
30 setembro 2010
Pelas devidas compensações aos cidadãos!

29 setembro 2010
Notícias dos construtores do Universo

Um perfeito inútil no seu melhor!

28 setembro 2010
Auxiliar de memória
Ontem à noite, estendi-me frente à televisão e por ali fiquei a ruminar o que ia ouvendo. A partir de certa altura, dada a habitual falta de interesse da programação dos diversos canais quanto a filmes e séries (estava a dar televisão em todos, como diria o Quino pela boca da Mafaldinha), lá fui parar, contrariado, aos habituais canais de informação e aos generalistas. E acabei por me fixar, primeiro na SICNotícias, depois, na RTP1. No Jornal das 9 e no Prós e Contras.
Pousei no Jornal das 9 na altura em que falava já Henrique Neto, velho e digno membro do Partido Socialista. Que não tem por hábito mandar recados por ninguém. E que referia o facto, impensável no Portugal de há duas décadas atrás, face ao nível político e intelectual dos dirigentes de então, de vermos um secretário-geral da OCDE em Lisboa a dizer-nos o que havemos de fazer. E que, prosseguindo, lembrava a intervenção que tivera no congresso do seu partido, ao tempo de Guterres, no qual, contrariando as sonoras proclamações triunfalistas de que a economia ia de vento em popa, afirmara, no meio das sorrisos depreciativos de quem o alcunhava de “derrotista” e de “velho do Restelo”, que, pelo contrário, ela se encontrava em declínio, pelos mesmos motivos que hoje servem para justificar a crise.
E que disse mais: que as suas intervenções estavam registadas para quem as quisesse ler, só que ninguém as lia nem estava interessado em lê-las. E que, quando isso acontecia, eram, em geral, convenientemente deturpadas. E que ao país não será nada fácil encontrar uma saída para o actual estado de coisas. Porquê? Porque a quem está no poder não interessa mudar seja o que for. E quem está no poder? Os boys do PS, para cujo perigo que constituíam Guterres alertava o próprio partido (ingenuidade ou puro desespero?, pergunto eu), dominando a máquina do Estado, emperrando-a, sempre que necessário, para manter o seu estatuto social e económico. Disse-o. Desassombrada e tristemente.
Uma hora e tal depois, eis que aterro no programa da Fátima Campos Ferreira. Desta vez, no momento em que ela punha uma questão ao Professor Jacinto Nunes, ex-ministro de um governo da iniciativa de Ramalho Eanes (em 1977 ou 78, nem eu nem ele nos lembrávamos já) e ex-governador do Banco de Portugal. Jacinto Nunes, que foi sempre um exemplo de competência, seriedade e isenção. E de dignidade. E que respondeu à pergunta da moderadora, sobre se a actual crise política poderia ser atenuada com um governo da iniciativa de Cavaco Silva da seguinte maneira: seria completamente desaconselhável um tal recurso, pois que nenhum partido apoiaria esse governo, já que todos eles se preocupam somente com o seu lugar, influência e poder na política portuguesa, a exemplo do que sucedera àquele de que fizera parte e aos restantes promovidos por Eanes.
E que disse, também ele, mais: disse que os diferentes grupos políticos de hoje se caracterizam pela grosseria, pela má-educação e pela falta de horizontes culturais e cívicos, pela estreiteza de vistas, pela agressividade mútua. Não o disse exactamente por estas palavras, mas aquelas com o que o exprimiu estavam carregadas deste mesmo sentido e nelas ressoavam a tristeza, a amargura e a indignação. Ressoavam discretamente, porque o Professor Jacinto Nunes só deixa transparecer a sua educação, mesmo quando a desilusão lhe amarfanha a alma.
E, finalmente, quando hoje se pôde ouvir, na comunicação social, a senhora ministra da Educação, dizer, com a mais completa impunidade, que considerava o caso do aluno que entrou com vinte valores no Ensino Superior, bem como outros casos semelhantes, “absolutamente normal”, fiquei a pensar que se abrira mais um alçapão, e que aquilo que se julgara ser o fundo, afinal ainda não o era. Para, logo de seguida, sentir que um segundo se abrira, ouvindo-a proclamar a maior fraude de que tenho conhecimento ao nível do ensino, um verdadeiro crime de lesa-pátria designado por Novas Oportunidades, como sendo um “ensino de qualidade”. E, aí, já não pensei em mais nada.
Escrevi isto. Só para eu próprio ter perante mim, sem dó nem piedade, o Portugal em que nos tornámos. Para que a minha memória não esqueça.
26 setembro 2010
25 setembro 2010
À pesca

