A esquerda reagiu num paroxismo histérico.
Sócrates, com a desfaçatez que se lhe reconhece, bradou que estava "chocado", ele que não se choca um milímetro com o estado calamitoso em que deixou este país. LOuçã fez o número habitual, Jerónimo de Sousa bradou, congestionado, que se trata de uma "questão civilizacional", e outras luminárias da mesma área reagiram como beatas escandalizadas quando por elas passa uma rapariga de minissaia.
Porque reage assim a esquerda?
Não é verdade que este assunto pode ser referendado, como qualquer outro? Não é verdade que este, concretamente, até já foi sujeito a referendo por duas vezes?
Há um limite para o número de referendos a que uma questão pode ser submetida?
A verdade é que a esquerda dita "progressista", tem uma visão linear do mundo. Segundo essa visão, todas as medidas que estejam de acordo com os seus valores, constituem um degrau numa escada que conduz à sociedade perfeita. É pois genuína a sua indignação. Esta gente percebe como uma blasfémia um "retrocesso", qualquer medida que não se enquadre na sua visão das coisas.
Este caso do aborto, é um bom exemplo. Para pessoas normais, é um assunto como qualquer outro, sobre o qual as opiniões podem variar. Para a esquerda, é uma "conquista". Uma vez conseguida, por via democrática, uma lei que consagra a sua visão do mundo, a democracia esgota-se e essa lei fica escrita em pedra, imune ao tempo e às opiniões das pessoas. Um dogma.
O caso do aborto seria pois indefinidamente sujeito a referendo até que o resultado fosse o "certo".
E chegado a este "degrau", acabam-se os referendos.
Trata-se de uma visão religiosa do mundo, o que é paradoxal, porque é justamente esta esquerda que tende a manifestar uma grande alergia à religião.
É por isso que a esquerda é tão perigosa e reaccionária quando chega ao poder. Porque entende que as suas ideias são as "boas ideias", não tem paciência para quem as contesta.
É a arrogância própria de quem acha que detém a Verdade e que quem não a aceita, ou é ignorante, ou está ao serviço de forças ocultas.
27 maio 2011
"O aborto, o choque e o progressismo"
Título deste novo texto d'O Lidador, que transcrevo em seguida:
Ontem Passos Coelho respondeu a uma questão sobre o aborto. E o que disse é do mais elementar bom senso, isto é, se os cidadãos lograrem reunir as assinaturas necessárias, o assunto pode ser sujeito a referendo, como qualquer outro assunto numa democracia, salvo as excepções de soberania, que as próprias leis interditam.
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