O ministro das Finanças diz que é um homem sério e que, quando avança com determinado valor como a percentagem realista de aumento salarial para a função pública, o faz tendo em conta a situação económica e financeira do país. Não sendo pessoa para negociatas, acrescenta, não propõe valores de base mais baixos para, depois, os alterar como se houvesse reconsiderado e cedido.
Homem íntegro e vertical, este! Mas então que sentido teve sentar-se à mesa de negociações?
4 comentários:
Aparentemente, o ministro pretenderá acabar com os sindicatos na função pública. Se estes não conseguem negociar aumentos salariais, para que servem? São apenas um custo!
O "patrão" dos funcionários públicos é eleito por todos, logo cabe-lhe defender os interesses de todos. O papel dos sindicatos é claro no sector privado mas não tanto no sector público, ou as suas funções não têm de ser as mesmas,
O pior é que este raciocínio pode estender-se a outras figuras. Por exemplo, se o governo faz o que quer, para que serve a AR? Se o governo não tem maioria, não consegue governar e cai; se tem faz o que quer; logo a Assembleia da República é um custo inútil.
(bom, na verdade, esta AR não serve mesmo para nada, é mesmo um custo, por isso é que precisa urgentemente de ser reformulada... mas isso não lhes interessa, pois não?)
Joaquim Simóes:
"Mas então que sentido teve sentar-se à mesa de negociações?"
Demonstrar que tem poder. Aliás aquilo que os sindicatos gostariam de demonstrar.
A questão está em saber quem tem, afinal, mais poder.
Claro que o ministro poderia anunciar 1% e depois 'conceder' o aumento que agora propõe dando uma vitória aos sindicatos.
Igual por igual, que a vitória fique com ele.
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Há ainda uma mensagem cifrada: só haverá aumentos à medida que o 'bicho' for emagrecendo.
Isto cria fricções dentro dos sindicatos. Poucos serão os sindicatos com bolinhas para vir dizer que preferem prejudicar a maioria face à defesa dos direitos de alguns.
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Alf e Range-o-Dente:
Pois claro que o problema é do sistema que temos e da noção de poder que lhe está associado. Claro que estão ali para ver quem manda, ou melhor, quem manda em nós. E as palavras do ministro nem sequer pretendem (conscientemente)ser um sofisma, que ele não tem curso para isso, são apenas o espelho das contradições existentes. Quanto ao que é melhor para nós, se o governo se os sindicatos, já não há (eu já não tenho) paciência para escolher.
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