04 novembro 2008

Não é óbvio?

Magritte, O duplo segredo
À pergunta sobre o que achava da nacionalização do BPN, Alberto João Jardim respondeu com a sua estranheza quanto ao facto de serem tão constantes e rigorosos no que respeita à fiscalização das contas da Madeira e não terem dado por nada do que se passava mesmo ao pé "deles".
Limitou-se a lembrar o óbvio.
Paulo Portas, pelo seu lado, sugere a Vítor Constâncio que se demita do Banco de Portugal, dado o desempenho que teve até à data e que culminou com este caso, que, segundo as suas declarações, lhe era totalmente desconhecido.
Limitou-se a sugerir o que é óbvio quanto ao que é uma postura honrada e digna.
Teixeira dos Santos afirmou que a nacionalização do banco tinha por objectivo proteger os depositantes e os accionistas. Não referiu os (salvo erro) 900.000.000 de euros que o Estado lá movimenta, escamoteando esse outro motivo, menos altruísta, da sua decisão.
Limitou-se a confirmar o que é óbvio quanto aos governantes que temos.
Manuela Ferreira Leite exigiu que o governo peça desculpa ao PSD por recusar a medida do seu partido de pôr o Estado a pagar as suas dívidas às empresas, como forma de revitalizar a economia, para depois vir anunciar essa mesma medida com grande e filantrópico estardalhaço. E falou das políticas de José Sócrates como "políticas de ilusionismo".
Limitou-se, também ela, ao óbvio.
Menos óbvio, porém, repito, ao que parece, para os militantes do Partido Socialista.
É que estar no poleiro, mesmo interpostamente, sempre confere, para si próprio, alguma credibilidade e importância.
Mais ou menos como, antes do 25 de Abril, qualquer miserável em Portugal se orgulhava de ter um império em África.

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