Chirico, O Arqueólogo
Os 60 anos da refundação do Estado de Israel foram comemorados há poucos dias.
Em Israel organiza-se Love Parades (blheeerrrggh!) e são permitidos casamentos homossexuais.
Ao lado, num dos países mais permissivos do Médio Oriente, o Egipto, o guarda-redes da selecção nacional de futebol está em risco de ir a tribunal, acusado de libertinagem por fazer publicidade a uma marca de vinho na sua camisola.
A esquerda-das-orelhas-de-burro reflecte ideologicamente o que critica à direita e prefere apoiar o status quo socio-teológico mais reaccionário e isolacionista do planeta, tanto mais reaccionário quanto agressivamente rancoroso. Em nome do internacionalismo e da defesa dos povos oprimidos.
A "Europa" curva-se ao peso dos tiranetes matarruanos e esclavagistas, novos-velhos-ricos subitamente enriquecidos pelo petróleo de que ela depende. E ressuscita discretamente, em anedotas murmuradas pelos cantos da boca e dos corredores, os velhos estereotipos justificativos do injustificável, para de novo justificar a sua má-consciência. Ao mesmo tempo, deixando aos Estados-Unidos a tarefa do óbvio, apresenta-se na sua propaganda, perdão!, comunicação social como "progressista e humanista"... de esquerda - aquela que já não há (se é que alguma vez a houve). E isto para aliviar um segundo lado da sua outra má-consciência ressentida: a de o que "Herói Salvador", que libertou a sua cultura (e não foi esta, no seu melhor, determinada pela cultura judaica?!) da distorção aberrante dessa mesma cultura que foi o nazismo, tenha tido que atravessar o Atlântico.
É que a Europa nunca teve a grandeza de assumir os seus erros. A mesma Europa que, no século XVIII, acobardada perante os turcos , preferia as cedências à solidariedade, deixando Viena à mercê dos invasores.
E tanto que dependemos do heroísmo da presença de Israel no seu território histórico...!
Nota: A esquerda que para aí baboseia alguma vez terá posto os olhos no livro Israel, do (anarquista) Erico Veríssimo, que eu li ainda adolescente?
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