23 março 2011

Um texto em cima da hora


Nicolau Saião:

ELISABETH E O DOPING

Vi a foto da Elisabeth Taylor, mortinha de fresca data (morreu hoje), quase ao mesmo tempo em que vi a do treinador Carlos Queiroz, enquadrada pela notícia de que o TAS, ao qual recorrera num arroubo de homem que se sentia injustiçado, lhe dera razão e o absolvera.

Sempre gostei de ver a Liz actuar, sempre gostei do talento de treinador de Carlos Queiroz. E nunca gostei de gente estatal que, com ademanes, vem nos mídias tentar fazer justiça governamental. Digamos assim. E isto porque sei como os tentáculos do Estado podem ser temíveis, por injustos e autoritários.

E também sei como é que se efectuam campanhas para derribar um ser humano, seja ele treinador, seleccionador, actor ou actriz. Tenha bom ou mau feitio.

A Liz, no seu tempo de menina e moça, de jovem estuante de vida, também teve de se bater contra quem tentava dar-lhe cabo da vida: que era temperamental, que se metia nos uísques, que casava muito e gostava de homens viris e papossêcos, enfim – a panóplia clássica dos beatos falsos que usam cilindrar quem não lhe pape a hóstia…à sua medida.

Em certa altura – espanto dos espantos - porque a Liz dissera umas coisas depois de ter entrado num filme sobre o Terceiro Mundo, até a suspeitaram de ser comunista…!

Era o que de pior podiam chamar na altura a uma pessoa que lhes fugisse do redil. Gente canalha, sem imaginação, sem o saberem davam uma publicidade pateta aos apaniguados do Estaline, que não era melhor que eles. Mas como o intuito era difamar…

Mas bem: o que eu quero dizer, finalmente, é que a história da contenda sobre o Carlos Queiroz e a dopagem sempre me cheirou a esturro. Achei-lhe sempre um tom de execução que não me agradava nada.

Não sei se Queiroz é mavioso ou se é de rude trato. Nem me interessa. O que sei é que, num país de Direito, por ser-se – digamos em gíria – um pouco “bota da tropa” isso não autoriza a atirar-se um cidadão para os infernos das punições.

As quais, aliás, deve buscar-se que tenham sempre uma certa elegância. Para não parecerem coisa de mau tratamento.

E ponto.

ns


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