Tenho o televisor ligado. Começa o primeiro programa de Joaquim Furtado sobre a guerra colonial. Os depoimentos dos representantes dos movimentos africanos são todos legendados, alguns deles "tratados" em termos da "correcção do português". Não compreendo. O sotaque deles é menos cerrado do que o de Alberto João Jardim e expressam-se com a mesma estrutura de oralidade que se encontra em qualquer aldeia portuguesa do interior.
Será para os pretos os perceberem?
Ou para os brasileiros?
13 comentários:
O primeiro erro é estares a ver televisão!
Pois, eu sinto muito a falta de legendas quando vou a uma certa aldeia muito no interior eheh... tenho de recorrer à tradução simultânea de uma pessoa conhecida!
Suponho que há uma desculpa esfarrapada: por causa dos surdos.
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Não vi o documentário todo. Deu-me náuseas. Mas as partes que vi bem precisavam de legendas. Era um português muito criolo.
Também reparei nisso. Para não fazer descriminação, entre eles, optaram por legendar todos os pretos... foi a ideia com que fiquei.
Depois voltarei para te comentar.Hoje só quero convidar-te a juntares-te a nós no NOTAS SOLTAS IDEIAS TONTAS (http://notassoltasideiastontas.blogspot.com) no grito contra a pobreza, hoje dia 17/10/07 em que, internacionalmente, se exige a sua erradicação.
Alf, quando estive em S. Miguel tive alguma, mas somente alguma, dificuldade em perceber o português falado naquela mistura de sotaque alentejano de Portalegre com o francês de acento bretão (foi assim que a ilha foi colonizada). Mas já me aconteceu ouvir um natural de uma zona da Beira interior durante um quarto de hora e não perceber uma - repito, uma! - palavra do que ele disse.
Não foi o que aconteceu ontem. O português falado pela maioria daqueles que deram o seu testemunho era mais correctamente estruturado do que aquele que nós ouvimos na maioria na nossa população e o sotaque não tornava o que disseram inacessível, mesmo a quem seja duro de ouvido.
Daí o post.
Um abraço.
Tarzan:
Estava a trabalhar e calhei a ligar o televisor quando o programa ia começar. Vi os primeiros 5 ou 6 minutos, o suficiente para me irritar com o relatei e desligar.
Se calhar, o restante precisaria. Não sei.
antónio:
Pois, se calhar foi isso, mas como disse na resposta ao Tarzan, desliguei quase de seguida. De qualquer modo, acho disparatado: legenda-se o que é necessário, como, aliás, se faz com os depoimentos das pessoas de cá, em situações de sotaque mais afastado do de Lisboa. Olha se fizessem isso com o pessoal do Porto de sotaque mais tripeiro...!
Range-o-Dente:
Ná! Por tudo aquilo que respondi aos comentários anteriores, acho que nem se dignam a supor que precisam de desculpas.
Um abraço.
Silêncio culpado:
Cá fico à espera do comentário.
Logo que possa, farei uma visita ao blog.
Joaquim
Lamento informar, mas a Silêncio culpado deixou a mesmíssima mensagem no meu blogue! Ponto por ponto, vírgula por vírgula.
Suponho que para depois poder afirmar "A blogosfera está de parabéns e o blogue NOTAS SOLTAS, IDEIAS TONTAS, que acolheu com tanto empenho esta iniciativa, está de parabéns. E está de parabéns não pela qualidade que pretendem atribuir ao post de minha autoria, mas porque são uma equipa que sabe acolher e interessar-se pelo exercício de cidadania. Antes de eu postar já o NOTAS tinha ao lado a sua aderência a esta causa."
Eu até me levantaria contra a pobreza... e o racismo, discriminações de vários tipos, direitos dos animais, moda de leggings vermelhos debaixo de calções pretos curtos com cintos enormes (juro que não estou a inventar: já vi disto!)... mas não é assim que se "está de parabéns".
Estas iniciativas (e modo de divulgação) não serão mais auto-promoção que outra coisa? POdem ou não ter boas intenções (não foi essa a dúvida), mas alguém terá algum tipo de ilusões quanto a isto fazer seja o que for?
E não só no teu, mas, como verifiquei seguir, em alguns outros.
Pois...
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