05 junho 2011

Sócrates e a vergonha de um país


Sócrates, mais do que não ter sido reeleito, foi expulso pelo país, nele incluído os militantes socialistas que não recusaram a realidade, votando contra ou abstendo-se. No decorrer dos anos em que utilizou os recursos mais baixos a que um governante pode recorrer - dividir os governados, para maior impunidade da sua incompetência, ignorância e falta de estofo humano -, Portugal, do mesmo modo que com Salazar (émulo subconsciente do seu agir), atrasou-se décadas, até porque o analfabetismo que o Estado promoveu sob a sua batuta será um escolho de enormíssima dimensão. E o Partido Socialista, esse, sai quase moribundo, como acontece, inevitavelmente, a uma organização política que se deixa tomar por aventureiros.
Passos Coelho ganhou, iniciando uma nova forma de ser político em Portugal: dizendo o que julga ser verdade, mesmo que impopular; declarar o que pensa, mesmo que polémico e perigoso para a captação de votos; ser simples e cortês na postura e no modo de falar. Já não é mau. Do que virá a fazer, ver-se-á, como é evidente.
Paulo Portas foi premiado pelo rigor com que dirigiu os trabalhos, no partido e na Assembleia. O país gostou da coerência e da competência demonstradas. Do que fará agora, em mais do que previsível coligação com o PSD, é o que se verá também.
A esquerda perdeu. Hoje, não passa de (mau) folclore. E os portugueses cada vez mais se perguntam sobre quem é que paga as farras.
Acabei de ouvir na tv que parece confirmar-se a demissão de José Sócrates. E a sua demissão, pelo que a gerou e pelo que representa, envergonha o próprio país.
Volto amanhã.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estive para escrever um post. Mas para não dar trabalho ao director, escrevo um comentário, sublinhando que muito do que eu poderia dizer já ele o disse.E de uma maneira exemplar.
Ouvi o discurso de demissão e assumpção da derrota calamitosa de Sócrates. Coroada por frequentes aplausos, o que diz bem do estado, tanto de caracter como de ideologia, a que este partido desceu. Um espectáculo ignominioso de baixeza, de lambe-botiosmo e de falta de vergonha política mas também, é claro e reflectidamente, pessoal desses militantes.
Quanto a Sócrates, mostrou o seu rosto de manipulador, de hipócrita e de falso irmão. Ele, que desprezava claramente os cidadãos que lhe competia governar por bem, e que tripudiava sobre eles com a sua malbaratação e os seus estranhos conluios - que terão de ser convenientemente apurados - veio falar com voz doce e afivelando uma mansuetude e uma grandeza de propósitos que a realidade crua nos diz que nunca teve, que é só cinismo e de mau quilate.
Mas não é só ele que está apodrecido dum ponto de vista político. Também os consabidos áulicos que o rodearam e que ali, na derradeira jaculatória pindérica do líder exibiram os seus perfis de desconchavados governantes ou apoiantes da alta escala,mostraram que este PS é dominado por gente sem grandeza, sem ética humanizada e sem rumo. Desde o aparentemente senil Almeida Santos ao deslustrado Ferro Rodrigues, desde o fantasmal Alegre ao inenarrável Lacão, todos eles fizeram jus a esta coisa simples: vão-se embora quanto antes, desamparem-nos a loja!
Pois nenhum consegiu ter a dignidade de dizer, (de confessar?) esta coisa simples e óbvia: o que os portugueses pricipalmente recusaram e exautoraram não foi a crise, por dura que seja: foi esse indivíduo que agora procura compaixão untuosamente, fazendo-se gentil e colaborativo.
Foi, em suma, tudo aquilo que vós representais - e que é tão desagradável como aquelas imendícies que em certos sítios se nos colam nos fundilhos quando nos sentamos em lixo inoportuno.
Não percebem que a vossa presença política, os vossos sinais, nos são odiosos?
ns