29 setembro 2010

Notícias dos construtores do Universo


Mesmo há bocadinho, nos telejornais:

Primeiro, Francisco Assis, à saída do Palácio de Belém, afirma que o PS tudo fará para fazer aprovar o OE, enquanto partido maioritário e, portanto, com maiores responsabilidades. Mas, avisa, os outros partidos também têm responsabilidades e, portanto, vejam lá o que fazem.

Ou seja, o Partido Socialista ignorou acintosamente tudo quanto viesse da Oposição durante os quatro anos em que teve maioria absoluta na Assembleia e fez aprovar o que constituiu o maior descalabro económico e social de que há memória desde o 25 de Abril. Conduzindo, em alta velocidade, o país a um estado caótico e deprimente, agravado pela crise internacional com que, já no final do mandato, procurou justificar-se. Agora, num estado de completa histeria e desorientação, os socialistas avisam a Oposição de que tem a obrigação patriótica de apoiar - com novos disparates que colocarão a população e a economia em geral numa situação insustentável - a resolução dos efeitos trágicos da incompetência e da irresponsabilidade com que governaram. E que lhes fique agradecida por a deixar participar em tal missão, que a humanidade futura reconhecerá decisiva e fruto, entre todos bendito, das mentes que guiam o país no meio de um martírio feito de escarros e vitupérios, indiciador da sua missão divina

Numa palavra, responsabilizam quem impediram, frequentemente de modo insultuoso, de ter uma palavra a dizer nas decisões que tomaram, pela anulação das consequências dessas mesmas decisões. Sempre, claro está, à boa maneira socialista: em nome do povo e fazendo recair, "democraticamente", a calamidade dos futuros dislates que anunciam em cima de todos nós, "portuguesas e portugueses". Tudo em nome, como não podia deixar de ser, dos superiores discernimento e sensibilidade social, intrínsecos aos escolhidos para participarem na execução da Grande Obra da arquitectura do Universo e arrabaldes.

Depois, nada melhor para se aquilatar de tais superiores discernimento e sensibilidade dos boys do Arquitecto do que a notícia que veio a seguir. O Ministério da Educação, face à falta generalizada de pessoal nas escolas, propõe-se acudir aos desempregados contratando-os para as funções de pessoal auxiliar, sem determinação prévia do número de dias semanais em que exercerão essas funções, no máximo de quatro horas diárias e com a remuneração de três (!!!!!) euros por hora. Interrogada pelos jornalistas, a senhora ministra considerou o que haveria a esperar da sua parte: que é tudo normal. E, bem entendido, qualquer um serve, já que todos os portugueses, como se sabe, não apenas têm incluído nos genes um radioso programa de formação sobre como proceder com crianças e adolescentes como, já no berço, lhes são dadas xuxas através das quais lhes é proporcionado um outro, absorvível oralmente, sobre como bem agir nessas funções.

Cada vez mais as palavras que jorram de mim me sabem a silêncio.

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