24 maio 2007

Idoneidades...!



No PÚBLICO de domingo faz-se uma chamada de atenção, na contra-capa, para uma peça jornalística inserida na pág. 20. A mesma refere-se àquilo que a referida chamada de atenção já adianta, a saber: à "depredação urbanística que vandalizou as paisagens de Espanha", devido à publicação, dez anos atrás, da "Lei dos Solos que permitia às autarquias converter com toda a facilidade terrenos rústicos em terrenos urbanizáveis". A publicação desta lei gerou uma "crise política alimentada por intermináveis casos de corrupção".

O comentário desde logo possível a esta notícia é o de que os detentores do chamado "poder local", aqueles que estão mais próximos das populações e que elas, em teoria, melhor deveriam poder conhecer e controlar, parecem afinal estar tão impunes a esse controlo como os órgãos nacionais - ou até talvez mais. Se, além disso, compararmos o procedimento desses autarcas com os de outros países - os do Norte da Europa, por exemplo, em que o sentido de responsabilidade e de comprometimento com o real desenvolvimento do país é um facto tão evidente como a economia e as condições de vida que os seus governantes e dirigentes conseguiram gerar ao longo de umas poucas décadas -, então a actuação dos autarcas espanhóis (e, ao lado, a dos seus colegas lusos) é demonstrativa de um comportamento cívico e político alarmantes.

A descentralização admnistrativa é uma medida que, hoje em dia, quer a direita quer a esquerda propõem como suas, face às necessidades inerentes aos novos tempos. A prova é que tendo a lei sido publicada pelo governo do PP, os socialistas não a mantiveram em vigor. Os problemas referir-se-ão sempre, por isso, não à ideologia dos candidatos, mas à sua idoneidade moral.

Mas ainda há mais: a chamada de atenção que envia para a peça informativa encontra-se na rubrica "Sobe e Desce" de diferentes personalidades e instituições e, como seria natural, na coluna com a setinha para baixo. O que é curioso é o PÚBLICO haver inserido nela uma fotografia, não de qualquer autarca ou da sede de uma qualquer respectiva associação proeminente... mas do anterior primeiro-ministro!

Duas perguntas se põem de imediato.

A primeira: se Aznar fez a lei que Zapatero manteve e sobre a qual Juan Carlos nada disse, porque é que é Aznar que está em queda?

A segunda: qual é a idoneidade dos responsáveis pelo PÚBLICO?

NOTA- Já agora: nunca gostei do Aznar por aí além.




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