21 março 2010

Da poesia

António Aleixo

Nicolau Saião, de quem tenho recebido uns quantos belos (alguns, belíssimos!) textos, cujo conjunto publicarei num único post durante esta semana (estejam, portanto, atentos), enviou-me há bocadinho um excerto de uma entrevista dada pelo professor e ensaísta brasileiro Luís Costa Lima à revista Sibila, publicada no Brasil e EUA, na qual afirma isto, que eu subscrevo inteiramente (quanto à fotografia do Aleixo, bem... não será difícil perceber, pois não?):

"Estou plenamente de acordo em que o melhor incremento à mediocridade invasora está no que chamo de “doença senil do ‘espírito 68’”. Por preguiça, comodismo, covardia, se não mesmo por ignorância, aceitamos como poesia o que não passa de uma balbúrdia de associações livres ou lembranças eróticas ou sentimentais passíveis de ser reconhecidas por qualquer um. Se o autor de tais banalidades encontrar um canal que o difunda e um marqueteiro de prestígio, poderá estar seguro de ser reconhecido como poeta. Duas coisas ademais o ajudarão a se manter neste infame panteão: por um lado, desde que os critérios oficiais foram desmoralizados pelo êxito das vanguardas do começo do século XX, os que se dedicam à apreciação da poesia e da pintura passaram a temer ser reconhecidos como caretas, conservadores e quadrados; por outro, há muito pouco espaço para que discussões de nível se estabeleçam. Por isso, repito, mais importante que a conversa que aqui estabelecemos é a sua própria iniciativa".

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