Poucas horas atrás, num Pingo Doce situado dentro de um pequeno centro comercial da área de Lisboa, depois de ter feito as minhas compras meti-me na fila para uma das caixas, onde fiquei atrás de um casal na casa dos cinquenta, ele numa cadeira de rodas. Dada a pequena dimensão do supermercado, nenhum dos que já se encontravam anteriormente na fila se apercebeu da aproximação dos três, situados ainda no corredor entre as prateleiras.
Conversando entre si, o casal aguardava a sua vez de ser atendido, embora a caixa estivesse destinada a atendimento prioritário de grávidas e deficientes. De súbito, irrompendo por trás de mim, uma senhora dirige-se a ambos, vociferando: “O senhor não precisa de estar aqui à espera! O senhor tem o direito de ser atendido em primeiro lugar! Vá, passe à frente!” E avançou em direcção aos outros clientes, apanhados de surpresa: “Desviem-se! Vá, avance!”.
Tanto ele como ela, igualmente surpreendidos pelo tornado de olhos arremelgados e voz comicieira, só tiveram tempo para dizer: “Não é preciso, obrigado! Não estamos com pressa! Deixem-se estar!”, recusando delicadamente e com um sorriso a passagem ao primeiro lugar da fila. Mas a mulher insistia, voltava atrás e abria caminho, agora em direcção a outra caixa, chamando o casal com acenos para aí serem atendidos em exclusivo, continuando a clamar pelos direitos de que ele deveria usufruir.
Perante a notória falta de disposição de ambos para acatarem a direcção da sua justa iniciativa, já depois de duas funcionárias, alarmadas pelo alarido, os haverem inquirido sobre o assunto, a mulher voltou para junto deles. Foi então que o homem, aproveitando uma pausa na respiração lhe disse: “Minha senhora, eu faço valer os meus direitos excepcionais, quando isso me é necessário, o que, de momento, não é o caso. Por isso, hoje aguardo a minha vez como qualquer dos outros que aqui estão.”
A senhora engasgou-se, tartamudeou qualquer coisa, mas não se deu por vencida e continuou: “Pois… mas deve exigir os seus direitos! Tem que exigir os seus direitos! Tem que exigir os seus direitos”. E afastou-se, a voz a diluir-se pelos corredores, deixando um rasto de comentários, mais ou menos favoráveis.
Esta cena lembrou-me uma outra que presenciei há uns anos, desta vez num hipermercado, também com um casal com as mesmas características. Ele deslocava-se ao lado dela, que empurrava um carrinho a transbordar, tendo passado à frente dos restantes elementos da fila. Quando já se encontravam longe da caixa, uma cliente comentou para uma outra, que a acompanhava: “Na próxima vez que vier às compras, também trago um deficiente…”.
Não é apenas no que respeita aos transgénicos que a tacanhez e a má-fé deste país se manifestam.
Conversando entre si, o casal aguardava a sua vez de ser atendido, embora a caixa estivesse destinada a atendimento prioritário de grávidas e deficientes. De súbito, irrompendo por trás de mim, uma senhora dirige-se a ambos, vociferando: “O senhor não precisa de estar aqui à espera! O senhor tem o direito de ser atendido em primeiro lugar! Vá, passe à frente!” E avançou em direcção aos outros clientes, apanhados de surpresa: “Desviem-se! Vá, avance!”.
Tanto ele como ela, igualmente surpreendidos pelo tornado de olhos arremelgados e voz comicieira, só tiveram tempo para dizer: “Não é preciso, obrigado! Não estamos com pressa! Deixem-se estar!”, recusando delicadamente e com um sorriso a passagem ao primeiro lugar da fila. Mas a mulher insistia, voltava atrás e abria caminho, agora em direcção a outra caixa, chamando o casal com acenos para aí serem atendidos em exclusivo, continuando a clamar pelos direitos de que ele deveria usufruir.
Perante a notória falta de disposição de ambos para acatarem a direcção da sua justa iniciativa, já depois de duas funcionárias, alarmadas pelo alarido, os haverem inquirido sobre o assunto, a mulher voltou para junto deles. Foi então que o homem, aproveitando uma pausa na respiração lhe disse: “Minha senhora, eu faço valer os meus direitos excepcionais, quando isso me é necessário, o que, de momento, não é o caso. Por isso, hoje aguardo a minha vez como qualquer dos outros que aqui estão.”
A senhora engasgou-se, tartamudeou qualquer coisa, mas não se deu por vencida e continuou: “Pois… mas deve exigir os seus direitos! Tem que exigir os seus direitos! Tem que exigir os seus direitos”. E afastou-se, a voz a diluir-se pelos corredores, deixando um rasto de comentários, mais ou menos favoráveis.
Esta cena lembrou-me uma outra que presenciei há uns anos, desta vez num hipermercado, também com um casal com as mesmas características. Ele deslocava-se ao lado dela, que empurrava um carrinho a transbordar, tendo passado à frente dos restantes elementos da fila. Quando já se encontravam longe da caixa, uma cliente comentou para uma outra, que a acompanhava: “Na próxima vez que vier às compras, também trago um deficiente…”.
Não é apenas no que respeita aos transgénicos que a tacanhez e a má-fé deste país se manifestam.
2 comentários:
:-)
Existe um polícia em cada português, disposto não propriamente a aplicar a justiça, mas a castigar os outros, os que estavam na fila...
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