opositores ao primeiro-ministro desaparecem da peça a partir deste momento. No que respeita a Portas fica apenas esse gesto que, sem elas, assume um significado puramente depreciativo, referente a alguém de quem nem vale a pena falar (por farsante? por ridículo?). Sobre as imagens de Filipe Menezes e de Jerónimo de Sousa, ainda mais brevemente incluídas (Menezes visto somente do pescoço para cima a ler calmamente um discurso) fala-se do político como um actor. As considerações sobre o tema terminam, porém, com novas imagens de José Sócrates, acompanhando a ideia de "actor de sucesso".
A polícia política brasileira dos tempos da ditadura recebeu formação da PIDE. Penso por isso que, agora, os responsáveis pelos canais públicos, públicos e privados, da democracia poderiam ensiná-la proveitosamente a Mugabe ou, ainda melhor, enquanto reforço do estreitamento das relações lusófonas, a José Eduardo dos Santos. Não tenho a menor dúvida de que esta sugestão seria muito bem recebida por ambos.

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