12 agosto 2009

Da "Ibéria"



Dias atrás, abordei neste post os resultados de uma sondagem aos portugueses sobre à sua aprovação ou desaprovação quanto à integração de Portugal no Estado espanhol. Fingi, na altura, que tomava a sério tal sondagem, não porque ela deixe de reflectir o que de facto se passa na mente de alguns, embora de forma intencionalmente aumentada e distorcida, como nos espectáculos de espelhos das feiras, mas na medida em que isso mesmo me daria azo, desde logo, a abordar uma parte do problema.
Com efeito, contacto diariamente, desde há muitos anos, com uma grande diversidade e quantidade de pessoas e raras foram, até hoje, as que se manifestaram seriamente a favor da união, inclusive aqueles que vivem junto à fronteira. Não acredito, pois, quer na metodologia utilizada quer nos resultados dessa sondagem, mas a pergunta quanto aos fins que ela persegue, bem como à sua utilidade e oportunidade, essa terá que ser posta.
No PÚBLICO do passado domingo, o General Loureiro dos Santos adiantou-se-me, através de um artigo de opinião onde fornece elementos que se encontram fora da minha área de informação, desmontando com subtil ironia a argumentação ligada à defesa do percurso actualmente previsto para o TGV e pondo, ao mesmo tempo e consequentemente, em questão as intenções subjacentes às declarações contrárias à formação da "Ibéria" de grande parte dos actuais dirigentes políticos, dentro e fora do governo e do PS. Neste contexto, a divulgação dos resultados da "sondagem" destinar-se-iam, acrescento eu, a ir preparando o terreno para a aceitação gradual dessa possibilidade por parte de um povo desiludido, cada vez mais auto-depreciativo e descrente das capacidades dos seus mandatários políticos.
Quem a encomendou não será, afinal, muito diferente dos que, em 1580, pensaram aumentar os proventos próprios, apoiando pelas armas essa união. União que, aliás, tal como hoje, em que a oposição ao centralismo castelhano é cada vez mais forte por parte das diferentes regiões de Espanha, iria uma vez mais, ao arrepio da História. Mas certamente de encontro à incompetência, ao provincianismo intelectual, à má-fé, ao oportunismo e à cobardia de uns quantos descendentes do Velho do Restelo.
NOTA: Como não sou assinante do jornal, é-me impossível transcrever o artigo. Aconselho, no entanto, a que, se puderem, o leiam, por suficientemente elucidativo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Loureiro dos Santos....Antiespanhol demais?