05 março 2011

Recebi o seguinte e-mail...


... de Nicolau Saião:

«Caros/as confrades

Envio-vos este forward em tempo de Carnaval. Digamos que é o esforço máximo que posso fazer, pois em mim estão a secar-se as fontes da esperança (digamo-lo desta forma romântica) e isso, confesso, desperta em mim um desespero que não é pequeno.

Estou a falar-vos com o coração nas mãos.

Em certas alturas, passam-me pela cabeça pensamentos e ideias negras.

E, o que é pior (ou melhor?), suspeito que não estou sozinho. Que não é apenas a mim que isso acontece.

Quer dizer que os criminais políticos, estes verdadeiros esfregões da coisa pública que nos têm mergulhado num pântano, umas vezes com revoltante cinismo outras vezes com a indiferença inconsciente pelo sentir popular, estão a acastelar uma raiva e uma revolta de proporções temo que de grandes proporções.

Só para terem uma ideia: eu - que sou como é consensual pessoa pacífica e que só me descalço e estrafego na escrita (de resto sou o que se chama em vernáculo "um c...a-de-sabão", de há uns tempos a esta parte sinto vontade de...eu sei lá o quê!

Eu sei. Sei que tendes razão ao aconselhar-me calma, pois ainda não chegou a hora de agarrarmos no estadulho para cascarmos a valer nos miseráveis que nos sufocam, nos estomagam, nos exploram com hipocrisia e, ainda por cima, nos dizem fazendo pouco de todos que isto está muitíssimo bem, hiper-controlado e tal...

Como é possível, por exemplo, não nos indignarmos e sentirmos na garganta um travo de nojo quando ouvimos um Jorge Sampio dizer agora, numa reunião no Norte, que e cito "Portugal está metido em apuros graves" - ele que enquanto presidente da coisa pública, com aquele seu ar rabujento (provocador?) nos dizia como se estivesse a dar-nos um par de nalgadas, "deixem-se de lamúrias!" (lembram-se?), quando o povo fazia greves por estar a ficar sufocado?

E como é possível vir um senhor ministro, barbado e apostilhado, dizer que está a haver reformas de vulto quando, tal como noutros casos sujos, desaparecem os documentos do processo de milhões contra um ex-dirigente desportivo que, entretanto, vive na estranja rodeado de luxo?

Não vou pôr mais na carta... ou seja, no mail. Não quero ser redundante.

O circo, este circo menos de palhaços carnavalescos que de verdadeiros bandoleiros primários está de facto a encaminhar-se para a apoteose.

Esperemos (é uma maneira de falar) que ela, como na mitologia dos gauleses, não nos caia em cima da cabeça.

O melhor será cair - cair com muita força - em cima da cabeça DELES.

PScriptum - Permito-me chamar a vossa atenção para dois textos que ali vêm, que só destaco por serem cá da casa: o do Gaspar Garção (sobre Buñuel) e o meu (sobre o Fantástico). E não o faço por saliencia, mas apenas para dizer que, neles, há coisas que explicam outras... A bom entendedor (que neste caso sois todos vós)!

E recebam o abraqson (algo revoltado, confesso) do vosso

n.»

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