(Fotografia obtida aqui)
Quem assistiu, pela tv, à visita que Cavaco Silva fez hoje, na parte da manhã do dia da sua segunda tomada de posse, ao navio-escola Sagres, ter-se-á dado conta de um pormenor delicioso. Cavaco dirigiu-se aos dirigentes associativos juvenis, jovens enrascados quer pelas condições económicas, sociais e políticas que o país vive quer pela solenidade da circunstância, num discurso de improviso a que procurou dar um tom de algum empolgamento sem que, todavia, o conseguisse. O presidente-de-todos-os-portugueses, como todos os portugueses sabem, não detém grande queda para a oratória e nem o vigor que imprimiu às suas palavras possuía a intensidade requerida para o efeito nem a atitude e a postura indiciavam dinamismo bastante.
Talvez por essa razão; ou porque os jovens se sentiam demasiado à rasca; ou porque, embaraçados pelo formalismo de uma cerimónia com peso excessivo para os seus conhecimentos de protocolo, se sentiram tolhidos no agir; ou porque, a exemplo dos seus compatriotas de igual nível etário, são cada vez mais virgens de regras elementares de convivência e civismo - o certo é que, logo após o claro término do discurso, eles que, minutos antes, se desfaziam em sorrisos com o de-novo-presidente, se quedaram em absoluto silêncio e total petrificação, enrascando a cerimónia.
Foi então que, decorridos dois segundos de uma quietude que, por ir passando ao terceiro, transportava já o país em sufoco do patamar do drama ao da tragédia, irromperam, vibrantes, os aplausos que Maria Cavaco Silva, numa intrépida aflição, fez soar, arrastando consigo a alma - e, com ela, as mãos - de todos os presentes. Ah! Sempre as mulheres a salvar a Nação!
Sem comentários:
Enviar um comentário