16 dezembro 2010

Dos inimigos da liberdade

Passados todos estes dias após o post em que me propus falar sobre o WikiLeaks, penso que já tudo foi dito sobre o assunto. Das opiniões que foram pedidas pelos órgãos de comunicação e de que eu tive conhecimento, a que mais coincidiu com o que penso pertenceu ao general Loureiro dos Santos. Por isso, em forma de pergunta-resposta, acrescentarei apenas o seguinte:

- O que foi divulgado pelo sr. Assange e seus amigos corresponde a alguma prática desconhecida ou fora do âmbito das actividades diplomáticas mais comezinhas desde o Paleolítico?

Não, só ingénuos, simplórios, papalvos e hipócritas se podem estarrecer com o que até hoje tem sido revelado e o que mais venha a revelar-se. Bastar-lhes-ia, aliás, lembrarem-se das suas relações familiares, amorosas, de vizinhança ou laborais. E de que o mundo é uma grande família, com as consequentes e habituais confusões.

- O mundo ficará melhor depois destas “revelações”? Melhorará o ambiente internacional?

Evidentemente que não, pelo contrário, piorará. Basta pensar o que sucederia se, na nossa própria família (em sentido lato), alguém desatasse a “desbroncar” sobre as faltas, pecadilhos e infâmias de maior ou menor grau que todos nós, por mau feitio ou por força das circunstâncias, cometemos ao longo da vida. O que não se complicaria ou reacenderia, depois de já ultrapassado ou mesmo sanado, à conta das susceptibilidades…! Ninguém gosta de ver as cuecas que julgara ter perdido exibidas em público. Ainda por cima se, por acaso, isso pode dar azo a insinuações verdadeiramente erradas.

- A acção do WikiLeaks contribuiu para uma maior transparência futura da vida pública?

Não, a partir de agora tudo se tornará ainda mais secreto e obscuro, mais fora de qualquer controlo do cidadão. Naturalmente.

- A transparência é um requisito e uma finalidade da democracia?

Não, só dos regimes totalitários e opressivos. A democracia é o regime do bom-senso, quando se não recusa realidade à perenidade das fraquezas humanas e se pretende minorar a sua influência. É de regra ser quem mais age na sombra quem mais exige que tudo venha à luz... para depois, melhor poder continuar a manobrar na sombra. Assim procederam todos os regimes totalitários, com os seus dirigentes incentivando os jovens a denunciar os pais, em nome da clareza e da pureza da vida pública.

- O grupo da WikiLeaks é um conjunto de pessoas bem-intencionadas, embora ingénuas?

- Não me cabe fazer um processo de intenções, limito-me aos factos e às suas consequências. Pela sua prática e definição de objectivos, classifico-o, sem sombra de dúvida, como um grupelho fascista ou cripto-fascista, que deveria ser sujeito a tribunal militar devido aos perigos que trouxe já à Humanidade e que declara tencionar aumentar. Sem esquecer quem esteja a financiá-lo e que, eventualmente, os utilize em seu proveito. Não é curioso (ou será, afinal, significativo) que apenas no Ocidente e nas suas instituições haja terríveis segredos a revelar?

2 comentários:

Anónimo disse...

Liminarmente claro, lúcido e objectivo.Subscrevo inteiramente.
E não é necessário dizer mais nada!

Rodrigo Robustinho

Anónimo disse...

Creio que o autor tem razão e o director do blog fez muito bem em colocar este post.
Devia enviá-lo, como achega democrática, ao conhecido lugar onde escreve e onde saíu o seu artigo sobre o triste Alegre e onde outro meu amigo também publica, para servir de contraponto e esclarecimento ao que tem sido publicado no Blog II dessa página cultural.
Era um serviço prestado a quem se quer livre.
Jorge Gaillard Nogueira