No Blasfémias
Tolerámos 40 anos de Salazar. E não mudámos assim tanto
Quando Salazar foi eleito o “maior português de sempre” muitos encolheram os ombros: a votação tinha pouco significado e era tudo menos representativa. Mas quando, 40 anos passados sobre a morte do ditador, entramos em qualquer livraria e encontramos resmas de novidades que chegam a encabeçar as listas dos livros mais vendidos, interrogamo-nos: porquê este fascínio por Salazar?
Há uma resposta simples, talvez demasiado simples: a maioria dos portugueses já não viveu como adulto sob o seu regime e, face ao desencanto com os políticos de hoje, acaba a olhar ou para um Salazar mitológico ou para um desconhecido que lhe suscita curiosidade. Esta atracção também é devedora do registo maniqueísta que tem dominado o discurso público sobre o ditador, um registo que não autoriza nuances e alimenta estereótipos.
Mas há outra questão, mais profunda e inquietante: a de saber como foi possível Salazar manter-se no poder durante 40 anos.
Na mais importante obra saída nos últimos meses, Salazar, Uma Biografia Política, Filipe Ribeiro de Menezes prefere contudo olhar para o porquê de Salazar se ter querido manter no poder. O historiador propõe duas razões: “A primeira, e mais importante, era uma crença em si próprio como agente providencial; a segunda era a percepção de que, sem ele no centro, o regime, assente numa aliança tecida de um delicado equilíbrio entre forças conservadoras, desabaria”. Contudo, se “durante a maior parte das quatro décadas [em que governou] a sua principal prioridade foi manter-se no poder”, essa vontade, mesmo que muito forte, mesmo que servida por uma enorme capacidade para gerir os equilíbrios no interior do regime, não explicam só por si a sua longevidade. Também não a explica o aparelho repressivo do regime. Não há dúvidas de que o Estado Novo era uma ditadura que utilizava sem estados de alma instrumentos como a censura, a discriminação e a perseguição dos opositores, a tortura nas prisões e a discricionariedade na aplicação de penas indefinidas, só que a contabilidade da repressão é, por comparação com outros regimes, modesta. Mais: Portugal nunca foi um Estado totalitário, apenas (o que não é pouco) autoritário. Salazar não se preocupava muito com a sua popularidade, mas o regime contou ora com o apoio tácito da população, ora com a sua indiferença, nunca teve de enfrentar uma hostilidade generalizada. Só a organização clandestina do PCP manteve uma espécie de guerra civil com a PIDE, a que a maioria de população foi quase sempre indiferente. Infelizmente o pouco que os portugueses se mobilizaram para terem as suas liberdades de volta é um dado histórico de que não nos podemos orgulhar.
Salazar, para se manter no poder, não teve mais do que interpretar esta maneira de ser do povo português. Ao contrário dos seus antecessores, nem sequer promoveu uma revolução, não teve de substituir as hierarquias nem de gerar novas obediências: teve apenas de promover o que podemos designar como uma “acalmação”, baixando a “febre política” para permitir aos portugueses “viver habitualmente”. Apor isso até aos anos 60, quando as coisas começaram a mudar, os poucos sobressaltos sentidos pelo regime – como aquando do comício da Fonte da Moura, no Porto, na campanha de Norton de Matos, ou sobretudo durante a campanha de Humberto Delgado – nunca foram suficientes para que se sentisse a aproximação do fim do regime.
Não deve pois surpreender-nos que a mesma mistura de apatia, dependência do Estado e iliberalismo continuem a marcar a paisagem política portuguesa. Facilmente é possível encontrarmos quem feche os olhos ao autoritarismo ou ao desrespeito do Estado de Direito desde que lhe falem em “desenvolvimento”. Tal como é fácil assustar os portugueses com a mínima perspectiva de abalo da babysitter estatal. Ou tal como é popular, tanto à esquerda como à direita, criticar qualquer actividade que dê lucro e fugir de tudo o que implique riscos.
Quarenta anos depois da morte de Salazar o país que o aturou pacatamente mudou muito – mas sobretudo à superfície. Salazar já pertence à história, mas os defeitos portugueses que autorizaram o salazarismo continuam a apoquentar-nos. Todos os dias.
24 setembro 2010
23 setembro 2010
Dos grandes princípios da governação
20 setembro 2010
Após denodada luta com o "bicho informático"...
19 setembro 2010
É o que acontece! É o que a-con-te-ce...!!
18 setembro 2010
Heil, Greenpeace!

