08 maio 2011

Uma pequena nota


Diz-se aqui o seguinte:

«O ministro das Finanças britânico disse hoje que o Reino Unido está relutante quanto a ajudar financeiramente Portugal.

"Não nos vejo a assinar um cheque directamente do contribuinte britânico para o grego ou o português. A Irlanda foi um caso especial", disse George Osborne, em entrevista à BBC, citada pela Efe.

O político conservador afirmou mesmo que se o Reino Unido participar no resgate a Portugal será "a resmungar" já que nunca se comprometeu com essa ajuda.

Portugal vai receber um empréstimo de 78 mil milhões de euros nos próximos três anos ao abrigo de um acordo de ajuda financeira com o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia, ficando obrigado a aprovar um conjunto de medidas para reduzir os gastos do Estado que abrangem diversos sectores.

Na mesma entrevista, George Osborne mostrou-se preocupado com a situação grega e afirmou que é necessário estar vigilante para perceber como poderá a Grécia "superar o próximo ano", o qual pode exigir a "assistência adicional" dos países da zona euro.

"Os mercados vêem com ceticismo o que está a acontecer e suspeito que vou ter que dedicar muito do meu tempo durante as próximas duas semanas em reuniões com outros ministros das Finanças europeus para ver como podemos ajudar os gregos", disse o responsável pelas Finanças britânicas na entrevista à BBC.

Ainda assim, Osborne afirmou que o seu Governo não quer participar num "segundo resgate" à Grécia.»

Não é bem um ultimatum, como aconteceu 120 anos atrás, o que os ingleses fazem hoje ao seu companheiro da mais velha aliança do mundo. Mas, tal como os republicanos se manifestaram, à época, com a violência que a História portuguesa registou e a República orgulhosamente lembra enquanto passo decisivo para o derrube da Monarquia, por corrupta, esbanjadora e tíbia perante os interesses estrangeiros, não estaria agora, digo eu, na hora de os monárquicos pedirem contas aos figurantes e figurões da "pureza do patriotismo republicano" que, no decorrer de um século (provincianismo de Santa Comba incluído), foram arrastando Portugal até ao estado de aviltamento em que se encontra após 37 anos de uma segunda edição de propaganda?

Ou, melhor ainda, não estará na altura de os portugueses demonstrarem novamente que são um povo e tornarem-se, em definitivo, implacáveis quanto à qualidade da gente que escolhem para pôr à frente da governação e das instituições do seu país? Nos séculos cuja evocação nos afaga o ego, só se chegou a algum lado porque as expedições eram preparadas e as naus comandadas pelo saber e pela competência.

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