Volto amanhã. Deixo aqui entretanto, um poema de Armindo Rodrigues, hoje tão esquecido, mesmo pelos seus camaradas de partido, apostados em Saramago. O poeta que, como dizia David Mourão-Ferreira era "um carro de combate carregado de flores".
LIBERDADE
Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Nota
Não sei porquê, mas a grafia do poema não sai correcta no post. O poema tem duas estrofes, a segunda das quais começa em "É estar atado, ....).
As minhas desculpas.
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