Leio, com alguma consternação risonha, este pedaço de texto colhido num órgão de informação da minha simpatia de proletário a contragosto:
Numa entrevista dada ao suplemento do Diário de Notícias, o DNA, datada de 16 de Setembro de 2000, dizia então o ministro do Ambiente José Sócrates, quando o questionaram sobre se um dia iria ser primeiro-ministro:
«Não! Primeiro porque não tenho as qualidades e o talento que um primeiro-ministro deve ter. Segundo, porque ser primeiro-ministro é ter uma vida na dependência mais absoluta de tudo, sem ter tempo para mais nada. É uma vida horrível e que eu não desejo. Ministro é o meu limite. Aceitei pagar este preço. Mas nada mais do que isso».
Ocorrem-me de imediato duas reflexões.
A primeira é de que o homem, dado o hábito inveterado da simulação que o exorna, mais do que ser humilde chegou ao ponto de enganar-se a si mesmo.
A segunda é de ordem menos metafísica, retintamente terra a terra, creio que profundamente inquieta. E vem a ser que, em 1931, entrevistado por H.R. Trevor Roper – um dos mais bem informados analistas sobre o período hitleriano - a uma pergunta do publicista Hitler respondeu da maneira que segue:
“Estou na política por um imperativo. Que nunca me agradou. O que eu de facto desejo, assim que a Alemanha estiver bem orientada, é retirar-me desta condição e ir para uma quinta no campo e aí dedicar-me aos meus desenhos, a uma vida caseira e à leitura, pois verdadeiramente eu sou é um artista!”.
Pois…
Um sabemos que percurso teve e como acabou. Do outro também conhecemos o percurso, só não sabemos como irá acabar.
Mas que parecem ser espíritos coincidentes neste particular…lá isso…parece-me inegável.
…E o resto é conversa.
ns
2 comentários:
E o resto é conversa, exacto.Mas conversa têm eles muita, esses sujeitos detestáveis.
Não se deixem intimidar.
Maria José L. Cabral
Maria:
Conversa para tapar ouvidos, melhor dizendo...
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