03 novembro 2009

De um país à Vara larga


(o título que dei a este post é uma frase que ouvi, ontem, a um amigo e que achei adequada ao nome e ao espírito deste blog)

Recebi de Mecago Endioz, que comentou recentemente o meu texto intitulado "Então vá!", a seguinte missiva, que transcrevo de seguida:
Queridos amiguinhos

Com certo espanto da minha parte recebi hoje dum dos meus ou até mesmo do meu afilhado preferido uma carta lancinante, que me deixou perplexo e tristemente angustiado. Como é possível que haja tanta maldade no rude coração dos homens, ou melhor, para dizer melhor, na víscera cardíaca dos ditos, que mais parecem bichos-feras, sem respeito por aqueles que dão à grei, à comunidade e mesmo ao clube dos seus amores o melhor de si próprios?
Até, confesso, as unhas dos pés se me alevantam, mas não vou agora por aí para não me enervar, que me torno um zebú, um bufalão de vigor muscular quando isso acontece, o que não augura nada de bom para quem me caia na mira (bícepes de galfarro…não sei se me entendem…).
Segue, sem quaisquer comentários, a carta, que conquanto curta é sobriamente explicativa. E permitam-me o desabafo: cafolhos me radem, que até quase que me dá a cólera mórbida!


Meu Padrinho
Longe vão os tempos em que o padrinho me passava a mão pelo cocoruto, com essa sua expressão amorável, dizendo concomitantemente: “Armandino, irás longe meu rapazote: o que sinto sob esta minha mão que te afaga os anelados cabelos é um mundo de congeminações positivas!”.
E eu moita. Mais interessado nas brincalhotices com outra gaiatagem, nem lhe respondia. Raspava-me era para ir dar chutos na trapeira, no largo aonde meu pai, Joaquim Vareta, tinha a sua lojeca de saldos.
Foi aí que me afiz à frequentação dos números, meu superavit intelectual nisto de ir vivendo à espera de melhores dias.
Mas se, garoto, eu descartava seus conselhos, querido padrinho, para ir para a reinação, nunca cá por dentro, no melhor lugar do imo, deixei de sentir um badalar harmonioso das suas boas palavras a chocalharem nas paredes do meu querer espiritual.
Fiz-me homem, cresci em concordância, ainda que não muito pois fiquei baixote (o que aliás me foi útil, disfarçava melhor o meu apetite entre bosques de granjolas que andavam, na politica de engate em que eu me especializara, também à cata de minas de pedrarias.
Beneficiei o erário público, o que só a alguns fazia rir ao ouvirem-me. Dei nome à pátria, subindo a pulso (de carga). Escorei gajos pouco firmes na travessia de pântanos e outras brincadeiras do caraças desta nação fermosa.
E não é que ontem, com maldade, uns bófias me arrecadaram e me constituíram arguido, de remolhão com outros da quad…da companhia…no âmbito de uma tal Face Escondida?
Tal está a moenga, padrinho! Até uma pessoa perde a fé nas Escrituras (de andares).
Abraça-o e beija-lhe, castamente, a mão forte e leal o seu afilhado atencioso
Armandino (Vareta)

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