26 fevereiro 2011

Resposta a um comentário


mourinho:

O facto de a actual violência contra os cristãos provir, como afirma, sobretudo dos islamistas não invalida, de qualquer forma, que o cristianismo apresente um enorme historial de perseguições contra ele. Repare que o cristianismo é, na sua essência bem como na sua raiz histórica, uma religião contra qualquer forma de totalitarismo estatal - é nisso, aliás, que radica o motivo das perseguições levadas a cabo pelo poder romano contra uma religião que negava a divindade do imperador e afirmava a igualdade entre os seres humanos e entre os sexos perante um único Deus, uma "religião de escravos", como diziam desprezivamente, na medida em que elevava o escravo à condição de pessoa que lhe era negada. Não é por acaso, aliás, que, ao contrário do que sucede a outras religiões, islão incluído, o cristianismo é visto e controlado como uma ameaça por regimes como os da China ou do Vietname.
Repare, além disso, que diferentemente do islão - empenhado, desde o seu início, num projecto político intolerante em relação tudo quanto não seja a verdade do que afirma, tanto pelo texto como pela prática - ou do budismo - que nada visa nem aspira ao nível da realidade terrena -, o cristianismo se afirma com uma visão de direito ao erro e ao perdão, incluindo o desrespeito à lei, patente na história da mulher adúltera, o que coloca o indivíduo acima do colectivo e a lei abaixo da pessoa ("Não é o homem que é feito para a lei, mas a lei que é feita para o homem", di-lo Cristo). Algo que os ditadores e os ideólogos só reconhecem como válido para si próprios. Nesse plano, o cristianismo é o fundamento de uma visão superior da dignidade humana e das actuais sociedades democráticas, uma religião de liberdade. Será por isso que não lhe será difícil encontrar, talvez, alguma outra tão perseguida ou tão utilizada, por deturpação, como escudo pelos diferentes poderes políticos. E é também por isso que adquire todo seu sentido e profundidade a frase de Chesterton: "Os cristãos não são melhores nem piores do que os outros; só são piores porque estão obrigados a serem melhores".
Escrevi isto no intuito de clarificar alguns aspectos ligados ao que diz no seu comentário, já que a montanha de conceitos fast-food em que se encontra atolada uma perspectiva equilibrada dos factos, mais do que meramente prejudicial, é alarmante e tem vindo, desde há muito, a conduzir as sociedades ocidentais a uma miopia mortal. Cristianismo, religião e religiões à parte.
Aproveito já agora para chamar a atenção, embora o tema não tenha directamente a ver com aquele de que aqui falei, para este texto.

1 comentário:

Anónimo disse...

E é verdade o que diz sr.Simões e, eu quero dizer o Cristo, Cristo mesmo era assim, contudo, os que dizem-se cristãos de mando não são,a maior parte das vezes, obedecem aos de Vaticano e pregam, o Bem e fazem o Mal, não será? O jornalista americano tem razão, mas ele que vá a Roma e eu já fui, andam metidos até com os mafiosos, ele que veja por todo o lado. E os muçulmanos são piores, mas os católicos é só hipocrisia e têm tido perseguições mas são os pobres, iludidos, os da alta só têm explorado em toda a História se vê isso. Acho mal perseguirem-nos, mas o bento 16 só fala e deixa os pedófilos fazerem o que fazem, e veja que é Verdade. Acho que todos, mas todos, deviam ser duma maneira séria e dizerem a doutrina mas não a atraiçoarem em actos. Uma coisa é Cristo e a outra é os que têm benefícios do nome dele, em geral.
rui mourinho