17 setembro 2010
14 setembro 2010
Ninguém vê? Ninguém ouve?

13 setembro 2010
Da desgraçada lucidez

Excerto de uma entrevista de Luís Figo à TSF, a propósito da sua possível candidatura à presidência da FPF:
«Estou um bocado queimado em relação a Portugal, pelo menos por causa dos últimos acontecimentos em relação à minha pessoa», afirmou.
«A única coisa que posso dizer é que, quando quiser mais problemas, regresso a Portugal», acrescentou.
Sobre o actual momento que se vive na selecção nacional, Luís Figo revelou que já esperava que o caso Queiroz terminasse da forma que se conhece, mas considerou que não foi defendido o interesse nacional.
«Acho que ao abrirem este processo já se sabia o desfecho final, mas penso que se perdeu tempo importante quando está em vista um prioridade nacional, um interesse nacional, como é o caso da selecção», referiu Luís Figo.
11 setembro 2010
09 setembro 2010
Ou bem que se é ou bem que não se é...

08 setembro 2010
03 setembro 2010
Não percebo!

Ainda a propósito de uma cerimónia muçulmana

A Jihad inicia-se após a Hégira, em 625 d.C., e traduz-se, para começar, na conquista pelos exércitos islâmicos, sob comando árabe, do Médio Oriente e do Norte de África. Oitenta e seis anos depois, em 711 d.C., esses exércitos entram na Península Ibérica, dominando-a, na sua quase totalidade, no decurso das duas décadas seguintes, sendo a sua passagem para além dos Pirinéus travada, já em solo Franco, na batalha de Poitiers, em 732 d.C.. Todo este processo, realizado a ferro e fogo dura, pois, cento e sete anos.
Só em 1095, passados mais de três séculos e meio, é que terá lugar a primeira Cruzada, com o intuito de devolver à cristandade o acesso aos lugares santos do Cristianismo, entretanto usurpados pelo Islamismo tanto a cristãos como a judeus. A última delas, a quinta, durará quatro anos, entre 1217 e 1221, e o que resultará do conjunto de todas elas, nesse intervalo de cento e vinte e seis anos, não será sequer o domínio europeu da zona, quanto mais a reconquista da área da África do Norte, toda ela cristã antes da imposição, por via armada, do Islão.
A conquista islâmica dos territórios norte-africanos e europeus nada tem a ver com a devolução do que quer que fosse a que os árabes tivessem direito. Nem mesmo podem alegar, para tal, qualquer ameaça vinda da Europa da época. Os europeus, bárbaros em emergência, ocupados em guerras que definissem os seus novos territórios, decorrentes da derrocada do Império Romano do Ocidente, tinham mais em que pensar do que no Médio Oriente. Os exércitos islâmicos assenhorearam-se, em nome da salvação pela verdadeira religião ou a pretexto dela, do que não era seu. Só não se apoderaram do que, por fim, não lhe permitiram e foi preciso rechaçá-los, numa luta que, no caso ibérico, durou até 1492, isto é, em contas redondas, oito séculos.
Perdidas as veleidades de se tornarem numa outra versão da antiga Roma imperial, unificada, política e administrativamente, pelos princípios do Alcorão, procuraram sufocar a Europa através do impedimento à livre circulação de bens e de ideias existente, desde a Antiguidade, entre o Ocidente e o Oriente, nomeadamente entre a Europa e a Índia, base da fertilidade das civilizações grega e romana e de todas as restantes que se haviam desenvolvido em torno do Mediterrâneo. O seu declínio, comercial e militar, começou, de vez, com a chegada dos portugueses a Calecut e, posteriormente, com o aparecimento e o estabelecimento de holandeses, franceses e ingleses por todo o Oriente.
