17 março 2011

Uma questão de dignidade


Há pouco, o sr. ministro da presidência, dr. Pedro Silva Pereira, veio dizer aos portugueses que o governo se dispõe a negociar o novo PEC com o PSD e que sempre esteve aberto a tal coisa, privilegiando a estabilidade política em nome dos superiores interesses do país. Dito de outra maneira:
- O governo começa por apresentar à UE um novo conjunto de medidas de excepção com a gravidade que se conhece, sem dar cavaco a ninguém nem ao próprio Cavaco.
- Perante a reacção dos partidos da oposição e da população em geral, o governo passa à fase seguinte: estamos dispostos a considerar as alternativas que nos forem apresentadas, ao menos as do PSD.
A estratégia do sr. engº José Sócrates parece a do jogador de xadrez estúpido que, tendo jogado toda uma partida com base na agressividade e não no discernimento e no bom-senso, vendo-se encurralado, o rei definitivamente em xeque, tenta mais uma jogada que julga ser de mestre. Assim:
- Procura descredibilizar antecipadamente o PSD perante a UE, na medida em que recusa as medidas que esta, do alto dos seus interesses e sapiência, aprovou, minando assim, desde o início, a futura aceitação e relações da "Europa"com um mais do que provável governo de Passos Coelho;
- Procura descredibilizar antecipadamente o PSD perante o país, tornando-o cúmplice nas medidas de austeridade que preconiza, mascarando, deste modo, o elemento decisivo, a saber: que o plano de corte na despesa pública do PSD incide prioritariamente em outros aspectos e que, portanto, medidas que fazem sentido (supondo que o novo PEC o faz) num plano não o fazem noutro;
- Procura descredibilizar antecipadamente o PSD perante o eleitorado, argumentando que se o PSD não colaborou foi porque não quis e não por falta de abertura, apenas no intuito de chegar ao poder.
Ou, ainda de outra maneira:
- Tenta manter-se no poder, sem olhar a meios, à custa da credibilidade de Portugal perante a UE e o resto do mundo - que raio de país é este em que um governo apresenta medidas que, afinal, internamente, ninguém lhe havia dado licença para apresentar? que raio de gente é a deste país, para permitir que tal aconteça? que garantia é que se pode ter de que não dêem constantemente o dito por não dito?;
- Tenta manter-se no poder, sem olhar a meios, à custa da criação de situações de facto que envolvem aqueles que discordam, procurando manietá-los.
Chama-se a isto política? Eça chama-lhe canalhice e, a quem a pratica, a canalha. Não sei, pela minha parte, como lhe chamar. Mas sei que, em próximas eleições, os eleitores terão um grave problema a resolver, associado à possibilidade de votarem no Partido Socialista: o da sua própria dignidade.
(Escrevi isto à pressa. Desculpem qualquer coisinha quanto a eventuais incorrecções.)

2 comentários:

Anónimo disse...

A canalhice não era no tempo do Eça.
Quando muito seria sacanice, ou sacanicezinha.
A bom entendedor.

Manuel Naro

Anónimo disse...

Se apesar destes golpes baixos destes senhores o povo der muitos votos a sócrates, então é porque merece de facto comer trampa.
Por mim estou-me rentando, já me demiti de português e já tenho outra nacionalidade. Mas que mete pena mete.E nojo?

Filipe Pinto