29 outubro 2010

Mas, ainda antes de ir descansar...


... um assunto a que não faltarei logo que regresse (via Escola da Setora):

Mais 5 anos de Cavaco

Por Vasco Pulido Valente, no Público

Numa atmosfera de grande exaltação e triunfo, o dr. Cavaco apresentou a sua segunda candidatura à Presidência da República. Parece que na sala do CCB, a mesma onde ele apresentara a primeira, ninguém deu pelo facto trivial de que ele falhara miseravelmente durante todo o seu mandato. O Cavaco de 2005 não se resignava "a um crescimento medíocre da economia", nem ao aumento do desemprego e da pobreza. O Cavaco de 2005 queria tirar outra vez Portugal da "cauda da Europa" e era esse o seu principal objectivo. O Cavaco de 2005 criticava duramente "a má relação custo-eficácia dos serviços públicos": causa principal da "crise das finanças públicas". Vale a pena comentar? Em 2005, Cavaco prometeu o que não podia prometer e assistiu, inerme, à desgraça dos portugueses.

Voltou agora, como sempre fez desde o princípio, com um extravagante elogio da sua pessoa. A acreditar nele, as virtudes que o ornam não acabam mais: "conhecimento, experiência, rectidão, serenidade, realismo e bom senso". Resistirá o cidadão comum a tão perfeito herói? Não é provável. Sobretudo se engoliu o elogio histórico que humildemente o dr. Cavaco se dispensou a si próprio. "Sei bem", avisou ele, "que a minha magistratura de influência produziu resultados positivos"; mas também sabe - e Sócrates que tome nota - que o governo, por pura maldade, não aproveitou como devia essa caridosa benesse. De qualquer maneira, em que abismo estaria hoje Portugal, sem a intervenção de Cavaco? O homem providencial que alertou, que avisou, que estimulou o compromisso (e a moderação), que apontou radiosos caminhos do futuro e defendeu lá fora o santíssimo interesse nacional? Estaria com certeza muito mal, se já não estivesse como está.

Em 2010, Cavaco, que mandou uma eternidade neste pobre país, resolveu por razões obscuras mudar da "magistratura de influência" para uma nova espécie de magistratura que ele chama "activa". Claro que em nome da sua dignidade e da dignidade do Estado não revelou o que entendia por "activa". Até porque a Constituição lhe atribui um papel essencialmente decorativo e Cavaco, coitado, não é De Gaulle. É só uma pequena parte da farsa política portuguesa. Suponho que vai ganhar em Janeiro e presidir, empertigado, à dissolução do país, com algumas sentenças pelo meio. O facto básico da sua irremediável impotência não lhe deixa outro destino. Nem ele o merece.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pulido Valente, de forma frontal e inteligentíssima, pôs a nu este simpático reizinho de opereta ou "farsa política", para o citar.
Cavaco não é claramente um apropriador de carteiras como outros que alegadamente andam por aí a politicar, não é um patife (é um homem de bem) mas não pode escapar ao destino, como diz PV, de deixar que eles andem por aí à vontade. No Leste isso era abafado. Cá, tem de se engolir o sapalhão e verão se o perfil físico de Cavaco, a pouco e pouco, não começa a estomagar-se com fornadas deles. Até apostava. E como tipo sério que é, não lhe irá agradar mas nada poderá fazer, mesmo querendo. Um simpático zero...à direita esquerdina.
Lupe

Anónimo disse...

Tal como em diversos lugares expressos, também na Net e nos Blogs procuramos ajudar a ver claro.
Cavaco Silva, neste momento presidente e candidato luso, não pertence à Maçonaria Irregular, ao Grupo Bilderberg e à Opus Dei. Mas tem nesses grupos sinistros apoiantes seus. Que quando é preciso actuam. Cavaco é um indivíduo menos duvidoso que Alegre ou Lopes, pois a sua característica de narcisista aconselha-o a não se comprometer para ficar bem colocado, pensa ele, na História.
As suas submissões íntimas aos argentários como Jardim Gonçalves e os da ICAR são no entanto patentes.
Cavaco, que é um incaracterístico, é o mal menor a que esta república de bananas e de nozes para esquilos financistas tem direito. O que é lamentável.

Pel'O Grupo Milénio - Portugal

Júlio de Freitas Carvalho