... que ando para abordar aqui há muito tempo já, chamo a atenção para esta notícia (clicar na imagem, para a ampliar) sobre o 5 de Outubro de 2010 (para quem não saiba, 5 de Outubro é uma data de referência de Portugal tanto para republicanos como para monárquicos, uma vez ter sido em 5 de Outubro de 1143 que Afonso VII, de Leão, reconhece, pelo Tratado de Zamora, a independência, confirmada pelo Papa apenas em 1179), à qual acrescento o texto seguinte, escrito recentemente por D. Duarte de Bragança, com a formatação me foi possível:
Na perspectiva histórica de um País com perto de 900 anos, o penoso
caminhar numa crise comparável à vivida nos tempos da I República
cujo centenário este ano faustosamente se comemorou, permite-nos
retirar diversas conclusões.
Comecemos pela circunstância de a República, fundada pela força que
derrubou um Regime Democrático, nunca, até aos nossos dias, haver
sido legitimada pelo voto popular.
Significativo é, também, o facto de o regime republicano, nas suas
várias expressões, não ter tido capacidade para resolver nenhum dos
problemas de que acusava a Monarquia e o facto de que as Democracias
mais desenvolvidas e estáveis da Europa serem Monarquias.
As nossas três Repúblicas do séc. XX nasceram de três golpes
militares após os quais os governantes se lançaram a reorganizar a
sociedade, com os resultados que agora estão à vista.
Como herdeiro dos reis de Portugal, eu represento um outro princípio,
o princípio da liberdade e não o da coerção. Chegou a hora de a
sociedade livremente dizer que Estado quer. Em vários reinos do Norte
da Europa ouvi destacados políticos afirmarem que "vivemos em
República, mas o nosso Rei é o melhor defensor da nossa República".
Deixo aqui uma mensagem aos monárquicos, aos convictos que, hoje, são
a minoria mas, segundo as sondagens, serão a maioria no futuro que se
aproxima.
Quero lembrar que essas sondagens chegam a referir 20%, 30% ou 40% de
monárquicos, conforme as perguntas são feitas, percentagens tanto mais
valiosas quanto resultam da escolha de pessoas livres e não de
propagandas de partidos ou de movimentos sem transparência.
Quero agradecer-vos a generosidade, o entusiasmo, e a dedicação
quando içam nas ruas a bandeira das Quinas com a Coroa e quero
dizer-vos que continuarei a acompanhá-los, como sucedeu no 5 de
Outubro em Guimarães, o dia da independência nacional.
A situação humilhante em que a Nação se encontra perante nós próprios
e a comunidade internacional obriga-nos a reflectir sobre novos
modelos de desenvolvimento económico e de vida em sociedade,
inspirados no bem comum.
Com efeito, a expectativa inicial do projecto europeu que a
generalidade dos membros abraçou e que se assumiu, na sua origem,
como um projecto de cooperação entre Estados - com os mais ricos a
ajudarem os mais pobres corre o risco de passar, rapidamente,
de miragem a tragédia, com os mais fortes a ditarem regras e a impor
sanções aos mais vulneráveis.
Neste contexto de incerteza e preocupação, são, por isso, cada vez
mais as vozes autorizadas que preconizam a necessidade da reforma do
modelo de desenvolvimento económico global. A reactivação estratégica
de uma agricultura sustentável e ecologicamente equilibrada é
fundamental para enfrentarmos com segurança os desafios actuais, como
há pouco tempo lembrou o Papa Bento XVI.
Precisamos de um novo modelo para conseguir maior felicidade e
bem-estar com menor desperdício de recursos, que deverão ser melhor e
mais justamente partilhados, para que a ninguém falte o essencial.
Havendo tantas necessidades de apoio às populações seria desejável
dinamizar as antigas tradições de voluntariado, recorrendo também aos
serviços dos beneficiários de subsídios do Estado, como condição para
receberem esses subsídios. Receber subsídios sem dar a sua
contribuição para a sociedade equivale a receber esmolas, o que não é
bom.
Portugal não pode cair no desânimo a que nos conduzem os constantes e
confusos acontecimentos políticos nacionais amplamente noticiados.
É fundamental acreditar no Futuro e partilhar Esperança, nunca nos
esquecendo de onde viemos e para onde queremos ir.
Para isso há que cultivar os exemplos de competência, seriedade e
coragem na defesa de ideais, combatendo a falta de autenticidade que,
infelizmente, constitui uma das mais comuns e perversas
características do nosso tempo.
Quem está na Política deve ter como primeiro e último objectivo
SERVIR a Pátria e, em particular, permitir a valorização dos mais
desfavorecidos.
E para esta valorização ser possível, teremos de repensar todo o
nosso sistema educativo, do pré-primário ao superior, adaptando os
cursos às necessidades profissionais actuais e futuras e criando -
com suporte da rede de ensino privado e cooperativo - condições às
famílias com menos recursos para poderem escolher os estabelecimentos
que gostariam que os seus filhos frequentassem, sem que tal venha a
implicar aumento de encargos para o Estado.
