30 setembro 2007

Reencaminhando


Recebi isto há pouco, por e-mail, sem indicação de autor. Mas subscrevo e reencaminho.

Travar para pensar
Há uns meses optei por ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, dei comigo num comboio que só se diferenciava dos nossos Alfa por ser menos luxuoso e dotado de menos serviços de apoio aos passageiros.
A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas.
Não fora ser crítico do projecto TGV e conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemas únicos dos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos. Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza . A resposta está na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino Superior, nos seus museus e escolas de arte, nas creches e jardins-de-infância em cada esquina, nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade. Percebe-se bem porque não construíram estádios de futebol desnecessários, porque não constroem aeroportos em cima de pântanos nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.
O TGV é um transporte adaptado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo.
É por isso, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, que existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos). É por razões de sensatez que não o encontramos na Noruega, na Suécia, na Holanda e em muitos outros países ricos. Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cercade 7,5 mil milhões de euros não terá qualquer repercussão na economia do País. Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.
Com 7,5 mil milhões de euros pode construir-se mil escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas (a 2,5 milhões de euros cada uma), mais mil creches inexistentes (a 1 milhão de euros cada uma), mais mil centros de dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um). Ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências, como a urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.
CABE ao Governo REFLECTIR.
CABE à Oposição CONTRAPOR.
CABE AOS CIDADÃOS MANIFESTAREM-SE!!!
CABE À TUA CONSCIÊNCIA REENCAMINHAR OU DEIXAR FICAR.

4 comentários:

RioDoiro disse...

Pessoa muito chegada faz frequentemente uma viagem de norte a sul de autocarro.

Refere com frequência que pelo custo do autocarro viaja, pela Europa, similar distância em comboios melhores que os nossos pendulares.

Portugal deve ser o único país do mundo em que o transporte rodoviário de passageiros é (muito) mais barato que o comboio ... o tal que é suposto se de massas (sem $).

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Abobrinha disse...

Joaquim

Bem apanhado! O que me mete sempre impressão (não só nisto como em outras coisas) é: como é que os cidadãos descalçam esta bota? Os cidadãos não têm poder ou não querem saber? Alertar para estas coisas faz alguma coisa?

O caso do aeroporto da OTA (de que não se tem falado, será pela chagada do Mourinho, pelo restante futebol ou os McCann?) é estranho em todos os sentidos: fala-se e faz-se qualquer coisa, mas ficam muitas dúvidas.

As dúvidas são, na fase em que parece um facto consumado pelo governo: que diabo, mas é ou não preciso o aeroporto? Vai morrer alguém se o bendito aeroporto não se constrói? Será aquela a melhor solução? Deve ser, porque o governo diz que o é! Ou será mesmo a corja de interesses que os outros dizem que é?

Com estudos independentes as dúvidas são outras: que interesse escondido têm estes melros? Mas devem ter alguma razão, porque o governo recuou (aparentemente)! Mas porque é que recuou?

E de novo as pessoas (falo por mim, mas pelo que ouço) sentem-se enganadas e descontentes. Não me admito por vezes que não votem. Por não confiarem simplesmente em nenhum! Eu opto frequentemente por votar em branco e tenho vergonha de o dizer!

Recentrando a questão: como é que se impede um elefante branco como o TGV, que suga recursos e não faz nada pelo povo?

Patrícia Grade disse...

Caro Joaquim, esta e outras questões que metem dinheiro ao barulho fazem arrepiar... crianças são tiradas aos pais que não têm dinheiro para as deixar num infantário, porque os do estado são tomados de assalto pelos cidadãos com mais possibilidades de os colocar no sector privado e o sector privado não tem capacidade de resposta para as familias que não têm posses para colocar as crianças nas suas instalações. O ciclo vicioso é-o tanto mais pelo facto de a segurança social fechar dois a três serviços destes por dia (se não for mais) por não terem as condições minimas necessárias para se manterem abertos. Mais ainda se torna grave, quando muitos destes centros para crianças funcionam sem licença durante 10 e mais anos, por falta de resposta dos serviços do Estado.
Posso parar para respirar?
Estes casos são flagrantes!!!!
Podia exclamar isto até à exaustão.
Existem lares para idosos a funcionar ilegalmente com a conivência do Estado... porquê?
Porque o Estado não tem lares suficientes para dar resposta!!!!
Porquê? porque existem coisas muito mais importantes para o desenvolvimento do país a necessitar do investimento.
Como o quê por exemplo?
Ora, então não se vê logo?
Um novo aeroporto, o TGV, mais estádios de futebol onde se façam feiras de caça e pesca porque não há cultura futebolística na região para lá fazer jogos de futebol (como é o caso do Estádio do Algarve!!!!!!!)...
querem mais? Bolas, estes milhões todos não chegam já?????
Dá vontade de virar costas e partir para parte incerta!!!
Mas como tenho um lado paterno muito vincado e inculcado em mim tenho sangue revolucionário, acho que estas vozes devem erguer-se bem alto, mais alto que a blogosfera e rugir, para ver se há uma oposição de jeito neste país, uma oposição que vá para além das queixinhas do costume! Não é com demagogia que salvamos este país, é com uma discussão franca sobre o que está mal e sobre o que se pode fazer para melhorar. Mas onde estão esses políticos que se deixem de demagogias?
Apre! Será que ninguém na classe política leu Platão? será que fazem ideia do que é um debate?
Irra! Já chega de tanto atropelo à democracia!

Rui Brandao disse...

Parece-me um texto demasiado opinativo e pouco argumentativo.
O progresso faz falta, e há que fazer sacrifícios para nos mantermos ao nível dos outros países.
Investimentos como os estádios de futebol sao, sem dúvida alguma, uma perda de recursos.