… é o título deste novo texto de Nicolau Saião:
Foi sem surpresa de maior que li, a princípio com algum divertimento, determinadas reacções escritas ou faladas, depois transcritas nos nossos mentideros habituais vindas da parte de conspícuos cidadãos, a propósito ou despropósito da prisão em Nova Iorque do notório Strauss-Khan.
De rompante, veio logo a terreiro um conhecido “bombeiro-comentador” (digamos assim com carinho e certo humor), o senhor dr. Mário Soares que, sem ter reparado ainda que de há muito os portugueses lhe deram a entender que dispensavam as “saídas ecológico-morais” em que dá largas ao seu verbo (outros diriam quiçá o seu ego) propiciou no seu estilo melífluo um mimo ao colega ideológico, visando provavelmente ampará-lo no grande tombo.
Manobra louvável, dirão os mais caridosos. E dirão bem. Com o seu espírito de cepa conceptualmente bondosa, apesar de laica, o nosso estimado “bochechas” como ainda alguns lhe chamarão com ternura, fez uma chamada de atenção que nem por ser despropositada, a nosso ver, é menos significativa: nestes casos de trutas a contas com manejos que o estatuto alegadamente lhes confere, há que esperar para ver.
Forma muito humana, isto dizemos nós, de semear habilmente uma dúvida razoável, em que os socialistas, dizem-me, são peritos.
Mas até aqui tudo bem - vogava-se no território sólido do real, ainda que habilmente artilhado…
Mas a seguir veio algo mais cómico, dum ponto de vista do misterioso inefável ou do cinematograficamente empolgante.
Primeiro veio a parafernália de cenários cruzados e multiplicados, em que o notório DSK, aliás bastamente conhecido na douce France pelo seu apego às mulherinhas (e não apenas enquanto amável jogo de conquista conquistada), teria apenas cedido aos avanços feminis e desbragados duma empregada de limpeza (e um homem não é de pau, raios!). Depois apareceram cenários em que o notório cavalheiro teria caído na armadilha montada ora pelo petit Sarkozy ora por colegas cheios de apetite do seu próprio partidão, etc.
Até se finalizar, agora já definitivamente no imaginário metafísico-policiário-conspiracionista, pela “certeza” duma cabala urdida e perpetrada pelo arqui-famoso Grupo Bielderberg, entidade que segundo parece está a pontos de dominar o Mundo, incluindo as Berlengas, e que tem tido, alegam eles, familiares tão poderosos e bem firmados no Trono como GWBush, Santana Lopes, Sócrates, Durão Barroso, Zapatero, etc. Só não explicando como é que uns foram corridos do mando e outros estão em vias de o ser, outros são apenas verbos de encher, mandaretes decorativos como o nosso apreciado Durão, etc.
Ou seja: as cantatas sobre bielderbergs e quejandos – não esquecendo que de facto estas Irmandades irregulares podem ser agregados que os países de Direito devem manter nos justos limites de clubes de raciocínio, digamos desta forma – estão é a servir para uma determinada contra-informação tentar eximir ao eventual justo castigo que lhes caiba, depois de julgamento justo, os trutas que, perdido todo o sentido das proporções, pensam que podem agir como sátrapas ou como manajeiros numa herdade à antiga.
Depois da indignação provocada pelas revelações da Imprensa sobre as características de apropriador compulsivo do DSK, assiste-se à parlenga de que os advogados do excitado Senhor vão passar a pente fino a vida da preta criada de servir, lixando-a até dizer basta e escaqueirando-lhe a figura interior.
Ou seja: vão fazer-lhe o que o DSK não pôde, parece, consumar – fornicá-la até mais não… pelo menos conceptualmente.
E isto, porque está muito noticiado, não é tese conspiracionista, mas crueldade bem real!
2 comentários:
Assim se canta, cara. Palavras lúcidas e de pega-touro repelindo repelentes escritinhos de manducas em estilo zeca no brejo.Bô!
Filinto
Filinto:
Y olé!
Enviar um comentário