Tenho visitado muitas escolas onde me explicam que os programas são
desajustados às realidades actuais e às saídas profissionais, e
particularmente aos jovens com problemas de adaptação. O
Cheque Ensino seria uma solução para estes problemas, permitindo às famílias escolher a oferta escolar mais adaptada às
necessidades dos seus filhos, evitando a discriminação económica
actual e promovendo a qualidade do ensino através de uma saudável
concorrência.
Só desta forma conseguiremos melhorar efectivamente o nível médio
cultural, académico e profissional da população com vista ao
progressivo desenvolvimento e engrandecimento do País e não com fim
exclusivamente estatístico.
Na sua longa História, Portugal foi grande quando se lhe depararam
desafios que envolveram projectos galvanizadores de verdadeira
dimensão nacional. Nessas alturas, os portugueses sempre souberam
responder com criatividade, entusiasmo e coragem.
Hoje, é no Mar e na Lusofonia que a nossa atenção deve ser focada
como áreas de eleição para realizar um projecto de futuro para o País
e para a Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa. Afinal,
são estas duas vertentes que, desde o início da Expansão Marítima
Portuguesa, com períodos de maior ou menor brilho, maior ou menor
envolvimento, têm vindo a constituir o nosso Desígnio.
O prestigiado Jean Ziegler, meu professor em Genebra, ensinava que
existem dois caminhos para desenvolver os povos. O primeiro começava
pela educação profissional, académica e ética da população, que iria
desenvolver o país e conduzi-lo ao enriquecimento. O segundo caminho
consistia em injectar dinheiro estrangeiro na economia. Os
governantes criariam grandes infra-estruturas, enriquecendo-se alguns
deles no processo, e a população compraria bens de consumo importados,
enriquecendo o comércio. Mas no fim, essa nação estaria endividada e a
classe média empobrecida porque as capacidades de produção teriam
diminuído.
Infelizmente é esta a nossa realidade recente.
Deixo para os especialistas apontarem os factores da crise que nos
fustiga, fazerem os diagnósticos acertados, apontarem as vias de
solução. Mas não posso deixar de dizer que é urgente arrepiarmos o
caminho que nos trouxe à gravíssima crise económica e financeira que
atravessamos, como venho denunciando desde há anos.
Foi justamente neste sentido que, este ano, pela segunda vez,
promovi, no âmbito da Comissão D. Carlos 100 Anos, a organização do
Congresso Mares da Lusofonia que permitiu uma
participada reflexão, com representantes de todos os Países da CPLP
presentes, acerca da valia dos mares e das Plataformas Continentais
dos países lusófonos nas vertentes estratégica, de segurança,
jurídica, ambiental, científica, tecnológica e económica.
A intensificação do intercâmbio de conhecimentos da sociedade civil e
o fortalecimento das relações afectivas entre os nossos países
contribuirá decisivamente para a supressão das barreiras que ainda
existem.
Recentemente visitei o Brasil, pátria de minha Mãe, onde, em
Brasília, tive a feliz oportunidade de contactar alguns membros do
seu Governo.
Transmiti os meus sinceros votos de sucesso à recém-eleita Presidente
Dilma Rousseff.
Percebi que lá existe uma grande abertura à ideia de uma futura
Confederação de Estados Lusófonos, que muito beneficiaria todos os
seus membros e cuja adesão não comprometeria as alianças regionais
existentes. O facto do Reino Unido pertencer à Commonwealth não
prejudica a sua participação na União Europeia mas valoriza-a.
Ainda sobre a importância da afectividade que naturalmente se cultiva
na Comunidade Lusófona, virá a propósito salientar a decisão do
Governo de Timor, país a que me ligam relações de profunda
amizade, quando, há semanas, declarou o seu auxílio a Portugal
na compra de parte da nossa dívida pública, num gesto de fraternal
amizade. Do mesmo modo, tenho indicações de que muito nos
beneficiaria negociar com o Brasil um empréstimo para resolver a
crise da dívida pública soberana em melhores condições do que com o
FMI ou a Europa.
Para concluir, gostaria de transmitir a todos os portugueses uma
mensagem de ânimo:
Não vos deixeis abater pela situação de dificuldade económica e crise
moral que actualmente nos invade.
Lembrai-vos de que tivemos momentos bem mais graves na nossa História em
que a perenidade da Instituição Real foi suporte decisivo para a
recuperação conseguida.
A dinastia, baseada na família, oferece o referencial de continuidade
de que Portugal está carente há cem anos.
Viva Portugal!
2 comentários:
concordo. mas o duarte nisso?!
o assessor que lhe escreveu talvez.
ele não me parece ter royalties para isso.
e siga este ambiente de república.
que coisa!
Lolimeio
Anónimo:
Não me parece que ele seja tão incapaz de escrever aquele texto. A sério, penso que se exagera. E as pessoas que conheço e que estiveram em contacto com ele, todas elas, sem excepção, falaram dele como um "bom homem".
Se confiaria nele como sendo capaz de exercer a função de rei, já é outra conversa. Ando, aliás, há mais de um ano para escrever sobre estes assuntos, mas, por uma razão ou por outra, acabo por não ter oportunidade para o fazer. Vamos a ver se o consigo proximamente.
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