04 março 2009

Pelo correio


Não possuo informação que considere suficiente para discutir o que diz respeito à legitimidade do Duque de Bragança face a outros candidatos à herança do trono. Interessa-me, isso sim, discutir a racionalidade e o mais que monarquia e república põem em jogo nas suas pretensões a constituirem o melhor espelho e a melhor ferramenta da organização político-social.
Nesse sentido, na medida em que a voz dos monárquicos tem sido ignorada e abafada a partir de 1910 e que aquilo que é oficialmente veiculado, desde o ensino aos órgãos da comunicação, é a versão dos revolucionários republicanos, tenciono colaborar com a difusão dos seus pontos de vista, independentemente da facção que defendam. Sob condição de, evidentemente, se inserirem numa perspectiva democrática.
Passo, por este motivo, a transcrever este texto que me foi enviado ontem.

Abaixo divulgamos a mensagem de D. Duarte de Bragança, chefe da Casa
Real Portuguesa e presidente de honra do Instituto da Democracia
Portuguesa, proferida hoje, por ocasião do encerramento do I
Congresso Marquês Sá da Bandeira em Lisboa:

PERGUNTAS À DEMOCRACIA

D. Duarte de Bragança

Tem vindo a crescer em Portugal um sentimento de insegurança quanto
ao futuro, sentimento avolumado por uma crise internacional,
económica e social, de proporções ainda não experimentadas pela
maioria dos portugueses. São momentos em que importa colocar
perguntas à Democracia que desejamos.

Admitindo-se que a situação concreta é grave, torna-se necessário
encará-la de frente, antevendo todos os aspectos em que os
portugueses experimentam dificuldades.

Os tempos de crise vão-nos trazer privações mas também vêm
exigir reflexão. Este é o momento de olharmos para o que somos.
Para este país tão desaproveitado. Para a sua costa atlântica com
Portos tão ameaçados, para uma fronteira tão vulnerabilizada, para
um património cultural tão desaproveitado.

Temos de perguntar até onde deixaremos continuar o desordenamento do
território, que levou a população a concentrar-se numa estreita
faixa do litoral, ocupando as melhores terras agrícolas do país e
esquecendo o interior, reduzido a 10% do PIB.

Temos de perguntar à economia portuguesa por que razão os bens de
produção são despromovidos perante os “serviços”, o
imobiliário, e ultimamente, os serviços financeiros. O planeamento
das próprias vias de comunicação se subjugaram a essa visão.

Temos de perguntar até onde o regime democrático aguenta, semana
após semana, a perda de confiança nas instituições políticas e
uma atitude de “caudilhização” do discurso.

Temos de perguntar até onde continuaremos a atribuir recursos
financeiros a grandes naufrágios empresariais, ou a aeroportos e
barragens faraónicas que são erros económicos.

Temos de perguntar até onde o sistema judicial aguenta, sem
desguarnecer os direitos dos portugueses, a perda de eficácia e a
morosidade crescente dos processos.

Temos de perguntar se não deveríamos estabelecer um serviço de
voluntariado cívico em que os desempregados possam prestar um
contributo à comunidade.

Temos de perguntar até onde as polémicas fracturantes que só
interessam a uma ínfima minoria política, não ofendem a imensa
maioria das famílias, preocupadas com a estabilidade pessoal e
económica.

Temos de perguntar como vamos aproveitar o ciclo eleitoral que se
avizinha, a começar pelas eleições europeias, onde será
desejável que apareçam independentes que lutem pelos interesses
nacionais.

Temos de perguntar se nas relações lusófonas, estamos a dar
atenção suficente às relações especiais que sempre existiram
entre Portugal e o Brasil.

Para ultrapassarmos as dificuldades, precisamos de todos os nossos
recursos humanos em direcção a uma economia mais “real”, mais
sustentada, mais equitativa, uma economia em que respirem todas as
regiões a um mesmo “pulmão”.

Apesar de tudo, o nosso sector bancário fugiu das estrondosas
irresponsabilidades dos congéneres mundiais. Saibam os Governos
regulamentar os apoios para as empresas grandes, médias ou pequenas
mas que sejam produtivas.

Em regime democrático, exige-se processos e discursos ditados pelo
imperativo de responsabilidade. A equidade e integridade territorial
só poderão ser obtidas com a participação de todos, e com
sacrifícios para todos.

Estamos confiantes que somos capazes de fazer das nossas fragilidades
as nossas maiores vantagens. Onde outros tiveram soluções muito
rígidas que falharam, nós venceremos promovendo os portugueses que
lutam por um país de imensas vantagens competitivas.

Mostremos como somos um grande País, uma Pátria em que todos cabem
porque acreditam na Democracia. Portugal precisa de mostrar o seu
projecto para o século XXI. Pela minha parte, e pela Casa Real que
chefio, estou, como sempre, disponível para colaborar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Isto estaria muito certo se o Senhor Duarte fosse o duque de Bragança.
Em breve o assunto ficará deslindado, pois corre um processo administrativo relativo ao dito senhor.
Mas de facto a monarquia neste momento é uma esperança para Portugal e não só.
Disso dá testemunho D.Rosário, Duque de Bragança e herdeiro por abdicação de D.Maria Pia, filha e herdeira de D.Carlos, conforme até documentos de Afonso XII de Espanha, em carta à mesma Senhora, demonstram.
Viva Portugal!

José Travassos Valdez

confraria_da_alfarroba sociedade de irresponsabilidade e limitada disse...

viva a republica (ainda que das bananas)!... e viva a república do algarve e o seu legítimo movimento independentista - o ganda MIJA!

Anónimo disse...

O caro Valdez está errado, tudo está clarificado aqui :

http://reifazdeconta.blogspot.com