19 dezembro 2010

Da... saúde como uma das Belas-Artes ?


Um texto que me foi enviado por Nicolau Saião:
Em geral não vejo televisão.
Por duas razões: a televisão portuguesa, com pequeníssimas excepções, é um lugar onde campeia a mediocridade - seja nos programas seja nos protagonistas - o que é, consabidamente, não por incapacidade, mas sim por acto deliberado de quem controla esse lugar de desmiolação,como já lhe chamou Irving Dobbs num inspirado artigo, depois crescido em livrinho. E, ainda, porque calhamos de ter, obsessivamente, com frequência em frente dos olhos as figuras desenvergonhadas de mandantes e alquiladores da traquibérnia em que a Nação foi por eles transformada.
Assim sendo, como os detesto - mas muito mais os desprezo - não vou conviver com eles, nem mesmo na pequena janela de vidros tão mal lavados.
Vejo, contudo, poemas por cabo, e não me esquivo a ouvir e ver as notícias veiculadas por emissoras estrangeiras democráticas.
Mas, de vez em quando, se isso se nos aconselha, vejo um que outro programa exalado dos estúdios lusos.
Hoje, por exemplo. Suscitado por um familiar, estive durante algum tempo a ver o Natal dos Hospitais, pegado na RTP 1 e tendo como anfitrião o hoje já menos pernóstico e empafiado Jorge Gabriel, acompanhado por uma senhora cujo nome não fixei.
Lá fui ouvindo, assistindo às performances dos artistas.
E a certa altura, tendo ido num intevalinho fazer chichi, quando voltei quem havia de estar a ser entrevistada, com aquela sua voz de engripada que tão bem lhe fica e até parece fazer parte do "papel do cargo"? Pois a senhora ministra da Saúde.
E eu digo apenas: este governo, com a sua incompetência lavada pela propaganda intensiva, tem prejudicado fortemente os doentes deste país (e nem falo nos sãos...).
Não podia a senhora ministra, ao menos hoje, não ter aparecido - em jeito do que se fazia nos tempos marcelistas - no teatro das operações (operações sem ser de medicina cirúrgica...)?
Mas não, tinha de nos dar o prazer de olharmos o seu simpático rosto. E de ouvirmos a sua melodiosa voz.
Eles nunca perdem uma ocasião de aparecer - aparecer nas televisões que, se muito pouco mostram dos valores e coisas importantes, estão sempre de perna aberta (como diz a expressão popular) para exibirem estas senhoras da saúde...

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