A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, acentuou-se cada vez mais a decadência de uma civilização em que o saber se tornou prisioneiro das cadeias de uma teologia incomparavelmente mais limitadora do que o Cristianismo alguma vez fora. O desenvolvimento dos conhecimentos técnico-científicos transportou o Ocidente para o plano de uma outra humanidade, enquanto os árabes, excepção feita aos tradicionais tiranetes assassinos com poder de compra que os dominavam, estiolaram entre o cavalo, o camelo e o burro, presos de impérios orientais que se faziam e desfaziam como sempre aconteceu desde há três milénios. Até que, por fim, inevitavelmente, sobretudo a partir do último quartel do século XIX e até ao final da II Guerra Mundial, surgiram os ingleses e os franceses. Era o fracasso final do povo eleito, o povo guiado pela palavra do único Deus, Allah, revelada ao terceiro e, determinadamente, o último dos profetas, Muhammad. O fracasso da tarefa que se propusera a si próprio e em que assentara a sua identidade. Ou reagia, ou estaria condenado para toda Eternidade.
Ao contrário do que é dito no Evangelho, onde a vingança é sinónimo de degradação espiritual, o Alcorão entende-a como legítima sem, no entanto, a definir (o que levanta muitas e interessantes questões). Porém, a vingança, perspecyivada por uma cultura como a árabe, repressiva e agressiva, na qual a dissimulação e hipocrisia são confundidas com uma das quatro virtudes cardeais tradicionais, a Prudência, torna-se no conceito que alimenta, fundamentando-o, um ressentimento venenoso. Esse ressentimento assumirá, assim, para que o povo de Deus não perca a face perante o Criador e alcance o Paraíso, a seguinte forma teológica: os Ocidentais têm por eles as forças do Mal, perdemos esta batalha, mas a força de Allah, que está desde sempre em nós, alcançá-los-á, no final; teremos que o derrotar definitivamente, aos impuros, vencendo-os-os e submetendo-os às leis do Alcorão. A nossa vingança é a vingança de Allah. Utilizaremos os seus conhecimentos contra eles, as forças do Mal virar-se-ão contra ele próprio e assim será destruído.
Este não é, evidentemente, o espírito de todos, senão de uns quantos, que, no entanto, são a parte verdadeiramente activa, como se tem visto. Os restantes oscilam entre um islamismo passivo, mais ou menos consciente de si mesmo, que demonstra esse ressentimento através da resistência “cultural”, encerrando-se, no estrangeiro, em comunidades fechadas e, no seu próprio país, na lei islâmica como fundamento das leis nacionais; e, evidentemente, o islamismo-da-boca-prafora, como plano de defesa de interesses mais ou menos instituídos e confessáveis (no que, aliás, são semelhantes a inúmeros exemplares do mesmo tipo, espalhados pelo planeta, residentes em diferentes religiões e ideologias).
Dizer, pois, como o faz, no seu comentário, um anónimo, que a Jihad constitui o reverso da medalha das Cruzadas, indicia pura ignorância ou cartilha política de conveniência ideológico-partidária, acriticamente papagueada. Porque, atendendo ao que se passou, só a afirmação oposta poderia fazer sentido. As Cruzadas e os Cruzados não foram mais do que a resposta tardia a algo que cujo começo foi da iniciativa e da responsabilidade dos árabes e do “seu” Islão. Dos crimes e das crueldades, ninguém ficaria impune num julgamento imparcial. Trazê-las à baila como argumento revela, da parte dos seus dirigentes, as sinuosidades propagandísticas dos seus planos. Com efeito, se a moral tivesse a ver alguma coisa com os factos que a humanidade produz como história sua, os árabes deveriam, por este motivo, manter-se num silêncio envergonhado, com tanto maior razão para tal quanto a política do punhal fratricida que, desde sempre, inclusive no seu apogeu, grassou entre eles, não desapareceu ou sequer se atenuou.
01 setembro 2010
Deixei de ler o Expresso...
