Um e-mail de Nicolau Saião:
Caros/ confrades
Como os menos esquecidos, ou de melhor memória, se poderão talvez lembrar, andei durante algum tempo a criticar como é meu direito e, afinal, de todos os cidadãos, o desqualificado e corrompido eticamente Sistema Judicial lusitano.
Escrevi, mesmo, um pequeno ensaio que, "maldosa, subversiva e ardilosamente" (as expressões não são minhas, são de um indivíduo que, qual justiceiro de máscara na cara, tentou calar-me e sentar-me no banco dos réus, com o pretexto de que eu era um anarquista perigoso que visava a dissolução das instituições que gerem as sociedades civilizadas) que, dizia, se expandiu por diversos lugares cá e na estranja, com reacções geralmente de apoio. Intitulei-o, se bem se recordam, "O crime e a sociedade".
Mas durante algum tempo, levado pelo salutar reflexo condicionado despertado por décadas de salazarismo, por fragmentos de marcelismo e pela rebaldaria "democrática" que fizeram abater sobre nós, andei como se costuma dizer com ele apertado, vendo-me já por obra e graça do cinismo de eventuais operadores específicos que me tomariam conta do pelo (no género dos mesmos que têm safo o couro ao grande líder) trancafiado numa enxovia depois de ter comido para tabaco e para iniciar a minha reeducação, como usa dizer-se em vernáculo marxista (estilo Largo do Rato).
"Quem tem cu tem medo", como diz o ditado bem português e eu, apesar das encenações - ainda que menos gravosas do que as usadas televisivamente pelo chefão da banda - a que de vez em quando me dedico (coragem, galhardia, temeridade ante os corruptos do Poder) sou na verdade (aqui deixo a confissão, que é quase um grito de alma!) um medricas, que não posso ver uma lagartixa, uma aranha ou um ministro da maioria sem um arrepio ou, nos casos mais acentuados, um esgar de nojo.
Andei uns tempos à rasquinha, contando os minutos, pensando com os meus botões que estava f...ups! lixado.
O ponto a que um tipo chega quando a depressão o ataca!
Algumas vezes até me arrependi de ter dado a entender que há, segundo as estatísticas de ponta, magistrados corrompidos entre nós. E outros que alegadamente davam sentenças orientadas, muitas vezes para criar bodes expiatórios que poeirassem os olhos da malta ou, mais frequentemente, para safarem a carcaça a este ou àquele...
Estava, como usa dizer-se, mesmo nas lonas!
Assim sendo, já estão a perceber a minha satisfação (relativa!) ao ouvir hoje os noticiários com que iniciei a minha manhã de contribuinte, ups, de cidadão radiouvinte: pois em catadupa, desde a srª Procuradora Maria José Morgado, passando pelo sr. advogado... aquele, o que já foi bastonário... não me ocorre agora o nome, mas é uma pessoa de grande qualidade, até a um representante dos funcionários judiciais e um estudante do CEJ, todos garantiram que, e cito de memória, "Não há já possibilidades de reformar a Justiça em Portugal", "Isto está pior do que dantes", "não nos dão as coisas mais elementares", "é uma vergonha", "as coisas e os tribunais bateram no fundo", etc.
Ou seja: fizeram-me pensar que se calhar até fui muito brando ao concluir, no meu pequeno estudo, que o dito sistema, capturado e cingido por próceres sem vergonha mas ardilosos e bons manobradores, se andou (e continua, e continuarão até que o Povo se levante e os...mas cala-te boca!) a locupletar física e moralmente, sujando cavilosamente o solo da Nação e demonstrando na prática que o seu lugar é num outro lugar que não as cátedras que ocupam para mal do País.
Que isto não pode continuar é um facto. Que, como dizia hoje um causídico em plena rádio, "fazem uma festa de abertura, quais arlequins, bebem um porto e comem um pastel...e tudo continua na mesma". E não pode de facto ser.
Impõe-no o nosso direito, impõe-no o interesse nacional!
Para quando um levantamento geral contra esta tropa fandanga e contra os mandantes que os sustentam num conúbio obsceno e anti-patriótico?
Quando teremos nós, portugueses - descendentes de homens que navegaram pelos sítios ignotos do mundo, que se bateram heroicamente na Flandres e por todo o lado - a honradez de nos levantarmos varonil ou feminilmente e varrermos esta cáfila que nos mancha e nos oprime?
Talvez eu seja ingénuo, mas deixem contudo que eu solte um forte e revoltado ABAIXO A CAMBADA, VIVA PORTUGAL!
O abraqson firme do vosso
n.
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