Falta pessoal auxiliar nas escolas. Os funcionários desdobram-se o mais que podem, sem o conseguirem, e, assim, nem sempre as instalações se encontram devidamente limpas, os problemas técnicos resolvidos a horas. Este estado de coisas mantém-se e agravou-se, desde há duas décadas, pelo facto de os sucessivos governos terem procurado diminuir o número de auxiliares e administrativos, não admitindo novos elementos à medida que os que lá estão se reformam ou diminuindo o número de admissões.
Os cuidados de higiene determinados pelo Ministério da Educação para evitar a disseminação da gripe A acarretarão assim, necessariamente, um ritmo e um volume de trabalho humanamente insustentável para esses mesmos funcionários, na sua maioria, mulheres, na sua maioria de meia-idade e, portanto, com menor resistência física e anímica, quando não muitas delas já com problemas crónicos de saúde mais ou menos graves. Seria preciso, portanto, prever um reforço urgente do pessoal não-docente nas escolas para evitar esta situação, se tivermos, ainda por cima, em linha de conta que, aos múltiplos atestados por desgaste que inevitavelmente surgirão, agravando exponencialmente tudo isto, se somarão, naturalmente, as ausências, por contágio. O pessoal auxiliar estará, a partir de agora e durante todo o ano lectivo, sujeito a condições de trabalho insustentáveis. Será, possivelmente, por ele que começará um eventual colapso deste ano lectivo.
Os actuais responsáveis pelo Ministério da Educação, porém, bem como a Comunicação Social, apenas falam de verbas (6 milhões de euros) para a compra de produtos de limpeza e seus complementos e dos meios disponíveis; da parte dos Sindicatos, ainda não ouvi nenhuma declaração pública sobre o assunto. Miseravelmente pagos, embora fundamentais para o normal funcionamento das escolas, tanto no aspecto propriamente laboral como no relacional, com alunos e também com professores, a verdadeira condição dos auxiliares de acção educativa revela-se assim, de súbito, em toda a sua crueza, nesta atitude para com eles dos diferentes responsáveis políticos e da área do trabalho, algo cujo título pomposo dado à sua categoria não consegue disfarçar. Encarados frequentemente como gente menor, inúmeras vezes pelos próprios encarregados de educação de igual estatuto social, tal como os professores cada vez mais desautorizados em relação aos alunos, a situação dos auxiliares de acção educativa constitui o inequívoco sinal da permanência do Portugal de antes de Abril, algo de serviçal com laivos de sub-humano, uma espécie de bestas de carga a quem se exige o rendimento que justifique a palha que com eles se gasta na alimentação e que se deixam para trás da porta fechada do estábulo ao fim do dia, para os atrelar de novo, na manhã seguinte, às tarefas que justificam a sua existência.
Mas, quem sabe!, talvez a solidariedade de José Sócrates, da sua ministra-modelo e da respectiva equipa de secretários com os mais desfavorecidos esteja a pensar formar e participar em brigadas de apoio nos seus tempos livres; ou realizar um qualquer live aid com os outros amigos governantes e do partido, em geral. E talvez, até, Louçã se lhe junte. E o camarada Jerónimo, de humilde origem. Talvez a indignação consigo mesmos lhes bata à porta. Talvez.
Que isto do socialismo é uma coisa bonita...! Ele há que nunca perder a esperança...!
1 comentário:
pois... pois...
está aí tudo dito. comentários para quê?
mas gostei da imagem da palha e do estábulo...
esqueceste foi da leite e do portas. também são candidatos ao saque... não?
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