06 abril 2011

Pequena contribuição para mais uma tourada à portuguesa


A propósito do burburinho levantado pelo novel Conselheiro de Estado, sr. dr. Bagão Félix, a propósito das declarações do também, por inerência de funções, Conselheiro e Primeiro-Ministro, sr. engº José Sócrates, numa entrevista à RTP, e o mais que sobreveio da boca de algumas personalidades desta República acerca do incidente, tenho a dizer o seguinte, na minha qualidade de cidadão e de votante:

- que concordo em absoluto que aquilo que seja dito em Conselho de Estado não deve constituir pretexto para propaganda partidária, peixeirada politiqueira ou chicaneira ideológica;

- que quem, no entanto, pela negativa, não se importou de revelar o que lá se disse nesta última reunião, utilizando-o em proveito político próprio, foi, em primeiro lugar, o sr. Primeiro-Ministro, em resposta pública a uma pergunta que lhe foi feita pelos jornalistas, em vez de a ela se escusar, como lhe competiria;

- que, embora aquilo que terá sido verbalizado, formal e eventualmente, nessa reunião não exprimisse o que o sr. Primeiro-Ministro negou haver sido referido, o implicava, todavia, inequívoca e claramente, na substância - do que ele, fora de dúvida. possui total consciência;

- que, portanto, utilizando um linha de argumentação paralela à sua, não será despropositado afirmar que o sr. Primeiro-Ministro produziu não uma mentira mas uma inverdade, ou, no linguajar do povo que o elegeu, não uma mentira mas uma aldrabice;

- que, sentindo-se implicado por um aldrabão - quiçá, na sua legítima perspectiva, um mentiroso - em algo que terá avaliado como grave para o país e para a sua honra pessoal, o cidadão e novel Conselheiro, dr. Bagão Félix, se arrogou o direito e a obrigação de desmascarar o tratante e a tramóia perante os seus compatriotas;

- que, ficando moralmente desobrigado, pelas mesmas razões, de observar silêncio quanto ao conteúdo da reunião em que participara, devido ao que considerou ser a conduta imprópria de um Conselheiro de Estado por parte sr. engº José Sócrates, o dr. Bagão Félix decidiu desmenti-lo, designando-o pelo adjectivo que, a seu ver, melhor se lhe adequaria;

- que, nestas circunstâncias, enquanto é católico assumido, estará seguro de que lhe será dada, em plena coerência doutrinal por parte de um confessor, não apenas a absolvição como, por acréscimo, um louvor acompanhado de bênção - o que não sei se sucederia em outras confissões, mesmo as mais laicas;

- que, sendo o dr. Bagão Félix, para lá das suas habilitações académicas na área da Economia e das Finanças, conhecido pelos seus enormes conhecimentos de Botânica, sou levado a concluir que os tomates que cultivará na sua estufa particular serão de uma qualidade desagradável a animais que ostentam e guiam bandos com base no primarismo da ferocidade e, por isso, afugentadores das suas investidas;

- que, por fim, goste eu ou não do sr. dr. Bagão Félix, como cidadão e votante lhe agradeço a atitude e lhe envio daqui o meu bem-haja.

Joaquim Simões

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