23 março 2011

Um pequeno Everest

(imagem obtida aqui)

É o título do que, uma vez mais em cima da hora, escreve Nicolau Saião:

Cansaço. Nojo. Um pouco de estupefacção à mistura. No fim de umas horas de contemplação do pequeno écran, foi o que senti na verdade ao chegar finalmente o minuto do homem encarrilhar o seu goodbye.

Uns dirão: como assim? Estupefacção? Mas o cinismo final do homem já se esperava. Foi, como é de uso dizer-se nas boas folhas-de-couve habituais, igual a si próprio. De carinha adoçada por anos de experiência (de velhacaria política?) a lidar com as pequenas e grandes misérias e truques da governança num país de pobre gente manipulada uma, atoleimada outra, impotente na maior parte, resignada ou apática, aqui e ali esbravejando sem grandes consequências práticas, veio até nós com conversa à sua altura…

Assim o ainda primeiro-ministro compôs o seu comunicado ao país, espécie de jaculatória para um fim de linha sem grandeza.

Claramente saiu mais cedo do redondel da assembleia para ir congeminar a sua encenação com os comparsas da contra-informação que lhe dão arrimo e discursata. Numa derradeira manifestação de desprezo e má-educação pelos que se dizem, e são-no formalmente, representantes da Pátria.

Leia-se: enxovalhou, através deles e com este gesto, a mesma Pátria de que se pretendeu encarnação genial e única. Não pode ter sido por acaso.

Lente de más lições, nada parece ter aprendido nestes anos em que reinou incólume, escorado não digo por sicários mas por áulicos - tementes, veneradores e obrigados. Entrou pesporrente e arrogante e assim saiu, pese à maquilhagem discursiva utilizada. O olhar tenso e fuzilante desmentia a face simuladamente calma e as palavras de timbre ronronante.

Deixa o País em maus lençóis. Deixa a Nação em cacos. Deixa-nos a todos, à maioria! – mal-feridos e indignadamente revoltados.

E o pior de tudo, o mais inquietante de tudo – é que com um fenomenal descaramento (irresponsabilidade?) ameaça, promete voltar!

É imperioso impedirmos o seu retorno com um vigoroso manguito!

n.

1 comentário:

Anónimo disse...

Subscrevo. Aí alentejano dum raio!

Lemos