03 setembro 2007

Apreensões


Ouvi há pouco, na RTP1, a notícia de umas quantas medidas tomadas pelo Ministério da Educação para combater o abandono escolar ao nível do Ensino Secundário e, de seguida, a sra. Professora Doutora Maria de Lurdes Rodrigues, correspondente ministra, a justificá-las e a defendê-las das objecções de José Rodrigues dos Santos com os mesmos lugares-comuns de sempre.
Como dizia a aristocrata francesa, de cujo nome me não recordo de momento, é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma. À excepção das medidas destinadas a diminuir as despesas do Estado com a educação, para a memória futura do país, porém, nada mais restará da acção da sra. Ministra e da sua equipa do que o total descalabro do ensino público em Portugal. Porque não mudou, de facto, nada. Pior: a pretexto de os combater, aprofundou, reforçou e ajudou a enraizar ainda mais todos os males de que esse mesmo ensino precisaria livrar-se com a maior urgência, manifestando uma completa desorientação e irreflexão quanto aos critérios a adoptar, traduzidas, frequentemente, na postura autoritarista e em decisões administrativas lamentáveis próprias de quem, por esse motivo, se fica pela atitude defensiva.
Atendendo, contudo, ao que tenho ouvido dos partidos da oposição com representação parlamentar (ainda há minutos Paulo Portas, entrevistado por Mário Crespo, falava das propostas do PP sobre o tema), é assustadora, mesmo sinistra, a superficialidade das perspectivas e o vazio de ideias manifestado pelos seus dirigentes neste campo.
É que, mais do que perante um problema político, estamos perante um problema cultural da sociedade portuguesa no seu conjunto, um problema de séculos e que será, a meu ver, dolorosamente difícil de ultrapassar.

2 comentários:

antonio ganhão disse...

A sério? Não me digas! E eu que pelas notícias que ía vendo na RTP estava convencido de que agora é que finalmente se estavam a tomar as medidas certas... será a mesma RTP?

ablogando disse...

"Os meus olhos são uns olhos
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos, diz flores (...)"

António Gedeão